Isa 09/08/2023
Vc é uma chata seu marido um 🤬 #$%!& seu casamento uma bosta
Já tinha lido esse em inglês, aí agora ele foi traduzido e está fazendo burburinho nas book redes brasileiras, o que é meu sinal pra sair das sombras fazer essa resenha, até porque a justiça não dorme, e os críticos também não.
A maioria das pessoas que eu vi elogiando esse livro menciona como ele é ?real? o que por si só já é um elogio abstrato demais para poder julgar. O que é, de fato, uma obra ?real??
Vamos guardar essa questão, e seguir para o plot do livro. A Cleo é uma pintora jovenzinha alternativa artista sensível e diferente das outras, o Frank é um cara mais velho inicialmente muito charmoso com problemas com bebida. O resto dos personagens eu nem vou mencionar por nome por que a autora claramente não dá a mínima pra eles, então porque eu daria? O livro acompanha o relacionamento da Cléo e do Frank, seus altos e baixos e problemas e confusões. Os outros personagens estão lá também, como uma decoração do ambiente.
Um ponto que já me pega no começo do livro é que todos os personagens meio que amam a Cléo. Ela é idealizada e adorada, mesmo que de forma não óbvia, por TODO MUNDO que a conhece. Ele se sentem atraídos pela aura artística e misteriosa dela, pela tristeza que ela traz em si, pelos seus cabelos loiros que são transformados em mil e uma metáforas durante o livro. Agora, eu não quero dizer nada, nadinha mesmo, mas procurem uma foto da autora. Só por curiosidade mesmo.
É difícil descrever o estilo de escrita, que mistura o pedante com a pura falta de habilidade. Diálogos DIFÍCEIS de aguentar! consigo lembrar acho que de uma discussão no meio do livro que teve uma construção melhorzinha. Os eventos dramáticos e traumáticos são jogados na história de qualquer jeito, sem a autora dar a eles um pingo de consideração. O livro quer ser poético por ser poético, e por isso acompanhamos páginas e páginas de um lenga-lenga que não vai nem fica. É aquilo, claro que tem seus momentos, relógio parado acerta duas vezes ao dia, mas a escrita não cansa de ser ornamentada nem por UM SEGUNDO, constantemente apelando para essa estética de drogas, sexo e colapso mental pra tentar vender a ideia de ?a vida nua e crua?.
Retomando os personagens secundários, muitos fazem parte de minorias, o que inicialmente parece ser uma grande vitória pra diversidade, mas se prova uma tristeza quando você lembra que eles estão na história apenas pra que a gente não pense que o casal principal vive em uma bolha da classe alta branca e artista. Olha como eles são diversos e inclusivos! eles até conhecem um gay e uma negra! As histórias deles vão do nada ao lugar nenhum, os conflitos externos e internos beiram o estereótipo, o caricato.
Acho que muita gente busca uma ideia de ?pessoal real? que já foi comodificada. Com defeitos, mas apenas o bastante para uma boa história, para entreter. É uma abstração, também, uma romantização, ainda que mais discreta que em outros livros. Eu não desgosto desses personagens porque eles são ?reais?, por que eles falham e se perdem no caminho. Desgosto deles porque são vazios, não saem dos seus esteriótipos de personagem, e boiam em uma história que não está tentando dizer nada, exatamente. A Cléo é a alma boa, sensível, torturada, coitadinha (chata pra 🤬 #$%!& ) O Frank é um cara problemático cheio de problemas recheado de defeitos repleto de angústias (um pé no saco). O livro, apesar de se achar muitíssimo inteligente, foge de qualquer estímulo intelectual mais profundo que ?as pessoas?tão complexas e imperfeitas?.?
esse livro parece feito sob medida para pessoas de vinte e tantos anos que acham que por terem passado por um término de relacionamento adquiriram algum tipo de conhecimento transcendental sobre a condição humana. acho que todos nós passamos por essa experiência, de qualquer forma.
Quando eu desço o pau em livros, costumo dedicar o último parágrafo para falar o que eu gostei. Não odiei completamente o livro, entre a bobagem que é grande parte da história existem momentos vulneráveis que conseguem transparecer um pouco de honestidade, aquelas frases bonitas pra você marcar, mas mesmo assim, é tão breve, que você pisca e acabou.