spoiler visualizarKel 20/10/2023
John Green só ladeira abaixo
Meu Deus do céu que livro chato! Não adianta, John Green não é pra mim! E digo isso até rimando rs! Na verdade, eu não o teria procurado para ler se não tivesse chegado às minhas mãos através do maravilhoso e infelizmente finado clube intrínsecos.
São pequenos contos, que na verdade nem contos são, são passagens filosóficas do autor que por vezes os complementa com artigos históricos garantindo veracidade para contar como a passagem se enquadra em sua experiência de vida.
Me interessei apenas por 3 passagens: Uma que fala sobre a música” you'll never walk alone", pq gostei do verso que ele escolheu para destacar: “Mesmo que nossos sonhos estejam esmiuçados no chão encontramos ânimo para nos levantar e levantar os outros”, acho que independente de parecer auto-ajuda, tudo o que nos impulsiona a levantar e seguir em frente é válido, e como eu estava tentando encontrar algo de bom nesse livro, parabéns pra mim, e pra John Green também, é claro.
A segunda passagem que gostei foi onde ele fala dos adesivos de cheiro. Na hora imaginei algo como o que vivi na infância dos anos 90 e que hoje olharia com nostalgia e saudade, porque não volta mais e teria sido algo único daquela geração.
Os adesivos de cheiro se tratavam de odores exalados através de óleos essenciais com agentes micropigmentadores em papel e havia cheiros curiosos de várias coisas. Fiquei imaginando que a minha criança dos anos 90 teria adorado possuir um, achei criativo e legitimamente interessante.
A terceira passagem tem um grande apelo emocional em mim porque diz respeito ao Walt Disney World que eu amo de paixão e onde já estive duas vezes. Ele cita o “Hall of The Presidents”, uma atração que eu tive a oportunidade de visitar em novembro de 2022, na minha segunda visita ao maravilhoso Magic Kingdom.
Ela realmente tem filas escassas e o público que estava comigo era relativamente pequeno para o teatro (por sinal magnífico), mas percebi que ali estavam dois tipos de pessoas: os americanos patriotas que tem orgulho de ver a história de seu país brevemente contada e os curiosos que como eu queriam ver os impressionantes animatrônicos equivalentes aos 46 presidentes americanos que levantam, mexem a cabeça e falam.
Ao centro está Abraham Lincoln e de pé, está Joe Biden, que fala, com a voz própria do presidente, o discurso de posse onde jura proteger e servir o país.
Eu achei a atração única, criativa e de uma elegância excepcional, cada presidente, desde George Washington, passando por John Kennedy, Ronald Reagan, Barack Obama e Donald Trump, é chamado pelo nome, iluminado e cumprimenta o público com um aceno de cabeça, sensacional. A questão é que, para falar da atração, o autor conta uma passagem que achei no mínimo antipática: fala o pobre garoto floridiano, nascido e criado em Orlando, cuja família foi presenteada com um ano de ingressos grátis para os parques da Disney, e o que ele diz?
Que era chato passar seus fins de semana nos parques, no calor. Sem comentários, se já não era simpatizante de John Green, com essa ele enterrou qualquer possibilidade comigo, é no mínimo ridículo, mas enfim, respeitando a opinião dele, prossigo para dizer que o único local onde ele se sentia bem, era nessa atração, e ainda se fosse por motivos patriotas, tudo bem, mas o que lhe fazia ir ao “Hall of Presidents” era na verdade o ar condicionado.
John Green mais uma vez indo ladeira abaixo comigo. Ok, talvez para quem more lá o encantamento Disney não seja o mesmo de quem só pode visitar os presidentes a cada quatro anos como eu, porém sigo intrigada, mesmo sendo outro país a atração é muito agradável e não deveria ficar de fora do roteiro como muitos agentes de viagem sugerem.
Enfim, ainda bem que consegui salvar três coisas nesse livro, mas apenas três em mais de 300 páginas, digo categoricamente que não vale a pena.