spoiler visualizararteismo 06/12/2023
Esclarecedor
Byung-Chul Han é um filósofo sul-coreano nascido em 1959, conhecido por suas obras sobre filosofia, cultura e sociedade. Ao longo da trajetória como escritor, ele se tornou um pensador influente na análise dos desafios da sociedade contemporânea, especialmente relacionados à cultura digital, ao trabalho e ao cansaço, sendo autor de obras como "Sociedade do Cansaço", "Sociedade da Transparência" e "Agonia dos Eros".
Durante os quatro anos que antecederam a pandemia e a subsequente calamidade humanitária, o filósofo e escritor Byung-Chul Han dedicou seu pensamento à reflexão profunda sobre a crescente midiatização que vinha se intensificando desde o início do século XXI. Han observou de perto o surgimento e o fortalecimento de governos autoritários, como o fenômeno populista representado pelo Trumpismo. Ao fazer uma análise mais detalhada, Byung-Chul Han identificou as complexas contradições e as engrenagens que permitiram a ascensão de movimentos ideológicos quase míticos e fanáticos, exemplificados pelos eleitorados que apoiaram líderes de estado como Donald Trump e Jair Messias Bolsonaro.
Para elucidar esses fenômenos, Byung-Chul Han concebeu e desenvolveu o conceito de "Infocracia", que essencialmente delineia um novo paradigma de dominação política e econômica, um regime emergente baseado na informação. Segundo Han, o mundo contemporâneo não pode mais ser considerado uma democracia, pois não se trata mais de um governo pelo povo, mas sim de uma infocracia. Esta é uma forma de governo onde aqueles que possuem informações detêm o controle tanto do cenário econômico quanto do cenário político. Quem possui o poder de adquirir informações também detém o poder, pois a informação se torna a moeda de troca crucial nesse contexto. Por outro lado, aqueles que não têm a capacidade de converter informações em poder ou de adquirir informações acabam por se tornar a própria mercadoria, a própria informação, nessa lógica de governança.
Assim, para elucidar suas ideias com maior clareza, o autor recorre aos conceitos de biopoder, microfísica do poder e capital de vigilância de Foucault. Nesses conceitos, o filósofo explora a estrutura do capitalismo e como ele opera para subjugar os corpos, tornando-os dóceis para a manipulação e o controle. No entanto, Byung-Chul Han argumenta que a lógica predominante na sociedade atual difere daquela que Foucault analisou décadas atrás em sua obra "Vigiar e Punir". Segundo Han, a lógica contemporânea se resume a "Motivar e Otimizar". Agora, o capitalismo incentiva os indivíduos a se exporem, ao invés de reprimi-los.
Além disso, essa nova lógica promove uma ruptura ao criar uma falsa sensação de liberdade, explorando e se apropriando de técnicas neoliberais. Em contraste com as técnicas de poder da sociedade disciplinar de Foucault, o atual capitalismo não recorre a coações e proibições, mas sim utiliza estímulos positivos. Ele explora a liberdade em vez de suprimi-la. No regime de informação, ser livre se traduz em curtir, comentar e postar nas redes sociais. No entanto, essa suposta liberdade, enraizada em plataformas controladas por algoritmos, transforma o indivíduo em uma mercadoria para a venda de anúncios.
Em um mundo cada vez mais conectado e digitalizado, a análise profunda apresentada por Byung-Chul Han sobre as consequências das novas tecnologias digitais é crucial para entender os desafios contemporâneos que enfrentamos. O autor demonstra de maneira convincente como a lógica das redes sociais e da manipulação algorítmica está impactando não apenas a forma como consumimos informações, mas também como pensamos e nos relacionamos uns com os outros. Portanto, é evidente que enfrentamos um desafio significativo na era da "midiocracia", onde a qualidade do debate intelectual e a tomada de decisões racionais são ameaçadas. A busca por soluções para esses problemas deve ser uma prioridade, pois a preservação da democracia e da convivência pacífica entre diferentes grupos da sociedade depende da nossa capacidade de compreender e enfrentar as consequências das novas tecnologias digitais de maneira responsável e informada.