Camila.Moscatelli 23/02/2023
Lewis geralmente não é, ao meu ver, leituras fáceis nem mesmo nos seus romances, mas admito que essa obra especificamente exige elevado grau de intertextualidade principalmente com conceitos filosóficos, os quais ele não explica no texto, mas justifica seu ateísmo. Logo, as vezes é difícil entender exatamente as razões pelas quais ele abandona o Cristiano de seu berço, mas fica claro que a razão o leva a isso desde muito novo e que essa mesma razão o leva à sua conversão anos mais tarde?
Isso foi muito bonito de acompanhar, ver que ele se rendeu por razão e não por emoção como muitos pregadores tentam falar do evangelho com apelos e promessas ?vazias?/?distorcidas? sobre a realidade da vida cristã.
Além disso, sempre destaco a delícia de ler a forma como Lewis coloca e descreve as coisas e situações. Por isso que mesmo o leitor não tendo profundo conhecimento prévio sobre todos os milhares de autores e conceitos que ele cita isso não impede que você desfrute de uma boa leitura, ou entenda nas entrelinhas o que está acontecendo dentro dele. Óbvio que um leitor plenamente dominante provavelmente terá uma experiência mil vezes melhor do que eu mesma devo ter tido, mas ok sem crise!
Outro aspecto da leitura é que é muito legal a parcela bibliográfica que ele nos fornece, então para grandes fãs de Lewis, como eu, saber dessa história de sua vida é muito bacana e honestamente seu contato com literatura sendo tão cedo desde sua infância explica o grande literato que esse homem foi.
E por mais que ele não quis focar tanto na primeira guerra mundial da qual fez parte, o pouco que ele disse sobre ter dividido trincheiras com outros tantos homens intelectuais que morreram em batalhas me deixou reflexiva quanto ao volume de conhecimento que morreu nessa guerra! Lewis escapou ileso e suas ideias eternizadas, mas e os demais? Quanto potencial foi perdido!
Por último, citando o próprio Lewis do que mais me marcou na leitura:
?A dureza de Deus é mais suave que a suavidade dos homens, e sua coerção é nossa libertação?