Caderno proibido

Caderno proibido Alba de Céspedes




Resenhas - Caderno proibido


211 encontrados | exibindo 16 a 31
2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 |


Mirella.Augusta 18/10/2023

Diário de um cotidiano chato
Não gosto de per diários e ao mesmo tempo, mesmo compreendendo a época em que se passa a história, achei a personagem chata pra caramba, porém a filha ganha destaque e realmente gostaria de ler um livro da história dessa filha ?.
comentários(0)comente



julia 22/03/2023

Passada
Esse livro me acompanhou pelas férias e agora, na minha última semana, me deixa embasbacada. Antes de começa-lo já estava animada pela ideia da escrita como um processo terapêutico, mas a expectativa que eu tinha foi ultrapassada pela sinceridade contida nas páginas. Completamente viciante.
comentários(0)comente



Pandora 26/02/2023

O Caderno Proibido do título é um caderno preto, luzidio, grosso, que a protagonista Valeria compra subversivamente num domingo pós 2ª Guerra na Itália, onde só alguns itens podiam ser comercializados, o caderno não incluído. Essa quebra de regras é o início de muitos questionamentos e culpas que a escrita de um diário provoca nesta mulher, que se achava “feliz, felicíssima” na sua vida pequeno-burguesa.

Aqui, como em A vida invisível de Eurídice Gusmão, acompanhamos a vida, principalmente no âmbito familiar, de uma mulher acima dos 40 numa época em que esperava-se das mulheres que fossem boas esposas e mães e se sentissem inteiramente satisfeitas com isso. Valeria, a protagonista deste livro, tem 43 anos em 1950, é casada, tem dois filhos adultos e trabalha num escritório - porém, por necessidade, o que o tempo todo é confirmado pelos outros personagens: sua mãe, seu filho etc.

Certa de que o caderno não seria visto com bons olhos por nenhum integrante de sua família, Valeria só escreve nele à noite, após realizar todas as tarefas do dia e ver-se sozinha - ainda que isso lhe custe boas horas de sono - , e o esconde cada hora em um lugar, sempre temendo que o esconderijo seja descoberto.

Aos poucos, a “feliz, felicíssima” Valeria, ao registrar seu cotidiano no diário, vai descobrindo que nem tudo são flores nesta sua pacata e previsível vidinha. A começar por sua relação com a filha, Mirella.

É triste como muitas vezes são as próprias mulheres que oprimem outras mulheres em suas conquistas e liberdades, como Valeria faz com sua filha, uma jovem inteligente, estudiosa e questionadora, que não vê o casamento como o único caminho para uma mulher; ela espera ter sucesso profissional e ser uma parceira do homem que ama. Mas Valeria ora a admira, ora a reprime; esquecendo-se de quem fora quando jovem, age com a filha com o rigor com que sua mãe sempre agiu com ela. É um conflito interno entre atender às demandas patriarcais que foi ensinada a obedecer e o vislumbre de que uma mulher possa ter alternativas de vida. Em dado momento sua mãe lhe diz: “Uma mulher jamais deve permanecer desocupada” (pág. 111), o que me remeteu ao conto Presépio, de Carlos Drummond de Andrade, onde afirma o narrador sobre a protagonista, Dasdores: “Os pais exigem-lhe o máximo, não porque a casa seja pobre, mas porque o primeiro mandamento da educação feminina é: trabalharás dia e noite. Se não trabalhar sempre, se não ocupar todos os minutos, quem sabe de que será capaz a mulher? Quem pode vigiar sonhos de moça? Eles são confusos e perigosos. Portanto, é impedir que se formem.” [1]

Em contrapartida, a relação de Valeria com o filho Riccardo é totalmente diferente: apesar de reconhecer suas limitações intelectuais e sua pouca disposição ao trabalho, ela a ele tudo perdoa, tudo concede. Inclusive compete com a nora pela atenção de Riccardo, um machista que enaltece a submissão da namorada. “Ontem mesmo ele me abraçava dizendo: “Você é uma mulher excepcional, mamãe“. Sempre recorre a mim em busca de conselhos e me pede muitos pequenos favores, quase como se quisesse me dar a oportunidade de mostrar que sou hábil em tudo. Tenho a impressão de que essa sua atitude causa ciúme em Marina. Se assim for, é sinal de que ela tem um espírito mesquinho, porque na verdade deveria compreender que nenhum sentimento, por mais profundo que seja, pode substituir o da mãe.” (pág. 245)

Completa esta família Michele, o pacato e omisso pai bancário, sempre à espera de uma nova oportunidade, talvez um grande aumento, uma guinada de vida, ao mesmo tempo em que, assim como Valeria - a quem ele chama de mamãe -, vê-se atado às responsabilidades e limitações impostas por seu papel de provedor. Ao chegar do trabalho, ele espera jantar, ouvir o rádio e ler o jornal sem aborrecimentos, os quais Valeria muitas vezes lhe esconde, para não o perturbar. E embora seja um relacionamento cortês, não existe diálogo. “Pensava que Michele talvez também tenha fingido dormir algumas vezes. E que desse contínuo fingir dormir e permanecer acordado na própria angústia, sem que o companheiro se dê conta, é feita a história de um casamento exemplar.” (pág. 264)

Aos poucos, conforme a transgressão de escrever um diário e a transgressão de pensamentos antes não ousados se fundem, Valeria passa a perceber sua própria solidão dentro daquela casa que é, ao mesmo tempo, sua prisão e seu refúgio, o que lhe permite prestar atenção ao que se passa em seu íntimo e fora dos limites do seu lar. É uma jornada difícil e conflituosa.

Não posso negar que foi impossível ler esta narrativa sem me ver nela em algum momento, rever minhas relações com meus pais - minha mãe especialmente -, minha filha, meu ex-marido, as coisas absurdas que já ouvi por ser mulher, as que aceitei pelo mesmo motivo e as que lutei para mudar.

Apesar de apreciar a temática, há algo na escrita da autora, apesar de sua excelência, que me consumiu e me cansou um pouco, por isso tive que estabelecer ler trinta páginas por dia. Acho que não só o fato de que se trata de um diário e, portanto, é o fluxo de pensamento de uma só pessoa, mas que esta pessoa, Valeria, é um tanto irritante às vezes. Enfim, humana. Aliás, como o somos todos nós.

Alba de Céspedes justificou assim o sucesso de seu livro: “Caderno Proibido é o livro que conforta quem se sente fracassado.”

[1] Publicado na coletânea Presépio e outros contos de Natal, da SESI -SP Editora, organizado por Luiz Ruffato.
Marcia 27/02/2023minha estante
Muito interessante


Pandora 27/02/2023minha estante
É um ótimo livro, Marcinha.


Marcia 27/02/2023minha estante
Percebi e anotei. Valeu!!! Suas dicas sempre são muito boas




Rafinha 08/05/2024

É impossível ser mulher e não se identificar com esse livro. A gnt se vê nos sentimentos que a Valéria expressa no diário, mas confesso que me identifiquei ainda mais com com a Mirella (que pra mim é a melhor personagem, ela começa bem mesquinha mas ao longo do livro ela se torna mais identificável)
comentários(0)comente



Martony.Demes 19/03/2023

Livros contados por meio de um diário possibilita ao narrador e personagens revelar o que quiser. E Alba trouxe-nos, por meio de caderno proibido, muito sentimento que a protagonista não conseguiria fazer sem esse diário.

E no transcorrer do livro temos acesso aos seus sentimentos, as suas angústias e desejos. E mais interessante é que em muitas situações a gente se coloca no lugar dela. Talvez seja pela escrita ser tão simples e precípua e possibilita entender tudo!

No início ela descreve sua rotina, suas tarefas e até o ato de escrever é revelador: ela tem dificuldade de fazer, pois ninguém deve descobrir isso.

Nesse cenário, ficamos em diálogo com ela e nos é apresentado o quanto ele tem sua vida embotada para dá lugar e preferencia as vidas de seus filhos e esposo. E olhamos o que isso afinge-a e nos toca também!

Nos desdobramentos, percebemos que ela precisa de espaço e voz. E ela é ouvida pelo seu companheiro de trabalho, o qual começa ter uma certa afinidade paralela.

E muitas histórias são contadas por ela. E o diário é ao mesmo tempo, um confessionário, um personagem que a ouve e que lhe dá possibilidade de se revelar...

Eu gostei muito do livro! Convido-os a ler!
comentários(0)comente



Carla Verçoza 23/04/2023

Mediano
Entrei nessa leitura com muitas expectativas e achei enfadonho.
O texto em forma de diário, onde Valéria, uma mulher de 40 e poucos anos conta sobre seus dias e sua vida.
À medida que ela escreve, fica claro como ela é vista e tratada pela família. O marido que não a enxerga como mulher ou ser humano, a filha ingrata, o filho machista... Foi me deixando com muita raiva ler sobre ela ser sempre explorada, se tornar somente empregada da família, se anular por eles. O livro se passa nos anos 50, mas tudo descrito lá ainda é realidade hoje, o que só aumentou meu ódio. Eu só torcia para ela se vingar de alguma forma da família.
comentários(0)comente



leiturasdabiaprado 25/02/2024

Como esse livro me incomodou, não um incômodo ruim, mas daqueles que nos fazem agradecer pela vida diferente que o feminismo nos proporcionou.
Valéria é uma mulher de 43 anos na Itália do pós Segunda Guerra, é a primeira mulher da sua família a trabalhar, mas o faz por necessidade financeira, vive uma vida da clássica mãe de família dos anos 50, filhos na casa dos 20, um marido que a trata como a mãe dos filhos e que para piorar ainda a chama de mamãe.
Valéria é invibilizada pela família, aos 43 anos é tida como velha, como matrona... leva uma vida dura, trabalha fora e cuida de toda casa sozinha.
Um dia ela mesma começa a se enxergar, a dar voz aos seus pensamentos, desejos e anseios, ela começa a escrever um diário! O livro é exatamente as páginas desse diário, da primeira à última palavra, o peso desse segredo, a sua descoberta enquanto mulher, a negativa de se aceitar velha e acabada aos 43 anos!
Um livro que me causou angústia, eu tenho a idade da Valéria e não consigo nunca me imaginar levando uma vida com as castrações que ela teve!
Graças a Deus nesses 80 anos que nos separam muita coisa evoluiu, mas mesmo assim ainda sabemos que existem muitas Valérias por aí e que ainda é preciso evoluirmos muito para que todas tirem esse peso dos ombros e possam ser realmente senhoras dos seus destinos!
comentários(0)comente



Maria 18/05/2023

Caderno Proibido
Valéria compra um caderno (que é proibido de ser vendido aos domingos) para nele escrever e ter companhia.
Valéria através da escrita vai narrando sua vida cotidiana e também sua intimidade. Ela tem marido e dois filhos, mas se sente só. Ela não tem com quem compartilhar seus desejos e seus conflitos mais internos e o caderno se torna uma forma de expressar e de revelar o que ela não pode e não consegue fazer na vida social e familiar.
Com o caderno, ela se torna Valéria de novo, pode ser verdadeira, pode se encontrar até se perder. Ela percebe o conflito das gerações e as diferenças nas relações.
Valéria mostra como são dúbios nossos modos de ser, agir e pensar, como, por mais que não vejamos sentido em determinadas coisas, não conseguimos abandoná-los.
Amei esse livro!
comentários(0)comente



llammer 11/04/2024

Leitura excelente! Uma mulher italiana de classe média compra um caderno subversivamente no início da década de 1950 e passa a usá-lo como diário. Ao longo dos relatos do seu dia a dia aparentemente banal e desinteressante, vamos conhecendo melhor a personagem junto com ela mesma, em um mergulho sincero nas contradições e hipocrisias de performar um determinado ideal de mulheridade e de se confrontar com os próprios desejos.
É impressionante a lucidez de Alba de Céspedes em relação às dinâmicas de poder familiar, pincelando tanto as mudanças bruscas quanto as insistentes continuidades da sociedade que sobrevive à Segunda Guerra Mundial, bem como no que toca as relações sociais de forma mais ampla dessa (re)construção.
De escrita fluida, com capítulos divididos como se fosse um diário mesmo, a história envolve o leitor rapidamente. Recomendo sem pensar duas vezes!
comentários(0)comente



Bárbara 23/01/2024

Quanto as as mulheres sofrem?
Ser mulher nos dias de hoje é bem complicado, imagina na década de 50. Esses relatos da Valéria são de uma dureza e barbarie que só Deus.
comentários(0)comente



rhana.condado 08/12/2022

Resgate da Identidade
Olha, nem sei por onde começar!

Primeiro que esse livro me arrebatou de um jeito muito louco, sou tão diferente de Valéria, penso diferente de Valéria, não sou do mesmo ano que Valéria e ainda assim me identifiquei com Valéria.

Acho que identifiquei as mulheres da minha vida na protagonista, e claro, todas sofremos a maneira como o patriarcado nos molda durante anos para sermos esposas e mães perfeitas. Muitas vezes, o modo como Valéria agia oprimindo a filha e se oprimindo, é um resultado de uma vida opressora!

A partir do momento em que Valeria começa a resgatar a sua identidade através da escrita, também passamos a resgatar algo dentro de nós que deixamos passar.

Por fim, indico para todas as mulheres. Achei que, por ser mais nova, não era o público alvo do livro, mas li no momento perfeito da minha vida!
Nickgr 08/12/2022minha estante
Fiquei instigada, parece muito bomm. Vai pra minha lista!!


rhana.condado 08/12/2022minha estante
Super indico!!!


Joy 02/01/2023minha estante
Ok, agora eu quero muito ler esse livro!!




Marilia 18/04/2023

Das prisões a céu aberto
Estou aqui pensando em como descrever a experiência de ler esse livro. Termino a leitura com vários sentimentos conflitando aqui dentro e com um doce amargor que fica depois que engolimos realidades sem digeri-las por completo.

Eu tive vontade de sacudir o livro para ver Valéria escapar de si mesma. Fiquei pensando que mesmo hoje muitas mulheres se encontram nas linhas do caderno proibido. Espero que um dia já não mais, mas hoje, ainda sim.

O livro retrata os dilemas e fardos de uma mulher que poderia ser eu, ou poderia ser você. Uma mulher normal, absolutamente normal, que se vê perdida no momento em que sai do automático e passa a refletir sobre a própria vida, sobre as escolhas que fez e sobre as renúncias quase imperceptíveis que somam pesos indizíveis e desequilibram qualquer ajuste de contas com o tempo.

É um bom livro, muito bom, aliás. Mas, não sei porque, me deixou sentindo uma coisa meio ruim. Bateu uma leve angústia. Talvez tenha sido ele o meu caderno proibido, vai saber.

Enfim? a nota eu marquei em 3,5, mas ela está relacionada muito mais comigo do que com o livro. Eu recomendo e quero muito ler outras resenhas sobe o livro e conhecer as percepções que ele está despertando.
Débora 19/04/2023minha estante
Muito boa sua resenha, Marília. Me deu vontade de ler esse livro!


Marilia 19/04/2023minha estante
Obrigada, Débora :)
Espero que você goste ??


Débora 20/04/2023minha estante
Obrigada, Marília!?




Fabíola 18/11/2023

Vemos que o papel da mulher não mudou tanto assim... É triste ver todas cobranças que exigem dessa mulher, mesmo pertencendo à classe média baixa ela não foge de todas imposições sociais.
Um ponto que me chamou atenção é o desenvolvimento da escrita, no início ela escreve tão pouco e vai aumentando com o decorrer da obra.
É uma leitura fluida e incômoda, vale a pena passar por essa experiência!
comentários(0)comente



Bruna 24/07/2023

Caderno Proibido
Gostei da forma que a personagem principal começa a mudar aos poucos e a dar ouvidos aos seus desejos enquanto escreve no seu diário, mas confesso que achei o livro um pouco cansativo por ele ser muito repetitivo: sempre relatando sobre o medo de descobrirem seu diário, onde o escondeu, quem poderia encontrar, que sua filha está fazendo x? enfim.
Gostei bastante da Mirella, ela teve que ter muita força de vontade pra continuar seguindo seus propósitos mesmo com a mãe lhe importunando sempre em nome da moral. Mas acho que o livro deixa sua mensagem?. Que moral, afinal? De que importa se o vizinho não concorda com suas ações?
Achei muito bem descrito a convivência entre mãe e filha, a forma como a mãe não conseguia olhar sua filha por outro ponto de vista, pintando uma mulher totalmente diferente de quem Mirella realmente era, e, ao mesmo tempo, concordando internamente com tudo que Mirella falava.
A diferença de tratamento da Valeria com sua filha e seu filho também é bem constrastaste, chega a ser engraçado (se não fosse trágico).
comentários(0)comente



GiArgia.Gschwendtner 24/09/2023

Um olhar pelos séculos
Ler uma mulher europeia da década de 1950 é uma reflexão na atualidade que confronta com uma pergunta: será que algo mudou?

Talvez seja mais comum encontrarmos relatos como estes, em que mulheres expressam sua insatisfação com as sobrecarregas domésticas e as dúvidas acerca de uma vida destinada a assumir um papel que rouba sua identidade.

É um mergulho em um universo particular resolvido dentro de um longo diálogo interno. Gostei e recomendo essa leitura que é sempre uma possibilidade de expandir nossos conhecimentos e mergulhar em outra época, sabendo que parece que habitamos um tempo circular.
comentários(0)comente



211 encontrados | exibindo 16 a 31
2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR