"Singularidades de uma rapariga loura", de 1874, além de uma obra-prima, é o primeiro conto de cunho realista em português.
É uma história de amor. O amor de um jovem honesto e trabalhador, Macário, por uma rapariga loira que "tinha o carácter louro como o cabelo - se é certo que o louro é uma cor fraca e desbotada: falava pouco, sorria sempre com os seus brancos dentinhos, dizia a tudo 'pois sim', era muito simples, quase indiferente, cheia de transigências". É por esta rapariga que é aparentemente dócil e sem vontade própria que Macário se apaixona, a ponto de sair de casa de seu tio Francisco, onde trabalhava como escriturário e ir até Cabo Verde em negócios, só para merecer a mão de Luísa. No entanto, Luísa é, de fato, uma rapariga loura e singular.
Conto cujo discurso já não segue a ordem cronológica dos eventos, apresentando alterações relativamente a essa ordem ao recorrer, quer à analepse quer ao regresso, a um tempo no qual ou o protagonista pressupostamente narra a sua história ou uma testemunha a enuncia.
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