Criança 44

Criança 44 Tom Rob Smith




Resenhas - Criança 44


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Márcia 30/01/2011

Uma trama de vida ou morte
Sinceramente não tenho palavras para esse livro. O turbilhão de emoções que me assomaram durante a leitura talvez não seja possível de se registrar em uma resenha. Eu teria de escrever páginas e páginas para chegar perto do brilhantismo que “Criança 44” alcança.

A narrativa é fácil e empolgante; o enredo, frenético; os personagens, brilhantes. No entanto o triunfo do livro está na inteligência que o jovem autor mostrou ao entrelaçar a história – a Rússia de Stalin – com a história dos personagens fictícios.

Vemos a opressão causada pelo governo de Stalin na Rússia através dos olhos de um de seus mais valiosos oficias, Liev. O personagem passa, ao longo do livro, por uma avalanche de sensações e descobertas. Tudo o que ele acreditava certo, ou necessário é posto a prova quando o governo para o qual trabalha e o qual tanto defendeu resolve firmar seu punho de ferro sobre sua cabeça.

Na Rússia de Stalin não existe dúvidas, porque elas são um crime punível com tortura e morte. Não há amizade, porque você não iria querer ouvir algo de um amigo e ser forçada a denunciá-lo mais tarde. As pessoas não se ligam nem remotamente umas às outras e já é sofrível ter família, porque você pode ser denunciada por um possível espião apenas por ter lhe sorrido na rua. No entanto, é obrigatório ser casado e aconselhável ter, no mínimo, dois filhos.

Óleo é injetado nas veias de pessoas comuns, como veterinários, para obter uma confissão de distorcida inocência. No prédio da MGB – espécie de força de inteligência da Rússia de Stalin -, se você entra para um interrogatório, jamais sai. E leva consigo para a condenação todas as pessoas cujo nome consegue se lembrar e dizer quando o óleo queima suas veias. Por isso, não conte seu nome para ninguém. Mas também não use um falso, é crime.

Isso é só uma pequena parte do sofrimento imposto aos cidadãos russos em nome do Estado que Stalin tenta firmar. Numa hipocrisia descarada o Estado declara que o país não tem problemas; não há ladrões, assassinos ou psicopatas. Os cidadãos não sofrem mais graças ao sistema obsessivo de punição do Estado. Há apenas os crimes contra o Estado. Quais são? Espionagem e conspiração. Os suspeitos? Todos e qualquer um. Qualquer palavra dita na hora errada, num tom errado, para a pessoa errada, qualquer atitude impulsiva, até mesmo um sorriso simpático pode ser um ato de espionagem. E você morre, sem exceções.

Viu? Já escrevi tanto e ainda não disse nada sobre de que esse livro foi capaz.

Por fim quero dizer que é em meio a toda essa situação de tensão que a população é obrigada a calar-se e viver com medo da própria sombra, literalemente, que o autor consegue firmar um trama assombrosa em sua magnitude. Mechendo com o psicológico dos personagens e alterando suas percepções do Estado ele cria o que foi considerado, merecidamente, a revelação de 2010.

Tudo, desde a apresentação da situação, ao desenrolar do mistério, o prólogo e o epílogo são unidos numa cadeia de acontecimentos frenéticos que agarram o leitor pelo pescoço e apertam até espremerem todas as suas ideias de certo e errado.

Um crime que seria tão facilmente solucionado em território norte-americano, por exemplo, um serial killer que mata crianças de maneira peculiar, encontra caminhos fáceis de existir num pais obtuso e cego pelo próprio poder. Famílias são obrigadas a engolir o luto e se conformar com a morte de seus filhos porque na Rússia não existe assassinato. A criança morreu por negligência da família, não o Estado.

Não consigo imaginar viver num país onde todos são espiões a procura de traição; onde não há qualquer forma de união, onde não existe família, confiança ou liberdade. Não ser livre é a pior forma de tortura.

Acompanhar o crescimento de Liev como homem e pessoa, com a certeza de que não está nas mãos do herói mudar a situação de vida de milhões, mas apenas a sua e a de quem ele ama é angustiante. O que fazer contra um país inteiro? Liev luta pela sua vida e pela da família, mas ele nem imagina que ao final do caminho encontrará muito mais que procura.

Deixo claro que Liev se torna um herói ao longo da trama, quando passa a ser assombrado e internamente cobrado por seus atos. O personagem é filho do sistema opressor do Estado. Voluntariamente cego pelo que tem que acreditar ser o certo, como qualquer dos outros, tranformados em robôs com funções coordenadas. O que o diferencia é sua própria personalidade que vem a tona ao longo dos acontecimentos.

Uma trama de vida ou morte. De perder o fôlego.
Charlie 19/02/2011minha estante
Ah, eu amo esse livro. PERFEITOPERFEITOPERFEITO.




Nema 23/01/2011

Muito bom. Conhecer a realidade da Rússia e ao mesmo tempo ler uma história que nos prende do início ao fim. Nunca tinha lido esse autor e adorei. Recomendo.
Marct 17/07/2011minha estante
Você é do tipo que acredita em tudo que lê né? Como sabe se o autor realmente retrata a realidade da URSS com fidelidade ou é mais um anti-comunista que nem sabe que a Guerra Fria já acabou?


Nema 18/07/2011minha estante
Oi Marct,
Sou uma pessoa que tem o hábito de ler desde de criança, portanto com bagagem sufuciente de livro e autores. Tenho também maturidade e inteligencia suficiente para saber que, quando o autor descreve sobre o local em que a história se passa, retrata sim um pouco da realidade local, pois, não sei se você sabe, mas os autores sempre pesquisam e visitam o local a qual irá escrever, portanto, a realidade retratada no livro que falei, não acho e não falei que seja fiel, com você colocou, mais sim, nos dar uma noção da URSS há tempos atrás , o que nunca foi desconhecido para o mundo. Desculpe se meu comentário lhe passou isso. Grata, Selma




Larissa2518 09/01/2011

Criança 44 foi um livro que sempre me chamou atenção devido a essa capa atraente e misteriosa. O que na maioria das vezes que a fiquei olhando, ela acabou me trazendo um outro livro aos pensamentos, A Menina Que Roubava Livros, que por sinal já li há alguns anos. Ao ler a sinopse me senti mais uma vez fisgada pelo livro, adoro um suspense policial bem articulado e depois de pesquisar em várias resenhas sobre o livro, não pude mais deixar de coloca-lo em minha lista de leitura.

E não me arrependi! Adoro livros em que o autor arrodeia mundos e fundos antes de adentrar no núcleo da trama, faz você ter uma ideia inicial mais aprofundada do carater de cada personagem e isso em um livro investigativo é muito oportuno. Com uma narrativa agradável e misteriosa o Tom R. Smith vai te levando cada vez mais adentro, mesclando suspense com uma descrição cruel do que era a realidade na Rússia em meados da 2ª Guerra Mundial.

Fato que eu adorei, pois a grande maioria de filmes/livros onde as estórias se dão neste mesmo período temos sempre uma temática onde a Alemanha é tida como o foco. E confesso, ler e perceber como era viver naquele ambiente foi penoso e revoltante.

Os personagens foram bem desenvolvidos, de personalidades marcantes cada um se manteve fiel aos seus ideais mesmo oprimidos e massacrados pelo Estado Russo de Stalin. Já sobre os crimes que vamos acompanhando durante a estória, são intrigantes e tornam-se mais surpreendentes ainda, pois na Rússia ainda não existia estudo ou relato de assassinatos em série. Para eles, isso era coisa de mentes doentias que assolavam a população de países ocidentais. É aí que você percebe o tamanho da angustia e desespero de Liev, um fiel agente da MGB.

Durante a leitura eu pensei, analisei, especulei e no final fui surpreendida. Espetacular! Ah, outra coisa que achei super interessante foi que o autor se baseou na história da vida do serial-killer Andrei Chikatilo, um assassino em série russo, apelidado de "Açogueiro de Rostov" e de "O Estripador Vermelho", que confessou o assassinato de 53 mulheres e crianças entre 1978 e 1990.

Para mais resenhas:
Tá Chovendo Letras
http://tachovendoletras.blogspot.com
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pool 03/01/2011

O primeiro livro do ano e que livro. Impossivel de largar, envolvente e surpreendente. O ano comecou muito bem.
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Luiza3302 20/12/2010

"Original e fascinante da primeira à última página"... melhor definição, impossível!
Criança 44 me pendeu desde o PRIMEIRO parágrafo! Não é exagero...
Cenário: União Soviética Stalinista, onde os fins justificam os meios... sempre em favor do regime!
Tudo é contado de forma a fazer você se afeiçoar aos personagens e conseguir acompanhar as transformações de maneira perfeita...
Várias histórias paralelas aos poucos se unem... chegando a um final inesperado!
Incluso imediatamente nos meus “favoritos”.
Excelente leitura!
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Adriano 29/11/2010

Quando eu vi que muitos tinham avaliado este livro com nota máxima, eu fiquei a fim de ler, mas com um pé atrás. Lendo a resenha do livro não fiquei muito empolgado e confesso que as primeiras páginas não me 'pegaram'. Mas lá pelas tantas, tudo se explica e o começo faz totalmente sentido, e a história começa a empolgar.
A maneira como o autor encaixa os capítulos foi muito inteligente, deixando o suspense em alto nível.
A descrição da sociedade russa no pós-guerra é muito realista, o que mostra a pesquisa do autor. Também é legal como o autor enquadra os personagens na mentalidade da época.
Aparentemente, em uma sociedade onde o crime não existe, o autor teria entrado em uma 'sinuca de bico' ao conceber um detetive que tenta desvendar um desvio da sociedade, como o crime. E você sente a angústia do detetive ao acompanhá-lo na luta desesperada pela verdade.
Cabe dizer que a história se baseia em um serial killer real, que assolou a Rússia no século XX.
O final do livro é fenomenal, todos os pontos são explicados. Um grande policial que me surpreendeu.Recomendado.
Márcia 25/12/2010minha estante
E o que foi o encaixe do assassino na história? t.t
Dei pulinhos e fiz um "aaaaa" quando minha fixa caiu. 'o'




18/11/2010

Incrível!
Romance muito fascinante, do começo ao fim, prende a sua atenção e você nunca consegue parar de ler. Dá uma ideia de como era a vida na URSS na época de Stalin. Nas considerações finais o autor mostra o quanto se dedicou para ter e repassar uma ideia clara do que acontecia na época. Recomento fortemente.
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Nica 05/11/2010

Criança 44
Recebi ótimas referencias sobre Criança 44, mas mesmo assim o livro ficou meses na minha estante esperando a sua vez de ser lido, e eu sempre colocando outro na sua frente, até que um dia resolvi tomá-lo para leitura. Foi fascinante, cada capítulo uma emoção!
Criança 44 é o romance de estreia do escritor inglês Tom Rob Smith, o qual constrói sua história radicada na Rússia stalinista, pouco conhecida por muitos de nós do ocidente. O totalitarismo vigente é mostrado com muito realismo e precisão, fazendo-nos crer que o autor deve ter estudado a época e o tema para criar tão minuciosamente a repressão à liberdade de então. Houve momentos que eu tive de reler certos trechos para me certificar se realmente era aquilo mesmo que eu havia entendido: chocante! O primeiro capítulo é tão envolvente que nos faz crer no domínio que o livro terá sobre nós nas páginas seguintes. Depois os capítulos vão se seguindo e o clima de suspense vai se acentuando, nos envolvendo e a continuidade nos garante que muitas surpresas e emoções estão por vir.
O personagem principal é Liev Demidov, um fiel agente da MGB, que embora reconhecesse que seu trabalho costumava ser desagradável, era preciso proteger a Revolução dos inimigos externos e internos, dos que queriam o fracasso do sistema. Na luta por este ideal, Liev era capaz de matar e morrer, e por várias vezes deu prova disso, pois em nome de seu país ele se tornou um assassino como também ariscou a vida. A dedicação deste agente, e todos os que faziam a segurança do país, deveria ser integral, fracassar em algum caso de espionagem era tão grave que daria a justificativa de sabotagem proposital, a lealdade seria questionada se houvesse falha na captura de um suspeito. O lema era: Confie, mas confira. Era preciso desconfiar sempre. Ninguém estava excluído dessa regra, nem mesmo os que a cobravam.
Traído por companheiros que o invejam chegou ao fundo do poço, e somente por vivenciar o outro lado do sistema é que pode descobrir o erro que vinha cometendo durante o período em que serviu ao governo de seu país. A trama confronta Liev em um mundo que parecia organizado e seguro, com a uma realidade que ela jamais imaginou enfrentar. Teria que lutar para provar que era um homem honrado e humano, que mudara, que não era um matador cruel e injusto. E para provar a sua integridade e dedicação no que acreditava, envolveu-se numa investigação de assassinatos de crianças e foi além de seus instintos para desvendá-la Diante de muitas e arriscadas fugas e buscas a realidade se apresenta para cobrar uma nova postura diante de um novo mundo que surgia diante de si.
O que me incomoda, até mesmo hoje, é como eu, consciente dos erros e crueldade de Liev, posso vir a defendê-lo e acreditar que ele seria uma vítima do sistema. Baseado em fatos reais a trama nos apresenta um protagonista assassino e leal, que ultrapassa seus limites transformar-se em herói.
Visite meu blog: http://lereomelhorlazer.blogspot.com/
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Fernanda 23/10/2010

Excelente!
Não vou fazer mais uma descrição do livro, pois já existem resenhas excelentes sobre o mesmo, mas gostaria de deixar minha impressão sobre esta obra impactante.

"Criança 44" transporta o leitor para a União Soviética stalinista, quando toda a engrenagem repressiva do regime já funciona a pleno vapor. O leitor se vê em meio a um mundo em que qualquer ato arbitrário pode ser justificado se for cometido em favor do regime e contra os inimigos do Estado. Desfilam pelas páginas a fome causada pela coletivização forçada da terra, a presunção de culpa de todo e qualquer prisioneiro, a execução sumária dos suspeitos de serem inimigos do Estado e o regime de terror vivido pelo cidadão comum, compelido pelo Estado a delatar amigos e parentes suspeitos de atividade anti-soviética.

A parte inicial do livro traz esta realidade assombrosa de forma crua. A opressão do regime é sufocante e descrita de forma fabulosa pelo autor (em alguns momentos lembra "O processo" de Kafka, em outros "1984" de Orwell).

No entanto, quando a trama dos assassinatos assume o plano principal é que a trama se torna mais emocionante. Os personagens Liev e Raíssa são muitos bem construídos. São ambíguos, cometem erros, amam. É impossível não torcer por eles. E o final é surpreendente!

Excelente leitura. Recomendo.
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Bruno T. 23/10/2010

A arte imitando a vida
Foi com base na história (real) da vida do serial-killer Andrei Chikatilo que Tom Rob Smith criou seu excelente romance de estréia "Criança 44".
Segundo a Wikipedia, " Andrei Romanovich Chikatilo (Андре́й Рома́нович Чикати́ло) (Iablotschnaia, Ucrânia, 16 de outubro de 1936 – Rostov do Don, 14 de fevereiro de 1994) foi um assassino em série russo, apelidado de Açogueiro de Rostov e de 'O Estripador Vermelho', que confessou o assassinato de 53 mulheres e crianças entre 1978 e 1990."
Na verdade, em "Criança 44", apenas algumas características dos homicídios e da personalidade do próprio assassino coincidem, tendo Chikatilo servido apenas como referência ao personagem. As demais particularidades da trama foram criadas pelo autor após profunda pesquisa sobre a Russia stalinista, cujo clima de terror ele consegue retratar com maestria.
Original e muito bem escrito, trata-se de um excelente livro, que, em breve, será adaptado para o cinema por Ridley Scott.

Léia Viana 06/02/2011minha estante
Este livro desenha bem um verdadeiro serial Killer!




Dri Ornellas 15/10/2010

Na contra capa do livro está escrito: "em seu romance de estréia Tom Rob Smith leva o leitor à opressora Rússia de Stalin, marcada pela mão forte do Estado. Quando o corpo de um menino é encontrado sobre os trilhos de uma ferrovia, o agente Liev Demidov se surpreende ao saber que a família do garoto está convencida de que houve um assassinato. Os superiores do oficial lhe dão ordens de ignorar o assunto, e ele é obrigado a obedecer. Mas algo lhe diz que as coisas não são tão simples assim. Agora, ele está determinado a encontrar a verdade por trás do terrível crime". Mas não se enganem: Criança 44 é um livro que traz muito mais do que está escrito nessa simples e pequena sinopse. Não caiam no mesmo erro que eu cometi: demorar tanto tempo para ler esse livro cruel e sensível, parece antagônico e impossível, mas não é.

Criança 44, de Tom Rob Smith conta a história de Liev Demidov, um agente da MGB (qualquer semelhança com a KGB é mera coincidência) nos tempos do pós-guerra e Guerra Fria, onde cada pessoa era um espião em potencial que poderia colocar o Estado em alerta, pronto para fazer sua prisão, existindo ou não provas de sua culpa. O que se falava, o que se olhava, como se falava, como se olhava, como andavam... tudo era observado e qualquer movimento diferente do normal era considerado uma possível traição ao Estado. E uma suspeita era o bastante para uma pessoa ser enviada para campos de trabalhos forçados ou morta. Não havia necessidade de provas, ninguém tinha o benefício da dúvida.

Nesse ambiente, Liev era um agente que acreditava verdadeiramente no Estado. As prisões injustas que efetuava, as torturas, as investigações, nada disso era feito por crueldade, mas sim porque ele acreditava que estava defendendo o Estado, garantindo a permanência do poder que representava sua ideologia. Depois de anos, Liev dispensa o benefício da dúvida para um veterinário acusado de espionagem. Isso resulta na fuga do acusado. Liev começa se sentir ameaçado por seus próprios colegas: não o respeitam mais, não acatam suas ordens e há um dos subordinados que deseja seu posto. Para acabar com essa situação, Liev se empenha ao máximo para capturar o fugitivo. Consegue.

Antes de capturar o acusado, Liev é designado para um trabalho que considera mais baixo e acredita que é um castigo por deixar o acusado fugir. Um menino é encontrado morto na beira da linha de um trem. Os pais acham que ele foi assassinado, Liev é escalado para mostrar aos pais que isso não é verdade, pois a sociedade daquele tempo não poderia ter assassinatos, isso mancharia a imagem do sistema; como aquele Estado que se dizia perfeito possuia pessoas que eram capazer de cometer frios assassinatos? Não, para qualquer efeito, aquele era um Estado perfeito e produzia pessoas perfeitas. O contrário serviria de argumentos para a sociedade Ocidental criticar a União Soviética e seu sistema.

Liev cumpri suas duas missões: captura o fugitivo e cala a família do menino morto. Mas isso é o marco do começo do declínio de sua vida como agente da MGB. Liev começa a se questionar da veracidade do Estado, das consequências de seus atos como agente da MGB. Além disso, descobre que outras crianças foram mortas da mesma forma que o menino de quem precisou calar a família: todos nus, com o estômago aberto, com lascas de árvore e um barbante amarrado no tornolezo. Mas o que levaria uma pessoa a matar por matar? Isso não tinha sentido. Ele matava, mas matava por uma razão, por um motivo, não matava pessoas aleatoriamente. Os assassinatos que ele cometia eram justificados e aceitos pelo Estado. Não se conhecia nenhum caso assim, principalmente de muitas mortes realizadas do mesmo jeito. Mas Liev precisava investigar, achava que aquilo poderia ser obra de uma única pessoa e não poderia deixar o Estado inventar culpados convenientes (um doente mental, um subversivo, um espião - todos suspeitos que eram usados para que o Estado se livrasse do crime) e arquivar o caso. Dessa vez, ele queria a verdade.

Além de fazer uma investigação em segredo, Liev tem que encarar a falta de método da época: como investigar algo que simplesmente não existia oficialmente? Não havia crimes na União Soviética pois isso seria uma prova de ineficácia do comunismo. O Estado preferia mascarar a verdade a tomar alguma providência para acabar com os crimes.

"(...) estava confuso porque os crimes aparentemente não tinham motivo. Não que o assassinato de crianças fosse inimaginável. Mas qual a vantagem? Qual a intenção? Não havia nenhuma necessidade oficial de matar aquelas crianças, nenhuma idéia de servir a um bem maior, nenhum lucro material. Era isso que ele não entendia."

Em nenhum momento, o livro usa a palavra comunismo, mas sabemos qual o Estado do qual tanto se fala. A União Soviética ajudou a ganhar a Segunda Guerra Mundial, mas não era a vítima: sua população sofreu com os inimigos de guerra e depois sofreu com o Estado. Os soldados alemães destruiram muitas aldeias, mas depois, os soldados soviéticos aproveitaram benefícios por serem heróis, como violentar mulheres e destruir famílias. O livro possui um contexto histórico impecável, detalhando minusciosamente o tipo de vida da época, porém é um história contada a partir do ponto de vista interno do personagem principal. Tudo a sua volta passa pelo crivo de suas perspectivas, mas mesmo assim não há a perda de objetividade. Em determinados momentos, a narrativa muda de personagens, deixando o leitor ciente dos sentimentos e percepções de outros personagens importantes à trama.

A relação de Liev com sua esposa é totalmente conflituosa e marcada pelo contexto social em que vivem. Naquela época, não havia como fugir do Estado, absolutamente tudo tinha a ver com política, todos vivam assustados com o que poderia acontecer consigo. E a relação de Liev com Raissa é um produto desse tempo.

Liev era um assassino. Sim, não há outro modo de chamar um agente da MGB. Em nenhum momento do livro é chamado de tal, mas o é. Mas vemos que nada é categórico, inflexível. Liev fazia o que fazia por acreditar que era o certo, quando percebeu que poderia estar enganado, lutou para, dentro daquele Estado sufocante, fazer algo que realmente fosse justo e bom.

"E ao ver o marido de ombros caídos e rosto desanimado, ela conclui que Liev nunca tinha feito nada em que não acreditasse. Era um homem sem nada de cínico ou calculado. (...) Mesmo naquele momento, mesmo depois de tudo o que aconteceu, ele ainda tinha esperança. Ainda queria acreditar em alguma coisa."

Eu simpatizei com o personagem desde o primeiro momento e chego a ficar assustada em como isso é possível. Afinal, de um jeito ou de outro, Liev prejudicou muitas pessoas exercendo sua profissão. Até que ponto isso é justificável? Até que ponto Liev é apenas uma vítima do tempo em que vivia? Definitivamente, eu não tenho essa resposta. Pelo contrário, essas perguntas só me trazem mais dúvidas.

O livro é maravilhoso e se desenrola para um final surpreendente. Apesar do texto ter ficado grande, acreditem, não tem nada das histórias paralelas do livro e não desvenda praticamente nada da história principal. Recomento a leitura para todos. É um livro histórico muito bem ambientado, com uma linguagem acessível sem ser simplória ou descuidada. A narrativa é cheia de ação e a história com muitas reviravoltas e suspense.

Tom Rob Smith é filho de uma sueca e um inglês, nasceu em 1979, em Londres, onde mora até hoje. Criança 44 é seu romance de estréia.

Fatos:
- é baseado na história do Estripador de Rostov, Andrei Chikatilo, o primeiro serial killer da União Soviétiva que matou mais de 52 crianças;
- será adaptado para o cinema por Ridley Scoot;
- faz parte de uma trilogia. O segundo livro foi publicado com o nome de O discurso secreto. De acordo com o autor, O novo mundo poderia ser o título do próximo livro, mas nada está definido.

No blog A menina do fim da rua (http://a-menina-do-fim-da-rua.blogspot.com/2010/10/crianca-44.html)
Evy 15/10/2010minha estante
Nossa!!!
Se superou na resenha Dri! Fiquei até com vergonha da minha superpequenininha... vou pensar em aumentar! rsrsrs
Parabéns!!!
Bjos


Cris Paiva 16/10/2010minha estante
A pergunta que não quer calar: - O que aconteceu com o gato do primeiro paragrafo??? KKkkkk
Amei a resenha! Vc tem talento mesmo menina, eu só faço uns comentariozinhos sobre o livro e olhe lá! Kkkkk


Renata CCS 17/04/2013minha estante
Gostei muito de sua resenha! Fiquei interessada em ler este livro. Vc escreve muito bem!




Cris Flessak 25/09/2010

Fascinante e Original
Aí está um novo autor o qual virei fã. Fã da forma como escreve, da forma dinâmica que desenvolve a história e constroe os personagens...

Realmente faz jus a frase da capa, que diz que é uma história fascinante e original.

Acredito que a idéia do autor foi de no início do livro situar o leitor na situação do país, demonstrando todo o horror vivido naquela época. E com o desenrolar da história, o personagem principal é exposto a diversas situações, tornando a leitura cada vez mais envolvente.

Fiquei feliz em saber que tem uma continuação, espero que seja tão boa quanto este primeiro livro!
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Sandra de Oliveira 12/04/2011minha estante
Já perdi a conta das vezes que fui à Livraria, peguei esse livro nas mãos e acabei não trazendo pra casa! Mas continua na lista! ;)




Isabel 08/09/2010

SENSACIONAL
Não vou fazer mais uma descrição do Criança 44, pois aqui no Skoob já temos ótimas resenhas, enumerando muitíssimo bem os fatos e acontecimentos do livro.

Todavia, não posso deixar de expressar o meu sentimento sobre o livro que considero o melhor que li este ano e que é baseado na história real do primeiro serial killer da antiga URSS.

É impressionante como fiquei envolvida pela história de Liev. Desde a primeira página até a última, fui arrastada para dentro desta história que, em nenhum momento me deu a chance e, para ser sincera, vontade de deixá-la. Interromper a leitura era a maior dificuldade. Como é que eu podia ir dormir e deixar Liev?

Sofri com Liev, amei com Liev e também fui com ele atrás de sua redenção. A medida que Liev abria os olhos, descrevia os abusos da polícia russa (MGB) e se decepcionava com o que ele achava ser a perfeição de governo, eu ficava mais impressionada com sua coragem de deixar todo o conforto, segurança e poder que desfrutada, para ir atrás de sua libertação e de reconquistar, ou melhor, conquistar o amor de sua esposa. Liev não usa de bondade de ideias ou opiniões apreciáveis para mostrar às pessoas a sua mudança e quais são seus objetivos. Se é necessário matar, ele mata. Se é necessário mentir, ele mente. Se é necessário dizer a verdade, mesmo sendo cruel, ele diz.

E Raíssa, como eu a odiei e, mais tarde, como eu a admirei.

Enfim, além se ser um romance sensacional, Criança 44 nos dá uma boa aula de história, narrando fatos, lugares e acontecimentos do governo de Stalin que deixam o leitor completamete estarrecido com o que os homens são capazes de fazer para ter o poder.

Ah! E tem a continuação. O Discurso Secreto é o segundo livro sobre esta maravilhosa história.
Não deixem de ler Criança 44. Eu Recomendo.
Nica 03/10/2010minha estante
Concordo com Leel, realmente muito boa sua resenha.Acabei de lê-lo, adorei


Thiago 13/10/2010minha estante
HUAHUHUA de fato amem


Anna 19/08/2011minha estante
Muito boa mesmo! Voce expressa bem o que sentiu lendo.


Renata CCS 25/10/2013minha estante
Já tive ótimas indicações aqui no Skoob deste livro. Gostei muito de sua resenha.


Robson Ruas 20/05/2016minha estante
Belíssima resenha! Parabéns!




Juliana 02/09/2010

É maravilhosa a forma como o autor desenvolve um suspense cativante dentro de reais circunstâncias históricas, apresentando uma narrativa que prende pelo mistério proporcionado pela trama e pela riqueza de detalhes acerca da Rússia soviética.
O livro traz uma verdadeira reflexão sobre os abusos do governo stalinista e dentro desse contexto situa um thriller também fantástico. Uma ótima opção para quem aprecia ação, suspense e história.
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Nightfolk 01/09/2010

Seria assim tão bom?
Fui motivado a ler este livro pela quantidade de críticas positivas e pelo fato do livro ter sido premiado em 2008 como melhor livro de suspense, a ideia parecia boa, um thriller envolvendo o assassinato de uma criança encontrada morta nos trilhos de um trem ambientado na União Soviética dos anos 50.

A trama é ótima e emocionante, uma história interessante e vibrante, mas a aparência quase forçada de "imagine isto como um filme de ação" parece motivar a segunda metade do livro, o que me fez apagar algumas estrelinhas.

Leitores mais vorazes devorarão o livro em pouco tempo, pois a ânsia em descobrir o que acontecerá nas próximas páginas é sufocante.
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