Ao eleger Obama em 2008, os Estados Unidos da América pensavam ter deixado para trás o racismo institucionalizado que caracterizara sua história. Hoje, sabe-se que o que ficou para trás foi essa ilusão.
Racismo sem racistas é um livro para quem quer entender como o racismo se perpetua, consciente ou inconscientemente disfarçado em um discurso contestatório do politicamente correto.
Mas também, e principalmente, para aqueles, a grande maioria neste país, que ainda acham que a melhor maneira de combater o racismo é fazendo de conta que ele não existe.
Eduardo Bonilla-Silva, professor de sociologia na Universidade Duke, demonstra, com base em análises de casos e pesquisas de campo, como o discurso e a noção de que a cor da pele não importa (o “racismo da cegueira racial”) vêm sendo instrumentais para a permanência do preconceito. Ele desmascara os argumentos, as frases feitas e as narrativas que os brancos nos EUA usam para justificar a desigualdade racial. Esse não é, no entanto, um problema circunscrito a norte-americanos, como sabemos e como a polícia (daqui como de lá) constantemente nos lembra.
“Democracia racial” por definição, o Brasil tem larga experiência em disfarçar o racismo na sisudez das planilhas dos economistas. Inconveniente como todo bom cientista social, Bonilla-Silva nos faz reconhecer o racismo nosso de cada dia – nos outros, mas também em nós mesmos.
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