Luciana Mara 20/02/2011Tem algumas pessoas que podem fazer da sua vida um livro e Elizabeth é uma delas.
Liz é uma escritora bem sucedida, independente financeiramente, casada, dona de uma big casa, mas decididamente infeliz.
Seu casamento estava desmoronando. Ela passava as noites em claro chorando no banheiro, e a conclusão que chegou foi de que ela não queria estar casada, mas também não sabia o que fazer. Então, em uma destas noites de tormenta, ela começou a rezar e ouviu uma voz dentro dela mandando-a voltar para cama, e que esta voz a amava. Era tudo o que ela precisava.
Em seguida, ela decidiu se divorciar. Mas o que era para ser um período de libertação, acabou sendo mais um período de sofrimento, pois seu marido não queria assinar os papéis. O processo durou anos, e neste tempo, Liz conheceu David.
Mas ela acabou se dedicando demais ao relacionamento que vivia em altos e baixos. Eles ficavam juntos, ela ficava dependente, eles terminavam, ela sofria e quando se fortalecia, ele a procurava novamente, fazendo da relação um círculo vicioso.
Então, ela decidiu dedicar um tempo a si mesma e sua recuperação. Vendeu antecipadamente os direitos do livro que escreveria e decidiu viajar por um ano (que vida difícil, ai, ai...).
Primeira parada, Itália. Liz amava a língua do país e resolveu passar 4 meses para aprendê-la. Ela entrou em um curso de italiano, mas acabou aprendendo mais com os amigos que fez no país. E na Itália ela aproveitou para comer. Ela saiu em busca dos melhores pratos, em busca apenas do prazer. Mas prazer apenas alimentício, porque ela decidiu não se envolver com ninguém nesta viagem (e deixou os italianos lá!!! Doida varrida).
Então, depois de muito se entupir de pizza, segunda parada: Índia. Ela que ia ficar em um ashram (comunidade que promove a evolução espiritual) por apenas algumas semanas e depois visitar outras partes do país, resolveu passar os 4 meses lá. Ela trabalhou, faz amigos e meditou muito (acordava 3 horas da manhã para meditar, socorro!!!). Aqui, ela se purificou.
E finalmente, a Indonésia, onde ela foi atrás do xamã que conheceu em sua primeira viagem a Bali dois anos antes. O xamã prometeu ensiná-la outras técnicas de meditação em troca de treinarem o inglês dele.
Em Bali, ela também conheceu Wayan, uma xamã divorciada que criava uma filha e duas garotas com o pouco que recebia. Liz e Wayan se tornaram amigas, e Wayan prometeu que encontraria um namorado para Liz.
E juro, que as coisas se encaixaram tão bem que às vezes, apenas às vezes, desconfiei de que tudo aquilo aconteceu de verdade. Leia e tire suas próprias conclusões.
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Antes mesmo de iniciar o livro, eu já preparava umas três pedras na mão para detonar cada uma das três partes da história.
Eu já havia lido no Skoob resenhas de pessoas que não gostaram, que a acharam parada demais e que a parte do 'Rezar' era um porre. Eu não achei nada disso simplesmente porque a história é REAL. Esta é a história de alguém que reconheceu que tinha problemas e fez o que precisava para se recuperar e evoluir. E a vida da Liz é mais agitada do que a de muita gente. Se eu fosse escrever uma história da minha vida provavelmente ela se chamaria 'Ler, Comprar, Navegar' e isto sim seria um porre.
Este foi um livro que me fez sentir. Eu quis viajar, comer pizza (juro que quando ela descreveu a sensação de comer a melhor pizza da vida dela, minha boca salivou), conhecer Roma, fazer amigos, meditar (mas não três da manhã), viajar sem rumo e sem planejamento, ajudar alguém e passar o dia em uma ilha.
A história é suave e serena, se é que estes podem ser adjetivos de um livro. Há várias descrições das cidades e um pouco de sua história, seus rituais e crenças, então é preciso estar preparado e aguentar uma enxurrada de informação. Mas longe disso ser ruim, eu acho que por serem culturas pouco conhecidas pela maioria das pessoas (exceto sobre a Itália que todo mundo sabe um pouquinho) estas informações eram necessárias. Talvez isto faça com que a narrativa seja lenta e muita gente meta o p@#.
E devo dar um destaque aos amigos que a Liz tinha e nos que fez pela sua andança no mundo. Ela teve o dom de conhecer pessoas leais, legais, simpáticas e engraçadas que acrescentaram e muito na história.
Com certeza, é um livro que se o crescimento exponencial da minha fila permitir, eu lerei de novo. Ainda tenho muita coisa a absorver dali.
Mais em: http://toclivros.blogspot.com/2011/02/47-comer-rezar-amar-elizabeth-gilbert.html