Em Recife do século XIX, burguês, patriarcal e escravista, no qual mulheres lânguidas e submissas se escondem atrás de leques nos salões onde leem poemas românticos com cristalizados estereótipos femininos, vamos descobrindo vários planos que enredam o leitor: a história, a escravidão, a hipocrisia burguesa, a modernização afrancesada da urbe e, como não poderia faltar em Iaranda Barbosa, o elemento fantástico que a autora guarda como a grande surpresa nesta narração multifacetada. Um inteligente e elaborado relato histórico do Recife de 1850, onde se ergue a figura de uma jovem, uma nova Salomé, provocadora, com ideias feministas e modernas, capaz de descobrir a loucura e a morte aprisionadas nos versos que servem como metáfora do fim de uma época e início de um novo olhar. Desta vez a personagem não pedirá a cabeça de apenas um homem, mas sim de uma sociedade regida pelos arquétipos femininos do Romantismo decadente.
Ficção / História do Brasil / Literatura Brasileira / Romance