Tordesilhas é uma cidade espanhola conhecida pelo tratado assinado em 1494 não para dividir o que já conheciam, mas o desconhecido. Neste romance é tratado entre pai e filha, um acordo de união para a vida inteira que anda em descompasso, às vezes entre aspas, outras entre parágrafos e pontos finais. É entre Pedro Túlio e Lisa e Lia, respectivamente, filha e esposa. Tordesilhas é literatura, é navegação em alto mar, é amor pela vida. É também pedagogia, é sonho e é uma praça cheia de gatos, pipocas, churrasco, vida e histórias.
O livro apresenta duas linhas temporais: a de uma história de vida vivida e a de uma história de vida a viver. Vida para trás e vida para frente. A primeira é a trajetória de Pedro, Lisa e Lia durante os anos. A segunda é a de os acontecimentos recorrentes do fim da vida de um solitário professor, escritor e sonhador em uma pensão da Baixada Fluminense. É uma narrativa lapidada e compreende a efemeridade das existências.
É claro que é impossível sintetizar uma vida em quase duas centenas de páginas. Faltará sempre um trecho importante, uma passagem que deveria aparecer. Mas o livro é sensível ao dia a dia, aos anos que acumulam, às imagens poéticas da prosa. Não
há nada espalhafatoso e isso é o que mais exagerado esse livro pode ser.
Ficção / Literatura Brasileira / Romance