Rinha de galos

Rinha de galos María Fernanda Ampuero




Resenhas - Rinha de Galos


76 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Valéria Cristina 01/12/2022

Meu Deus!
Para mim foi difícil terminar essa leitura. A escrita é brutal, muitas vezes escatológica, e repleta de gatilhos. Houve horas em que a pausei para poder digerir a escrita. Sim, esse livro exige digestão. E essa não é fácil. Demora um bocadinho para o efeito dela se desfazer.

Todas as situações explicitadas nas narrativas exploram os limites humanos, os limites instintivos, os limites fisiológicos, os limites viciosos e emocionais. Cada conto aborda um tipo de violação e expõe vítimas e consequências de forma crua, direta, literal. Ainda, dá visibilidade aos invisíveis, àqueles os quais vemos, mas não enxergamos.

A maioria das narrações retrata a violência contra a mulher, violência explorada no máximo de sua capacidade destrutiva. Tenho a impressão de que, com esse estilo, a autora pretendeu mesmo provocar, chocar e despertar-nos para a ocorrência de abusos, crimes sexuais, exploração, incesto, subjugação. Situações estas, muitas vezes (mas nem sempre) revestidas por uma capa de normalidade e presenciada por diversos atores absolutamente inertes.

Penso, ainda, que não se trata de retratar apenas a sociedade do Equador (país de origem de Ampuero), mas qualquer sociedade humana. Até porque as histórias não situadas em lugares específicos. Nenhum deles é nominado. Assim, as situações podem ter acontecido na casa de nosso vizinho do lado, no apartamento de algum familiar, amigo, ou colega de trabalho.

Trata-se de um livro que não traz diversão ou entretenimento, mas reflexão e náusea. Destaco os contos: Paixão e Luto.

María Fernanda Ampuero (Equador, 1976) escreve narrativa de ficção e de não-ficção. Possui trabalhos publicados em inglês, francês, chinês, dinamarquês, alemão, português e italiano. Seu último livro, Pelea de Gallos (Páginas de Espuma, Madrid, 2018), foi um dos dez livros do ano do The New York Times en Español e já foi traduzido para vários idiomas. É uma das escritoras latinoamericanas mais importantes dos últimos anos, de acordo com a revista Gatopardo. Pelea de Gallos recebeu o prêmio Joaquín Gallegos Lara 2018 como melhor livro de contos do ano. Em 2012, foi selecionada como uma das 100 latinas mais influentes da Espanha, país em que vive desde 2005.
Lilian 01/12/2022minha estante
Parabéns!!! ??????
A resenha está incrível, me deixou curiosa e ao mesmo tempo temerosa.


Valéria Cristina 01/12/2022minha estante
Muito obrigada!




Vinder 01/11/2022

Livro de contos muito bom dessa escritora equatoriana. Passando por situações do cotidiano, violência e desigualdade sociais, tão comuns nos países latino-americanos.
comentários(0)comente



Rosangela Max 17/10/2022

Leitura que vale a pena!
São contos profundos e que tem em comum o homem como ?inimigo?. Teve alguns que a construção não me agradou, mas nada que comprometesse a qualidade dos contos.
Os que mais gostei foram: Leilão, Paixão, Luto, Cloro e Outra.
Recomendo a leitura.
comentários(0)comente



Nara 26/09/2022

Rinha de Galos - María Fernanda Ampuero.

Um dos melhores livros de contos que li esse ano. Dolorosa e desconfortável, mas maravilhosa.

Assinei o clube de literatura latinoamericana Tortilla porque eu queria muito esse livro.

É uma coletânea com 13 contos que retratam diversas violências contra mulheres em variadas faixas-etárias e classes sociais.

As narrativas são de um horror sustentado por ambientações e situações que permeiam a nossa realidade, o que torna tudo mais perturbador.

São contos cuja violência atravessa relações familiares, de raça e classe. Assédio sexual, incesto, violência psicológica, misogenia, racismo. São algumas das violências retratadas.

O card de apresentação da obra tem uma entrevista com a autora. E quando perguntada de onde veio a ideia de escrever um livro baseado em histórias sobre violência, amei a resposta:

"Publiquei o Rinha com 42 anos. Eram uma junção de textos arquivados durante muitos anos. Apesar de escrever desde os 8/10 anos, a razão desse longo silêncio é que eu achava que não tinha o que é necessário para ser uma escritora de ficção(...)Por que eles são violentos? Acho que escrevo como escrevo porque estou furiosa, porque a violência contra os mais fracos, principalmente meninos, meninas e mulheres, me enche de raiva e não sei como lutar para tornar visível toda essa violência. Escrevo para gritar, acho. Escrevo gritando."

A impressão é essa mesmo! Leilão é o conto que abre a coletânea e tem o potencial de um miniconto apenas com a primeira página.

Monstros é o título perfeito para definir duas situações de abuso vividas pela personagem: a menina Narcisa. É uma adolescente que foi criada por um casal classe média alta como "empregada parte da família". Ela cuida das gêmeas do casal e, as avisa: "deve-se ter mais medo dos vivos que dos mortos" e na calada da noite, o leitor guiado pelo olhar das pequenas, também descobre o porquê.

Eu amei todos! O nível de conhecimento que a autora tem do próprio país é absurdo. Ela transita entre realidades muito diversas e c/ uma riqueza de detalhes.

Ali e Cloro são contos com protagonistas de classe média alta cujas vidas orbitam em torno da loucura, uma loucura fruto de um vazio existencial muito grande.

A narradora de Ali é a empregada doméstica e que a julga como uma pessoa excêntrica, até na generosidade. "Quer dizer, ela não nos dava comida passada ou roupa velha. Era o mesmo que ela comia ou vestia." - quem é filho de empregada doméstica já ouviu esse tipo de condição visto como algo "bom". A Ali passa a ter problemas de saúde mental e vai deteriorando e a empregada vai trazendo o comparativo de como tudo ficou pior depois que ela adoeceu. Maravilhoso. Eu queria ser uma mosca pra ver um playboy que sempre teve empregada lendo esses contos rs.
gbc898 02/07/2023minha estante
Serve eu? Rs




ElisaCazorla 21/09/2022

Terrivelmente bom
Eu não sou muito de contos. Raramente gosto de um livro de contos. Este, honestamente, não é um livro pra se gostar, claro, devido ao desconforto absurdo que ele provoca, mas ao mesmo tempo é bom. Muito bom. Desconfortavelmente bom. Terrivelmente bom.
A primeira impressão é boa porque o primeiro conto é muito bom!
Mas depois de cada conto você não sabe se continua para terminar logo esse tortura ou se para para respirar entre um e outro. Eu decidi terminar logo, mesmo assim foi difícil ler um atrás do outro. Ás vezes era necessário um respiro, uma andada, mesmo sendo contos de no máximo 5 páginas. São duros, pesados, difíceis.
Os temas e problemas são mais o menos os mesmos em todos: diferenças sociais, violência sexual intra-familiar hehe Inventei uma palavra aqui porque não acho que violência doméstica expresse exatamente o que ela faz. É mais do que violência doméstica, vai além.
Além disso, a autora constrói pontes com contos bíblicos, o que é muito interessante e para mim é uma forma de dizer o quanto a sociedade machista patriarcal começa a se moldar nesse lugar: mitologias cristãs. Algo que sempre fez sentido pra mim, na verdade. O quanto o discurso de religiões masculinas monogâmicas colocam a mulher num lugar de subserviência. Um estranho paradoxo com o catolicismo que tem Maria, mãe de Jesus, como uma personagem maior que Jesus, MAS, mesmo ela sendo a exceção que comprova a regra, continua sendo A VIRGEM, RECATADA E DO LAR. Enfim...não é uma mulher, é uma mãe, uma esposa, uma virgem, alguém que vive para criar filhos, marido e depois servir e enterrá-los após limpar seus cadáveres.
Muitos desses contos falam de solidão, da solidão da tal classe média branca, do medo e pavor do envelhecimento com o qual me identifico, infelizmente. Muito interessante, também, as escolhas dos lugares para o suicídio ou para o assassinato dessas mulheres atormentadas mas que vivem no meio de um certo paraíso. A escola da piscina como espelho. Essa metáfora foi muito interessante! Gostei.
Se lerei novamente? Não, não lerei novamente. Foi difícil demais enfrentar esses contos e não quero passar por eles novamente. Mas, ficaram marcados em mim de tal forma que acho difícil esquecer das cenas, dos detalhes.
Sobre a narrativa, gostei muito! Livro muito bem escrito e com diversas vozes. Ora narrador em primeira pessoa, ora em terceira e também em segunda.
Acredito que o primeiro e o último foram os meus preferidos, mas a ordem dos contos é importante. Se decidir ler, faça na ordem que a autora quis. O lugar dos contos no livro não foi aleatório.
Se recomendo? Depende do leitor ou da leitora. Não sei dizer.
comentários(0)comente



Ana Bellot 06/09/2022

ULTRAVIOLENTO
Os contos dessa coleção são como um soco. Histórias sujas, densas, pesadas. Os temas sempre circulam entre abusos domésticos, problemas sociais e de classe, problemas familiares. Eu adorei. A autora é fantástica.
comentários(0)comente



Aline Obnesorg 16/08/2022

Um livro para fins acadêmicos que me conquistou.
Precisei ler esse livro, de início, para fazer trabalhos de uma matéria de espanhol na faculdade. Porém, ele me conquistou tanto que eu terminei de lê-lo não por obrigação, mas por prazer.
Uma das grandes e agradáveis surpresas da bibliografia acadêmica deste semestre.
comentários(0)comente



Ana Paula 11/08/2022

A premissa é ótima e a autora escreve muito bem sobre temas viscerais. Porém, apesar do esforço para proporcionar desfechos inusitados e chocantes, estes acabam tornando-se repetitivos. O único que gostei bastante foi o primeiro.
comentários(0)comente



Diogo 29/07/2022

Melhor leitura do ano.
Livraço. Incômodo, violento, denso, muitas vezes repugnante, mas de leitura simples e direta, apesar dos temas abordados possuírem várias camadas, profundas. Ótimos contos, surpreendentes, simples e bem construídos, além de coesos. Melhor leitura de 2022.
comentários(0)comente



Lilian 15/07/2022

Contos de temas parecidos
Os contos trazem quase sempre uma combinação desses temas: violência, memórias de infância, pedofilia e incesto. Achei mediano
comentários(0)comente



Ana Cláudia 06/07/2022

Completamente perturbador, só indicaria a alguém disposto a ler algo que te faz de fato sair da zona de conforto.

"Depois fui embora do país, meu pai morreu sem que eu soubesse quem era aquele homem que eu tanto desejei que me amasse — a pior forma de amor —, dei mil voltas como o hamster na roda estúpida e um dia voltei e caminhei os dez passos que me separavam de sua casa."

"Então eu me levantava devagarinho, descia as escadas como um fantasma, abria a porta que me asfixiava e ia para casa, onde o ar não era melhor, mas me pertencia. Você respira, embora seja espantoso, aquilo que é seu, aquilo que seus pulmões anseiam sem saber por quê. "
comentários(0)comente



Carla 20/06/2022

"Rinha de Galos", María Fernanda Ampuero ??

Eu nunca gostei muito de livros de contos. Não sei explicar. Talvez porque eu gosto de me apegar a personagens ou porque gosto de histórias longas. Porém, depois de "Rinha de Galos", da escritora equatoriana María Fernanda Ampuero, eu descobri que existem livros e LIVROS de contos.

O livro possui 13 histórias curtas com temas variados, mas com algo em comum: a violência que invade relacionamentos, não necessariamente amorosos, demonstrando que às vezes, um espaço de proteção e acolhimento pode ser aquele que proporciona as piores experiências e traumas possíveis.

Temas como a infância corrompida, a violência contra a mulher, o fato de que os piores monstros não são os de filmes de terror e sim as pessoas, os horrores das guerras, a hipocrisia da alta sociedade... cenas crus e cruéis que, infelizmente, sabemos que acontecem com mulheres (e aqui algumas personagens centrais dos contos são crianças) na América Latina. Elementos como a crueldade, o abandono, o desamparo, a desigualdade gritante e a tristeza te dão aquela sensação de soco no estômago vez após vez.

A autora não te prepara, mas desde o primeiro conto você sabe o que está por vir. E esse livro me fisgou desde o primeiro.

"Rinha de Galos" é América Latina. É uma leitura rápida, mas nem por isso fácil. Só que leituras difíceis fazem parte da nossa vida como leitores.

Atenção com os gatilhos.
comentários(0)comente



Tatadacinderela 20/06/2022

Tudo que apodrece forma uma família.
Poderia chamar de terror? Acredito que sim; E os monstros são os mais próximos: um tio, um pai, um irmão... temas desde a violência doméstica, feminicídio, estupro de vulnerável, tráfico de pessoas, violência contra animais, incesto, desestrutura familiar e etc. A lista é longa, então, gatilhos não faltam.

São 13 contos viscerais, tão gráficos a ponto de impactar durante tempos. Feitos realmente para chocar. Não são fáceis de digerir, mas vale a pena a experiência.

Os mais marcantes, na minha opinião foram ? Monstros, crias, persianas, paixão, ali e em especial o conto:
LUTO (O MAIS DIFÍCIL DE LER) as mazelas de Maria me lembraram o caso Sylvia Likens, inclusive pela menção de terem escrito 'puta' na barriga da menina, fez minha mente logo ligar ao caso, que foi um dos mais brutais de tortura.
comentários(0)comente



Berenga 16/06/2022

Pelos comentários esperava mais do livro. Só tiveram dois contos que eu realmente gostei: Leilão e Nam.
comentários(0)comente



M.E. 27/05/2022

Assassinato, abusos, incesto e outros horrores e estranhezas
Em Rinha de Galos, María Fernanda Ampuero põe sob a lupa social, as disfuncionalidades familiares, pegando-nos pela mão e nos mostrando os monstros que habitam nos guarda-roupas e bichos papões que vivem debaixo das camas de lares de famílias aparentemente normais e tradicionais.
A grande máquina de produção do horror, é o medo social. Um monstro da ficção é, quase sempre, uma interpretação de um temor vindo do plano real. Os monstros apresentados nos contos de Ampuero, são pessoas tão essencialmente monstruosas quanto qualquer outro monstro sobrenatural de aparência medonha de alguma narrativa de horror, translucidando o pior lado da humanidade.
É forte nesse livro de contos a presença geográfica da América Latina como cenário de fundo e elementos culturais latinos. A linguagem é bem direta, rude e sem floreios, combinando com a violência dos contos.
As estórias que destaco aqui as quais em meu subjetivo mais me agradaram numa leitura aficcionada, são: Monstros, Nam e Paixão.
Destaco também, a importância dos cheiros e odores que sempre aparecem nos contos descritos como podres e acres, na imersão do leitor nas narrativas.
Em meados da minha leitura da obra, já pensava eu que merecido seria 5 estrelas. No fim do livro eu tive completa convicção do valor incalculável dessa obra literária.
?Deve-se ter mais medo dos vivos do que dos mortos?.
comentários(0)comente



76 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR