Helder 23/08/2020Para ler em um folego sóAs Outras Pessoas é o último lançamento da autora C.J. Tudor trazido ao Brasil pela Editora Intrínseca e na minha opinião é um dos melhores thrillers do ano.
Eu só li o primeiro livro da autora (Homem de Giz) e gostei bastante, mas ali era nítida o respeito da autora pela obra de Stephen King, o que pelo que vi em resenhas, repetiu-se em seu segundo livro.
Porém aqui C.J Tudor pega as suas próprias rédeas e cria uma estória original e de tirar o folego do leitor, já que traz capítulos curtos, com 4 narrativas em paralelo e que sempre terminam com ganchos quase obrigando o leitor a seguir a leitura sem parar.
Desta vez ela conta quatro estórias em paralelo.
A estória principal é de Gabe. Um dia, ele está preso num congestionamento voltando para casa. Como sempre está atrasado, portanto está preocupado em falhar novamente com sua esposa e sua filha, quando de repente, num carro cheio de adesivos bregas que está a sua frente, ele vê uma criança. A princípio a criança se parece muito com sua filha, e de repente ela olha para ele e o chama de pai. Ele não entende o que está acontecendo e passa a seguir o carro, mas o motorista acaba se afastando. Sem entender o que aconteceu e com pouca bateria no celular, ele para em um posto e decide ligar para a esposa, porém quem atende a ligação é uma policial, que lhe diz que está em sua casa porque sua mulher e sua filha foram assassinadas.
Três anos depois encontramos Gabe de novo.
Ele virou um viajante. Deixou seu emprego e hoje mora numa van, que segue dirigindo pelas estradas da região sempre com a esperança de reencontrar aquele carro cheio de adesivos, pois ele não acredita que sua filha morreu.
Num dos postos de gasolina onde ele costuma parar conhecemos Katie, uma garçonete que trabalha no turno da noite. Mãe solteira, vive para os filhos pequenos, que passam a noite sempre com sua irmã, que no momento está envolvida com um cara esquisito, o que vem deixando Katie muito preocupada.
Na terceira narrativa conhecemos Fran e sua filha Alice, uma menina que tem medo de espelhos e sofre de algo parecido com narcolepsia, o que lhes traz um grande problema, porque alguém está atrás delas, e elas precisam fugir.
Por fim temos uma mulher que cuida de uma garota que está em um quarto. E é só o que sabemos.
Mas o que liga todas estas pessoas?
Só lendo para você saber!
Mas já lhe digo que o que amarra tudo isso são As Outras Pessoas.
O livro tem um clima soturno, que prende o leitor, já que não sabemos quem são As Outras Pessoas e o que elas podem fazer.
Desta vez C.J.Tudor criou uma estória muito original, que nos faz pensar nas consequências dos nossos atos, e no quanto a raiva ou desejo de vingança pode ser algo destrutivo.
A autora nos traz informações sobre o passado e a vida de todos os personagens, o que faz com que nos importemos com suas ações e torçamos para que as coisas se resolvam.
Também é muito interessante a maneira que a autora vai respondendo nossas perguntas, nos dando pequenas informações e nos deixando loucos para entender o cenário geral.
Como Gabe acredita que sua filha está viva se sabe que ela foi enterrada? Onde Gabe estava no dia do assassinato? Como que aquele homem encontrou o carro em um lugar tão ermo? Por que Katie se assustou com o que viu escrito naquele papel? Quem é a menina no espelho? Quem está perseguindo Fran? Quem é Mirian?
E no final, para prazer do leitor, ela consegue amarrar todas as pontas de sua estória com maestria.
Como em seus outros livros, existe um ponto sobrenatural que não faria falta a estória, mas não a prejudica.
O livro é tão bom que gostaria que o final demorasse um pouco mais, pois estava tão envolvido que me pareceu que as explicações vieram mais rápidas do que o necessário. Eu ainda aguentava ler mais umas 50 páginas.
Mas o problema maior deste livro para mim foi eu não ter tempo de lê-lo sem parar, pois é o típico livro para ser lido de um folego só.
Se é o que você procura, recomendo altamente As Outras Pessoas, que com certeza se tornou uma das melhores leituras do ano para mim até agora.
Quem venham mais livros de C.J. Tudor por ai.