Helder 02/06/2023Se Lucas Neto escrevesse uma comédia romântica seria assimGente, eu não sou do fandom da Britt e só li este livro por ter sido escolha de um grupo de LC do qual participo e juro que tentei embarcar na leitura sem preconceitos, mas foi difícil demais seguir esta estrela do norte.
Até hoje só li dois livros da autora. Eleanor e Grey que achei uma belezinha, pois soube usar os clichês de um romance a seu favor e Vergonha, que achei mais do mesmo e só.
Desta ultima quadrilogia não li nenhum, principalmente porque a sinopse do primeiro livro era um copia de Vergonha.
Porém aqui é surpreendente o quanto o nível da autora caiu.
O livro conta a história de Haileen e Aiden que se amam desde criança. Eles são vizinhos e estudam na mesma escola. Aiden é lindo e segue o sonho de seu pai que é torná-lo um ator de Hollywood. Haideen é uma menina negra e gorda, que sofre muito bullying na escola. Eles vão demorar para assumir que se amam, vão ficar juntos, vão se separar e depois vão ficar juntos e viver felizes para sempre.
Novidade?
Zero!
Todos os desenhos da Disney e novelas da Globo massificaram isso em nossa cabeça.
Mas então, qual é o problema??
O problema aqui é a pobreza da execução de todos estes clichês.
Até 45 % do livro eu achei que estava lendo um livro infanto juvenil escrito por uma garota de 15 anos. Pensei muito em Malhação, mas as cenas de bullying sofridas pela Hailee eram dignas de novelas do SBT tipo Carrossel ou dos filmes do Lucas Neto.
Depois a autora quer defender que Hailee precisa ter amor próprio e se aceitar como gorda, e não aceitar que a sociedade queira muda-la, e principalmente porque Aiden a ama do jeito que ela é.
E como ele ama!!! Nunca vi um cara amar tanto!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
É bonito??
Para mim não. Para mim é um bando de mensagem errada.
Ok, pessoas devem se aceitar! Mas uma menina de 17 anos pesando 110 kilos é algo que precisa de ajuda, e não de aceitação.
E um jovem que quer largar toda uma carreira de sucesso em troca de um amor precisa de um safanão do seu pai, que por mais canalha e fraco que tenha sido na vida, eu acho que o amava muito.
Porque Aiden não podia apresentar seu “personal “e sua “nutri” para que Hailee tivesse uma vida saudável, e ele continuar seu trabalho maravilhoso e curtir seu sucesso ao lado dela sentindo-se vitorioso, ao invés de se sentir vazio.
Ele era o Henry Cavill. Aliás, ele era um Henry Cavill melhorado, porque ainda ganhou Emmys e um Oscar.
White People Problems total!!!
Mas depois da metade, passam-se 5 anos e eles envelhecem, então saem da escola e termina o clima de Malhação, mas...
...ai começa o clima de comédia pastelão, onde as cenas dos reencontros do casal só podem ter sido baseadas no Chaves ou no Mr Bean, com direito e vômitos e mostarda na cara. Eu fiquei com vergonha de lê-los passando tanta vergonha.
Mas a partir daí, o livro passa a ter uma linguagem mais adulta... só que não, porque no meio de cenas hots eles “furunfam e metem bisnagas nas rosquinhas”.
Eu podia dizer que o problema é da tradutora, mas pelo histórico geral da obra, sinto que a moça teve que tirar água de pedra para traduzir tantas baboseiras.
E de repente o casal fica feliz, mas antes que vivam felizes para sempre, precisamos ter mais uns problemas familiares, e então ela tira da cartola alguns personagens extremamente felizes e motivacionais, para que a felicidade possa ser ainda mais linda e feliz, igual último capítulo de novela das seis. Só faltou casar Kate com o Henry!!
Mas vou dar o braço a torcer e aceitar que em quase 400 páginas encontrei umas 4 frases bonitas que falam sobre ligar o 🤬 #$%!& em sua vida e ser feliz. Uma pena que estas frases só tenham surgido lá para os 80 % do livro. Para que eu não seja tão apedrejado por esta resenha, trago a melhor frase do livro aqui para terminar:
“— Mas, falando sério, se tem uma coisa que aprendi com a vida é que família não é definida por laços de sangue, e sim por lealdade. Por pessoas que amam você e são sinceras mesmo nos momentos mais difíceis. Por pessoas que estão ao seu lado todos os dias e ajudam você a ser a sua melhor versão. Por um espaço em que você possa ser verdadeiro sem sentir vergonha. É você ter sonhos e pessoas que os apoiem. Dizem que o sangue fala mais alto, mas falar alto nem sempre é uma vantagem. A gente precisa de algo que restaure nossas forças e nos impulsione. De algo que seja bom para o corpo, bom para a alma. Não se contente com qualquer merda que coloque você para baixo. Só aceite o amor que faz bem, e o retribua com ainda mais afinco."