Pomar de familia

Pomar de familia Noemi Eve


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Pomar de familia





Nesta saga, os personagens são movidos por paixões universais, mas há neles a vitalidade das árvores que frutificam em certos pomares de Jerusalém. De 1837 até os dias de hoje, são seis gerações que povoam um mundo ao mesmo tempo mítico e real. Esther, a matriarca, quando recém-casada dividia-se entre o marido e o padeiro, levada irresistivelmente pelo desejo e pelo cheiro do pão. Avra, a ladra, nunca ficava com as coisas que roubava, apenas as mudava de lugar. Miriam costurava tão bem que suas roupas transfiguravam quem as vestisse. Os gêmeos Zohar e Moshe cruzaram os muros da Cidade Velha e se defrontaram com uma tragédia que perseguiria a família por gerações. Eliezer, filho de Zohar, certa vez tentou invocar um golem no jardim do pai. Contagiados pelo talento fulgurante de Nomi Eve, esses quase duzentos anos de história se transfiguram num pequeno milagre literário, capaz de enlaçar o humor a uma sensualidade viva, quase palpável, e de harmonizar a amplitude do épico com as delicadezas da intimidade.

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Estado de Minas / Data: 7/9/2002

Os frutos da terra

Romance de estréia de Nomi Eve, narrado por duas vozes, tece sensível retrato da vida dos judeus na Palestina do século XIX aos nossos dias. Clara Arreguy Uma história bela, com seus momentos tristes e até trágicos, compõe a saga de algumas famílias de judeus na Palestina, de meados do século XIX até os dias atuais, narrada pela escritora norte-americana Nomi Eve , em Pomar de Família, sua estréia em romance. O fundo da narrativa é sempre autobiográfico: a autora e seu pai se alternam para narrar o cotidiano, as dificuldades e amores de vários casais, a maioria, emigrados da Europa Central, desde antes do sionismo. São todos antepassados de Nomi Eve e seu pai, que pesquisaram a vida da família e contam suas aventuras particulares, em meio à história de seu povo naquela terra. A parte que cabe a Nomi Eve, nesse jogo, é romancear as relações e personalidades, de modo a envolver o leitor num mundo de sensações e sentimentos. Já seu pai contextualiza politicamente o enredo, situando a questão da construção nacional de Israel, num processo de conflitos, inicialmente com os ingleses e, posteriormente com os árabes. Os movimentos de luta pela independência, o envolvimento dos jovens do país, os grupos de resistência se alternam com os encontros e desencontros de casais e filhos. O primeiro dos casais tem em Esther e Yochanan protagonistas de uma interessante história de amor: ao chegarem a Jerusalém, ela começa um caso com um padeiro, o que é descoberto logo no início pelo marido. Só que, ao invés de assumir uma ruptura, ele se excita com a situação e sustenta o casamento até a morte da mulher. Outras demonstrações de amor, claro que numa postura idealizada pela narradora, permeiam as relações dos casais. Depois de Esther e Yochanan, vêm Eliezer e Golda, que, considerados irmãos pelo costume de seu povo, enfrentam tudo para viver seu amor. Nasce então Avra, cleptomaníaca que enfeita de poesia o hábito de surrupiar pequenas coisas e se casa com Shimon. Mudam-se para um pomar herdado dos parentes e serão pais dos gêmeos Moshe e Zohar. Durante a guerra, Moshe leva um tiro e morre – a dor é sentida simultaneamente pelo gêmeo, que nunca mais será o mesmo sem sua ‘metade’. Sempre às voltas com a produção de frutas cítricas, Zohar e sua mulher Miriam vão protagonizar a história mais trágica da saga familiar, uma mancha em sua trajetória de figuras de bem. Depois do nascimento dos filhos Eliezer e Tomer, durante a Segunda Guerra Mundial, época do holocausto dos judeus na Europa, ela engravida de novo e tenta fazer um aborto. Não consegue e o filho Gavriel nasce deficiente físico e mental. Após alguns anos, aconselhados por médicos, eles entregam o menino para uma instituição e nunca mais o vêem. Apagam-no das conversas, dos álbuns de fotos e de sua própria existência, condenando-o à morte em vida. Eliezer, o filho de Zohar e Miriam, é o pai da narradora e co-narrador do romance. Emigrado para os Estados Unidos, depois de tentar, pateticamente, entre as árvores do pomar, conjurar um ‘golem’ (espécie de anjo que, simbolicamente, representa sua tentativa de reencontrar o irmão ‘perdido’), conhece Rebecca e com ela tem os filhos Nomi e Boaz. Esta geração nascida nos Estados Unidos mantém contato estreito com os parentes de Israel, visitando-os e conhecendo os segredos da fruticultura. Entre belas imagens literárias, ilustrações e árvores genealógicas, as narrativas de Pomar de Família incluem até glossário e ensino de técnicas de enxerto, consistindo numa leitura agradável e que só deixa como interrogação a presente situação do Oriente Médio, em meio ao conflito entre israelenses e palestinos.

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