sagonTHX 17/04/2011PARA LER E GUARDARCriança 44 é um daqueles livros que já deveria ter virado filme, pelo sucesso literário que é; e se virar filme, vai fazer um grande sucesso.
É o típico livro que nos faz pensar; ver a vida não como gostaríamos que ela fosse, mas como ela realmente é. A vida pode ser boa, mas, na grande maioria das vezes, ela apenas reflete aquilo que nós somos por dentro.
A atmofera do livro, densa, fria, intrigante e asfixiante, me fez lembrar de outro hit de sucesso, outro thriller policial e suspense de primeira linha: O Silêncio dos Inocentes, de Thomas Harris.
Em Criança 44, na antiga União Soviética Comunista, viver não era uma dádiva divina, uma benção da natureza, mas um ato de coragem e sobrevivência; de covardia e morte; de descaso e mentiras. Qualquer pensamento, por mais ínfimo que fosse, poderia causar a sua prisão ou a sua morte. Não sei qual dos dois era pior.
Criança 44 é um thriller que fazem a gente perder o fôlego. A narrativa se passa em 1955. O corpo de um menino é encontrado morto na neve entre os trilhos de uma ferrovia. Liev Demidov, um agente de polícia, é chamado pelo amigo, pai da vítima, para elucidar o crime. Porém, no Comunismo de Stalin não há crimes, nunca houve e jamais haverá. Por isso, não houve crime algum, mas sim um acidente na linha de trem. Isso é o que o Estado quer. Mas Liev não pensa assim. Mesmo lutando para não se envolver de forma comprometedora, ele acaba se afundando na investigação até o pescoço, colocando a vida de sua esposa e dos seus pais em risco.
Traições, mentiras, intrigas, inveja, ódio, descaso, medo, terror político, tudo isto e algumas coisas mais você irá encontrar em Criança 44. É uma enciclopédia de tudo aquilo que nós abominamos na natureza humana e que nos faz pensar que a Rússia não produziu nada de bom além da Vódca e, talvez, do Sputinik.
Quando terminar a leitura, certamente, você olhará para o seu mundinho com outros olhos. Verá que, apesar das dificuldades e dos desabores do dia a dia, em algum outro lugar deste planeta, em uma outra época, as coisa já foram piores, muito piores.
Para finalizar, digo que a ambientação da história é perfeita. Ao ler você terá a impressionante convicção de que está olhando para a Moscou stalinista de 1955. Outro ponto forte é a construção das personagens, muito boa. Todos muito bem caracterizados. A forma como falam, como agem, está condizente com a trama e com a época da narrativa. Sensacional!
Literatura recomendada aos amantes de thriller policial de suspense, ou um drama existencialista dígno de Sartre ou Nietzsche.
RECOMENDO!