spoiler visualizarDEA 12/07/2023
É um livro pesado, triste, mas com uma história maravilhosa, mostrando a luta contra o preconceito e o ódio entre crenças religiosas absurdas e extremistas. Nos mostra uma cultura totalmente retrógrada onde o sentido da honra é totalmente distorcido para fins pessoais, gananciosos e principalmente religiosos.
Conhecemos Meena, que não tem como não se apaixonar pelo seu personagem e é impossível não sentir empatia por tudo que ela passa. Já Smita às vezes causa um pouco de irritação, porém compreendemos melhor suas atitudes quando ela explica o que sua família passou, também devido às crenças religiosas.
É horrível imaginar o quanto as pessoas se transformam e são capazes de cometerem atos abomináveis em nome da fé, cultura etc.
"Os seres humanos aparentemente podiam se transformar em assassinos com muita facilidade. Só era preciso usar algumas palavras-chave: ?Deus?, ?país?, ?religião?, ?honra?. Não, homens como Rupal não eram o problema."
Já Mohan é um personagem maravilhoso, empático e que embora seja indiano e ainda siga alguns dos costumes, não concorda com os atos abomináveis cometidos contra Meena e tudo isso o afetará profundamente. É uma pessoa com grande coração, um homem de princípios que com certeza toda pessoa gostaria de ter por perto.
Abru, dá vontade de pegar no colo e encher de beijos e carinhos.
O livro tem vários personagens, alguns achei totalmente desnecessários, como a jornalista e sua assistente e o lance do acidente. Ainda bem que apenas aparecem mais no início.
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O livro é bastante detalhado, mas não maçante e você sofre o tempo todo principalmente com a Meena. Chega a ser revoltante em muitas partes, literalmente dá nos nervos de tão tenso que ficam alguns momentos.
Quanto ao final, achei que se perdeu um pouco diante de uma história contada tão maravilhosamente, pois surgiu um romance exagerado, bem fantasioso entre Mohan e Smita. Não me incomodou o fato do relacionamento, pois torcia por isso, mas da forma que se desenvolveu, de repente já estavam falando que se amavam e de morarem juntos. Seria legal algo mais pé no chão, eles se conhecerem melhor e deixar o relacionamento se desenvolver, acho que combinaria mais com todo o restante do livro, mas isso não fez perder o brilho nem sua grandiosidade, e talvez tenha sido proposital para dar uma leveza à história.
É um livro que traz inúmeras reflexões, mas tem que se preparar para o sofrimento também. Mas vale muito a pena!!!
Destaco algumas frases para reflexão:
"Sentir-se desconfortável é bom... É no desconforto que o crescimento acontece."
"... a facilidade com que as pessoas inventavam desculpas para os erros do passado. Ninguém era vilão em sua própria história."
"Olhe para o futuro, filha", seu pai costumava dizer. "É por isso que nossos pés apontam para a frente, não para trás."
"Mas ninguém ama algo por não ver seus defeitos, certo? Ama apesar dos defeitos."
"Porque os costumes são como ovos - depois de quebrados, é impossível colocá-los dentro da casca de novo."
"Esses homens não desistirão enquanto não nos destruírem. As tradições deles significam mais do que sua humanidade."
"Na infância, nos ensinaram a temer tigres e leões. Ninguém nos ensinou o que sei hoje - o animal mais perigoso do mundo é um homem com orgulho ferido."
"... um povo que confundia vingança com honra, e sede de sangue com tradição."
"A vida é uma bela viagem. Quem sabe o que acontecerá amanhã?"
"Talvez, no final, o amor fosse isto, fazer a coisa difícil. Não rosas, romance e passeios na praia, mas simplesmente estar presente, dia após dia. O extraordinário romantismo da vida comum."
"Você sabe qual é seu problema, Smita? Você se concentra nos pelos do gato. Tente focar no gato."
"Olha, sei que é um risco. Mas, em algum momento, é preciso dar um salto. Vou pousar de pé ou cair de cara no chão. De qualquer forma, vou bancar a queda."