Marilia 29/08/2022Maravilhoso; visceral; poético.Ainda estou sem as palavras adequadas para comentar esse livro que me provocou tantas emoções, mas, não sei se um dia as terei, então comento com palavras imperfeitas.
Mariana tem um texto único. O curioso é que se alguém me descrevesse o ritmo do texto e os recursos utilizados pela autora, talvez eu não embarcasse nessa leitura.
Ainda bem que ninguém me descreveu e eu pude sentir esse livro por mim mesma. Não fossem as sílabas de sábado é um livro que parece ter sido ditado pelo fígado em um jorro de inevitável expulsão de dor, de ausência, de perda.
Fiquei pensando que algo semelhante deve ter passado à autora, tamanha a riqueza narrativa. Tanta riqueza que transborda os limites do livro e leva o leitor para dentro da casa e da vida de Ana, a narradora da história trágica que envolve dois homens: um suicida e um desavisado sem sorte que saía do prédio justo no momento do derradeiro voo. Ficamos também íntimos de Madalena e de Catarina, a filha que cresce no ventre da mãe viúva.
É um livro que causa reações físicas. Nó na garganta, frio na barriga, ranger de dentes. Mas também desperta sorrisos e, eventualmente, até uma risada mesmo.
É que Mariana escreve com uma fina e rica ironia que tempera o texto e o faz incomparável a qualquer outro. Sentimos a dor, sentimos a confusão, sentimos a solidão, sentimos a culpa, sentimos a raiva. Enfim, sentimos Ana integralmente a ponto de termos vontade de abraçá-la.
O livro acabou e eu queria mais. Queria saber da Madalena, queria acompanhar Catarina, queria as sílabas de domingo para seguir com elas.
O livro está favoritado e eu vou buscar ler tudo que Mariana já escreveu.
Caso não tenha ficado claro, eu recomendo mil vezes essa leitura que não é leve, mas pode ser doce.