Simonne 03/12/2012
Tristão e Isolda - Helena Gomes
Resumo:
Esta é uma das mais belas histórias de amor e aventura de todos os tempos. Suas origens se perdem no tempo e remontam às narrativas orais dos povos celtas. A história desse amor intenso e proibido entrou definitivamente para a literatura quando, no século XII, foi escrita em forma de poesia. Diversos autores a trataram: Thomas, Béroul, Gottfried de Estrasburgo, Bédier, entre outros. Helena Gomes nos apresenta aqui sua versão criteriosa, contemporânea e instigante, feita a partir dos textos originais.
A nossa primeira dica de leitura, já começando os trabalhos em 2012, é a adaptação de Helena Gomes (com ilustrações de Renato Alarcão) do romance Tristão e Isolda. Mantendo-se fiel ao texto original, encontramos dois jovens de reinos inimigos que se apaixonam, por ironia do destino, após a doce princesa Isolda salvar o príncipe Tristão dos braços da morte, pensando ser ele apenas um menestrel, e não o grande inimigo do seu reino. Por segurança, pelo fato de ter usado magia sem autorização de sua mãe - a temível feiticeira Isolda - preferiu escondê-lo na floresta, criando a oportunidade de uma convivência livre das conveniências do reino. E, a partir daí, os laços foram nascendo, dando início a uma das mais belas histórias de amor já conhecida. Mas, o que a diferencia das outras versões?
Logo em sua apresentação, a escritora faz um apanhado histórico sobre as origens da narrativa dos dois amantes, bem como a origem dos contos celtas, a cultura daquele povo (mesmo que breve e sem pretensão de ser fiel aos fatos históricos, nos dá uma ideia sobre como as coisas se davam) e nos garante um bom estudo acerca do que envolve não só a teoria literária, mas também a todo um repertório de conhecimentos que envolve qualquer criação.
Todo o projeto é muito bem elaborado. Desde as ilustrações, o papel utilizado, a forma como a história foi dividida, os resgates e cortes, e mesmo as explicações dadas na apresentação, nos deixam cientes de todo o cuidado que envolveu a obra.
Alguns trechos, extremamente importantes para a compreensão do estudo realizado, apontam o trovadorismo como explicação para as várias versões adquiridas ao longo do tempo: "... Tristão e Isolda vem de uma tradição de se contar histórias oralmente, através de poetas e músicos, como os trovadores, numa época em que eram raras as pessoas que sabiam ler e escrever. Isto explica porque se encontram tantas versões da história".
A partir do conhecimento sobre a cultura dos celtas, as guerras, as invasões e tudo que aparece na narrativa, é possível perceber a intertextualidade com a lenda do Rei Arthur e seus cavaleiros da Távola Redonda, até mesmo porque Tristão foi colocado como um deles.
Ponto bastante interessante é que a autora deixa bem claro as modificações apresentadas na sua adaptação, apontando as inserções necessárias e todas as informações que precisaram ser mantidas para a apresentação do enredo e as personalidades dos personagens (apontado como grande diferencial). Sempre com uma linguagem envolvente, prática, e repleta de aventuras - o que confirma o direcionamento ao público juvenil - o leitor é instigado a seguir adiante, a fim de tentar descobrir o que está por vir.
Envolvente e com uma leitura que flui facilmente, a obra nos leva por caminhos de aventuras e romance de maneira muito suave. E, embora a linguagem esteja voltada ao público infanto-juvenil, com certeza encanta e envolve até mesmo os mais rigorosos, justamente por trazer elementos que remontam a estudos mais apurados.
Abaixo, o link de uma entrevista com a autora, que nos ajuda a compreender um pouco mais o processo de criação/produção.
Entrevista com Helena Gomes
Boa leitura!
À bientôt.
Resenha também publicada em:
www.lilianpoesiablogs.blogspot.com
Publicada anteriormente em outro perfil meu, cujo e-mail foi desativado.