Grazi Comenta 05/01/2017Eu fico cada vez mais louca com essa série''Devemos ter um profundo agradecimento ao professor Hari Seldon por nos haver relevado nossa verdadeira natureza. Inspiremo-nos em seu exemplo para nos determinar a manter vigilância e combater as forças mais cruas de nossa natureza humana.''
Como li na sequência errada (Prelúdio e depois Limites e Fundação e Terra) acabou que a continuação de Prelúdio foi meu último livro da Fundação. E eu o li com muito carinho. Me forcei a ler poucos capítulos por dia para não acabar cedo demais, mas ontem e hoje não deu. Devorei as 280 páginas restantes o mais rápido que pude.
Bom, Origens começa oito anos depois dos eventos de Prelúdio e já podemos ver Seldon com os males da idade. O livro mostra definitivamente como se deu a criação da Psico-História e o estabelecimento das duas Fundações. Ele é – como sempre – dividido em quatro partes + epílogo que tem saltos no tempo entre uma trama e outra. Cada história tem início e fim e uma importância para o desenvolvimento da ciência de Seldon. Nos três primeiro contos (Denominados Eto Demerzel, Cleon I e Dors Venabili) eu sofri. Me senti meio que lendo Harry Potter de novo. Vou explicar porquê: meio que Seldon vai ficando desprotegido e tendo que se virar sozinho para manter os estudos funcionando. Mas não sofri tanto quanto no último conto, denominado Wanda Seldon, que mexeu com todas as minhas bases de todas as maneiras possíveis. Maldade, Asimov.
Resumo resumidíssimo dos contos
Eto Demerzel
Hari e Demerzel precisam lidar com uma das maiores ameaças até agora: a revolução joranumita. Atado aos limites de seu cargo, Demerzel pouco pode fazer para contornar as coisas e Seldon vê-se tendo que lidar com sua primeira crise do declinio do Império e sem poder contar com a ajuda da psico-história. Para isso, ele vai precisar da ajuda de seu filho adotado em Prelúdio – Raych.
Cleon I
Agora como primeiro-ministro imperial e mesmo tendo destruído Jo-jo, Seldon torna-se alvo da ira dos políticos passados para trás. Dors então entra em cena e sua presença e força incomum tornam-se conhecidas e isso é algo que pode ter consequências futuras.
Seldon continua desconfiado do grupo joranumita e percebe os padrões em certas falhas no sistema de Trantor. Então, decide investigar novamente com Raych, sem saber da armadilha que estava sendo construída para ele.
Dors Venabili
A psico-história agora está se desenvolvendo rapidamente e Yugo Amaryl e Seldon começam a ficar mais esperançosos, usando novos dispositivos que ajudam o estudo a seguir mais rapidamente. Por outro lado, partindo de um sonho de sua neta, Wanda, Dors passa a desconfiar que um complô está sendo armado para o assassinato de Seldon.
Wanda Seldon
Agora já perto dos 70 anos, sem o apoio necessário para continuar seu projeto devido à decadência do império e o luto por suas perdas, Seldon acaba ficando desanimado com a psico-história, pensando até mesmo que ela nunca seria desenvolvida e a Fundação jamais seria implantada. Então, uma coisa acontecida entre sua neta e Yugo Amaryl lança a ele a luz que precisava para pensar na existência do tipo que seria a Segunda Fundação.
Origens foi um livro muito sofrido. Não só por ser minha última história da Fundação (que é minha segunda saga favorita), mas por conter acontecimentos para os quais eu não estava preparada. As perdas do Seldon foram minhas também. Eu não tava pronta pros feelings. SÃO MUITOS FEELINGS. E cada conto tinha alguma coisa que eu conseguia relacionar com o mundo real atual e isso meio que me deixou naquela sensação de mindblow. Já li algumas críticas sobre as histórias do Asimov que diziam que ele perdia credibilidade por não ser atemporal. Na boa, quem escreveu isso é louco ou não sabe ler. A cronologia apesar de ter as datas bem erradas (coisa que acontece com Ray Bradbury também e não vejo ninguém falando besteira), faz perfeito sentido juntando toda a sua obra (o fim da eternidade, a série dos robôs e a série do império galáctico se complementam e uma leva à outra) e se você analisar direito as coisas que ele comenta e julga ainda acontece e de forma pior. Bom, para quem não sabe a queda do império galáctico foi baseada na história de Roma. O cara sabia o que tava fazendo.
''– Mas depois de todo esse tempo você fracassou, pai. Não é crime nenhum fracassar. Você tentou arduamente e foi muito longe, mas acabou dando de cara com uma economia em desintegração e um Império em decadência. É precisamente tudo que vocÊ veio predizendo ao longo de muitos anos que está impedindo a continuidade de seu trabalho. Portanto…
– Não. Eu não vou parar. De um jeito ou de outro, vou seguir em frente.''
Enfim… Origens me surpreendeu de formas boas e ruins ao mesmo tempo (diferentemente de Fundação e Terra que só me deu alegrias), não por falta de qualidade na história, mas pela realidade crua dela. Eu tô numa ressaca literária fortíssima e sem vontade de ler por um tempo D: estou em estado de recuperação.
E sabe uma coisa legal? Como bem sabemos a psico-história é desenvolvida e as Fundações são estabelecidas, mas mesmo com todas as tramas e diálogos a mecânica disso permanece uma incógnita. Ele explicou e não explicou como isso aconteceu. Adorei.
Sobre a edição: a arte da capa, a meu ver, não combina muito com a história, a revisão teve bem poucos erros e tem o simbolozinho da Fundação (sol e foguete) demarcando os ”capítulos”. Fonte e tamanho ótimos. Páginas amareladas ficam no meu coração.
Finalizando… mais uma livro maravincrível do mestre da ficção científica que me deixou cheia de sentimentos e de queixo caído com a inteligência e humilde de um ser humano. Ressuscite pra eu te abraçar, Asimov!
''É evidente que Seldon queria ser uma incógnita, exceto quando o assunto era psico-história. É como se ele acreditasse – ou quisesse que os outros acreditassem – que era apenas um psico-historiador e nada mais.
– Enciclopédia Galáctica.''
site:
https://cantaremverso.com/2015/09/20/resenha-dupla-preludio-a-fundacao-e-origens-da-fundacao-isaac-asimov/