Pedro P. R. 24/06/2023
Maravilhoso
Por onde começar a falar desse livro? Talvez pelo título? A vida e as mortes de Severino Olho de Dendê. Um título talvez grande demais, mas que traz precisamente a essência da obra e que para um leitor baiano, tem um significado muito mais forte.
Ha muito tempo comento com meus conhecidos sobre a vontade de ler algo que traga mais da essência brasileira em suas páginas, e esse livro do Ian foi exatamente isso. A obra é uma “opera espacial”, algo como star wars, mas, ao mesmo tempo, muito diferente. Toda a expansão espacial, as colonizações e língua usada na obra fazem referência a elementos nordestinos. Em alguns pontos, os diálogos ficam um pouco caricatos, mas isso entra tanto no contexto da história, que é mais um ponto positivo do que negativo.
Quanto aos personagens, esses são com certeza a alma da obra. O próprio Severino, que presenciamos em diálogos e narrativas um pouco de seu passado e acompanhamos a narrativa de seu presente. Um homem imperfeito, depressivo e que talvez ainda tenha a oportunidade de recuperar o brilho em sua vida. Além dele, temos Filomena, a Paladina do Sertão, um tipo de cangaceiras do espaço. Juá, uma carranca robótica, Bonfim, um alienígena que é uma mistura do chewbacca e do Primo Coisa da família Addams que tem fitinhas do Senhor do Bonfim cobrindo todo seu corpo. E fechando nosso elenco, temos Antonieta, uma criatura hibrida, uma humana feita em laboratório que tem a aparência de uma capivara.
Esse estranho e engraçado elenco move uma história de investigação, viajando por planetas como Cabula XI, voltando para a Terra e fazendo uma visita a uma nova Salvador até seu momento de conclusão.
Três pontos que preciso mencionar pela experiência extra que acabam dando aos leitores. 1 – os interlúdios de abertura de cada capítulo, que me lembrou bastante a introdução de episódios de séries de TV. 2 – As músicas. Existe uma rádio tocando durante toda a obra, e a maneira como as músicas, todas nacionais, foram introduzidas na obra ficou fantástico. 3 – as menções literárias de Antonieta, nossa garota capivara. Ela possui o habito de fazer citações de livros que já leu.
Numa avaliação geral. A obra é muito boa, recomendo. É divertida, gostosa de ler e se você foi baiano, vai pegar muita referência nos diálogos e narrativa. Se você não for baiano, ainda vai conseguir uma experiência gratificante e de quebra vai conhecer um pouco mais da cultura nordestina.
Quanto a alguma crítica sobre a obra, acho que o final faltou um tempero, uma pitadinha de pimenta para ser um pouco mais impactante