O Retrato

O Retrato Erico Verissimo




Resenhas - O Tempo e o Vento: O Retrato - Vol. 1


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Viviane.Lopes.Costa 25/04/2023

Não há dúvidas de que Érico Veríssimo é um dos maiores autores brasileiros! O livro contém um misto de narrativa ficcional com contexto histórico que dá gosto ler? porém neste volume percebi que a narrativa se tornou mais lenta que os anteriores e só voltou a acelerar no finalzinho? acredito, e espero, que seja uma espécie de introdução ao Retrato volume 2.
Fico no aguardo!
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Craotchky 25/08/2019

Bastidores da obra ou Erico por ele mesmo
(Este texto segue os moldes daquele texto que fiz para O Continente, portanto, também contém as palavras do próprio Erico Verissimo, extraídas de seu livro de memórias intitulado Solo de Clarineta. Há aqui, então, uma parceria entre Erico e eu. Os trechos do próprio Erico além de estarem entre aspas também aparecem em itálico para aqueles(as) que estiverem lendo pelo site e na página de resenhas.)

"Comecei a escrever O Retrato em janeiro de 1950, na praia de Torres, num apartamento com vista para o mar."

Assim Erico começa a parte 26 do capítulo V de seu livro de memórias Solo de Clarineta. Continua:

"Em março voltei para Porto Alegre com algumas centenas de páginas já prontas."

De volta à capital, Erico continuou o trabalho em casa. Na sala de jantar colocou a máquina de escrever em cima da mesa, ladeada por pilha de volumes contendo números do jornal Correio do Povo correspondentes aos anos de 1910 a 1915. Quando escrevera O Continente, Erico tivera que lidar com a falta de documentos e de maiores conhecimentos dos primeiros anos de vida do Rio Grande do Sul. Ao escrever O Retrato não houve este empecilho pois o autor dispunha de recursos acerca da época:

"Para escrever essa sequência de O Continente eu contava naturalmente com documentos abundantes e fáceis de obter."

Erico já havia decidido seu protagonista:

"Tinha decidido dedicar todo o livro a um 'retrato de corpo inteiro' do Dr. Rodrigo Terra Cambará, bisneto e homônimo do bravo capitão. O novo Rodrigo [...] devia representar um largo passo dos Cambarás rumo de sua urbanização e também o princípio da intelectualização de sua família"

Nas suas memórias Erico diz também que não vai muito com a cara de Licurgo Terra Cambará, ao mesmo tempo em que admite sua simpatia para com o Dr. Rodrigo:

"Não esconderei que me sentia perfeitamente à vontade na companhia do Dr. Rodrigo, porque, como ele participasse um pouco da minha aversão à vida campestre [...] eu me livraria da obrigação de estar constantemente no Angico, a estância da família."

O personagem Rodrigo Terra Cambará constituiu-se como, nas palavras do próprio Erico:

"uma espécie de sósia psicológico de Sebastião Verissimo [pai de Erico]". Assim "era natural que eu pensasse também na possibilidade de entrar no livro como personagem, caso em que teria de meter-me na pele de Floriano[...]"

Entretanto salienta:

"Queria, porém, que Rodrigo Cambará fosse parecido mas não idêntico a Sebastião Verissimo. Teriam ambos em comum a sensualidade, o amor à vida, a bravura, a generosidade, a vaidade à flor da pele, a autoindulgência e a mágica capacidade de fazer dos homens amigos fiéis até o sacrifício e das mulheres amantes apaixonadas. Diferente de meu pai, a personagem central de O Retrato seria fisicamente um belo espécime masculino e teria o que o velho Sebastião nunca pareceu ter tido: ambição política[...]"

Em outro momento Erico conta que Toríbio Terra Cambará foi inspirado em seu tio Nestor Verissimo:

"Tomei desse meu prodigioso tio o físico, a coragem cega, o gosto pela ação guerreira, um que outro episódio de sua aventurosa vida, e o seu insaciável apetite sexual."

Aderbal Quadros, segundo Erico, carrega muitos traços físicos e psicológicos de seu avô paterno. Em algum momento do processo de escrita, Erico percebeu que Flora estava correndo o risco de transformar-se num retrato da sua própria mãe. Erico admite que seu temor de transformar Flora em D. Bega (mãe de Erico) terminou fazendo-o tratar esta personagem sem verdadeira intimidade.

"[...] talvez isso explique a razão por que Flora é das figuras mais apagadas tanto de O Retrato como de O Arquipélago."

Segundo o texto da orelha desta minha edição de O Retrato, em uma entrevista, ao ser perguntado se este segundo tomo da trilogia é superior ou inferior ao primeiro, Erico respondeu:

"A única coisa honesta que lhe posso dizer é que jamais escrevi um livro com tanto prazer como este segundo volume de O Tempo e o Vento."

Mesmo assim, em suas memórias, Erico também diz que

"A despeito do prazer com que o escrevi, achei-o literalmente inferior a O Continente. Para principiar, falta-lhe o elemento épico."

Bem, acho que já me alonguei demais. Meu objetivo aqui foi trazer algumas curiosidades pouco conhecidas e que julguei interessantes para quem já leu a obra. Apenas lamento que, para quem não leu, este texto possa parecer insípido. Até.
Ro 01/02/2021minha estante
Adorei os trechos, obrigada por trazê-los até aqui. Eu tbm achei O Retrato inferior (em muito) ao Continente. Me senti melhor ao ler que o próprio Érico também o achou. Interessante que eu sempre gostei mto do Licurgo, enqto o próprio Dr Rodrigo me enfadava.


Craotchky 12/02/2021minha estante
Olá, Ro. Obrigado. Procurei fazer dessa resenha algo diferente e trazer para os(as) leitores(as) dessa saga que tanto gosto os bastidores da criação pelo próprio Erico. O livro de memórias dele, Solo de clarineta, é uma boa pedida também.




Erikcsen 04/04/2021

Um Rodrigo de contradições
Rodrigo Cambará (neto) retorna médico a Santa Fé, cujo objetivo era estabelecer-se com uma clínica na cidade onde nasceu e onde seus familiares ainda vivem, no Sobrado. Neste primeiro tomo do segundo livro, a dinâmica política em Santa Fé, à sobra da política nacional, é o fio condutor da história. Rodrigo vê a cidade cerceada pelo medo da polícia militar cuja ordem citadina lhe e confiada. O poder está nas mãos das forças armadas e a cidade continua a mesma desde quando saiu para cursar medicina em Porto Alegre. Vendo a terra estagnada põe-se a movimentar a população para abrir os olhos e rebelarem-se diante de tanta alienação. Rodrigo quer justiça social, porém não por vias tão democráticas assim.
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iagomarc 26/12/2021

Achei esse primeiro volume dO Retrato muito fraco pois até metade do livro é uma enrolação danada, apenas com Rodrigo Cambará andando e conversando por Santa Fé. Apesar disso, do meio pro final o livro engata e termina de forma interessante.
Ansioso para o próximo volume.
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Kaiã 10/02/2021

O retrato começa, mais um vez, mostrando o futuro e depois nos trazendo para o passado, mais precisamente quando Rodrigo Cambará se forma em medicina na capital e volta para Santa Fé. Rodrigo é um personagem cativante, cheio de vida e de ideias progressistas e o impacto que ele causa ao voltar é sentido por todos os habitantes do povoado. Foi muito bom ver um pouco a nova dinâmica no sobrado, mais vivo e pulsante. O plano de fundo histórico mostrando a campanha civilista de Rui Barbosa é muito enriquecedor. Ansioso para ver um pouco mais do presente no próximo tomo. Erico Veríssimo é incrível!
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André Vedder 26/07/2022

Rodrigo Terra Cambará
Temos aqui mais uma demonstração do quanto Erico é um exímio contador de histórias.
Se em "O Continente" o autor aborda toda uma história do Rio Grande através das várias gerações das famílias Terra e Cambará, aqui o foco concentra-se apenas em um personagem e num único período curto de meses.
Rodrigo Terra Cambará é centro das atenções. Médico recém formado em Porto Alegre, que retorna à Santa Fé depois de quatro anos dedicados aos estudos e a boemia. Traz consigo um desejo de mudança política e altruísmo em relação a sua cidade natal, mas esbarra na cultura e preconceitos já enraizados em seu povo e também nele próprio, tornando-o assim um personagem que beira a duplicidade, principalmente por sua extrema vaidade. Acompanhamos suas ideias, elucubrações, defeitos, qualidades e atitudes. E ao final cabe ao leitor formar conclusões sobre Rodrigo T.C. E a minha é que Erico mais uma vez nos brinda com um ótimo personagem.

"É sempre assim...A mesma casa, a mesma escada, o mesmo homem. Mas só porque esse homem ficou mais velho, conheceu outras terras e outras gentes, leu mais livros, a casa e a escada mudaram. E as pessoas da casa também mudaram."

"Ele positivamente não acreditava naquelas maledicências. Mas calúnia é calúnia, sempre deixa sua marca."
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Darlane 06/03/2023

Infelizmente não consegui engolir esse Doutor Rodrigo
Bom, a história aqui começa muitos anos depois do final da primeira parte, com o Rodrigo (filho de Licurgo) já velho na época da queda do governo de Vargas. Nessa parte já não gostei muito da história porque eram muitos personagens novos sendo jogados de um lado pro outro contando histórias desconexas sobre o Rodrigo, mas segui.
Logo em seguida vamos pra história do Rodrigo contada por ele mesmo. Começamos vendo ele chegar em Santa Fé com seu diploma de medicina depois de estudar em Porto Alegre e, a partir daí, sua saga é desenvolvida.
O ritmo do livro não me agradou, tudo que vemos é o Rodrigo fazendo uma coisa aqui e outra ali pela cidade. Sempre mostrando para nós leitores como é uma pessoa narcisista e egocêntrica, de forma alguma gostável. Para mim o maior problema desse livro foi o fato de que tudo foi contado apenas pelo Rodrigo, ele é o único narrador e o foco da história. Me acostumei com os pontos de vista alternados da primeira parte que davam vida pra vários personagens e tornava tudo mais interessante. Nesse livro é como se o único personagem com vida fosse o Rodrigo (e talvez o Toríbio). O tenente Rubim só existia pra falar de seus ideais de super homem, o coronel Jairo so existia pra pregar o positivismo, o Neco, Saturnino e Chiru pareciam a mesma pessoa...
Resumindo: só o Rodrigo tem personalidade e ele é uma pessoa péssima, só mais um homem Cambará.
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Maricita 15/06/2022

Uma narração bem diferente de O Conitnente. Ainda gostei muito do livro, mas fiquei meio triste por não ter amado essa primeira parte de O Retrato como eu amei (e até certo ponto, estive obcecada) O Continente.

As primeiras páginas são beeeeem arrastadas e eu demorei um tempão pra engatar de verdade na história. Depois chegamos às discussões políticas muito muito interessantes, mas como eu tinha muito pouco afeto por Rodrigo, o personagem principal, acabei enrolando mais um pouquinho com o final.
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Lohan.Valerio 27/05/2024

Sob uma nova perspectiva
Logo de inicio é perceptível a diferença do Retrato para o Continente. O Érico abre mão de uma narrativa macro até então, para desenvolver o micro (acredito que até justifica o titulo do segundo livro), focando principalmente na história do Rodrigo. Acredito que em pontos, algumas coisas se tornaram repetitivas, mas nada deixou de ser interessante. O Rodrigo se mostrou o personagem mais sensível até agora, as suas divagações melancólicas e nostálgicas foram os pontos altos para mim. Senti falta do desenvolvimento de outros pessoas do núcleo familiar, mas o que se aprende com O Tempo e O Vento é que a história é sobre a Familia Terra-Cambará, dando enfoque para determinados personagens durante determinada linha do tempo para se compreender a história a ser contada, se apegar a algum personagem é em vão. No mais, segue sendo incrível.
Vanessa.Castilhos 28/05/2024minha estante
????




Marquinhos28 03/02/2024

Melhor a Cada Volume
É inacreditável como só melhora, livro após livro.

E inacreditável, como a cada geração os dramas se aprofundam e os novos personagens conseguem ser tão ou mais cativantes que os seus antepassados.

Neste volume acompanhamos a história de Rodrigo Terra Cambará, bisneto daquele tal de Capitão Rodrigo, que hoje já é considerado uma lenda. Vemos Rodrigo, ao melhor estilo do seu bisavô, bater de frente com todos aqueles que comandam com mãos de ferro a cidade de Santa Fé.

Bem antes de Ken Follet, com seus romances históricos super emaranhados e precisos, nós temos que nos orgulhar muito dessa obra de Érico Veríssimo, que obra!

E olhe que só estou na metade.


Estupendo!
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Li 20/03/2011

DESAFIO LITERÁRIO 2011 - MARÇO - ROMACES ÉPICOS *LIVROS 3 E 4*
Sinopse: O Retrato Vol. 1 é a segunda parte da trilogia "O tempo e o vento", que percorre a história do Brasil e do Rio Grande do Sul acompanhado a trajetória da famíla Terra Cambará. Aqui Rodrigo Cambará, neto do heróico capitão Robrigo, torna-se líder populista, amante das causas populares - e da própria imagem. Seu projeto é modernizar tudo - da casa onde vive a cidade inteira - e proteger os pobres.
O Retrato vol. 2 conclui a segunda parte de O tempo e o vento.
Em 1915, Rodrigo Terra Cambará constrói uma imagem de político popular generoso, enfrentando as contradições de seus afetos privados e reafirmando sua inteireza ética e sua coragem. Em 1945, com a queda de Vargas e bastante enfermo, volta para sua pequena Santa Fé. No fim do Estado Novo e da Segunda Guerra Mundial, a família Terra Cambará não se reconhece no país que ajudou a construir.
A trilogia - formada por O Continente, O Retrato e O Arquipélago - percorre um século e mEio da história do Rio Grande do Sul e do Brasil acompanhado a saga da família Terra Cambará.

Primeira etapa concluída, vamos aos "segundos livros"! Farei a resenha dos dois volumes juntos como fiz com os dois primeiros.
Neles é narrada a história de Rodrigo Terra Cambará, bisneto de Cap. Rodrigo, que no fim-começo do Continente era só um garoto e agora é um médico pai de família que volta para Santa Fé, após a queda de Getúlio Vargas, depois de passar anos no Rio de Janeiro. Como no primeiro volume, Érico divide a história em presente, com os filhos de Dr. Rodrigo, e passado, contando as peripécias do próprio Rodrigo logo depois de se formar e voltar para Santa Fé, em 1910. O autor tem a peculiaridade de começar as narrativas meio que sem amarras com o final da anterior, mas os próprios personagens vão esclarecendo a maioria das dúvidas, seja através de flashbacks ou dos mexericos dos habitantes da cidade, muito sagaz!

Neste livro o forte é a visão de Rodrigo, vindo de uma longa temporada numa cidade grande, voltar a viver na muito provinciana Santa Fé: os costumes e tradições conflitando com a evolução científica, tecnológica e os novos hábitos adquiridos pela educação burguesa, contra a observação da vidinha interiorana de submissão aos coronéis da cidade e dos papeis bem definidos de cada habitante pela tradição familiar, fortuna ou título. Estes volumes são bem divertidos de ler. Érico faz as coisas terem um ar de tanta... realidade! E estes são tão gostosos de ler quanto os dois primeiros volumes, apesar de Dr. Rodrigo ser um dos personagens mais antipáticos que já vi...

Aqui as questões metafísicas continuam e as sobre política são ainda mais marcantes, algumas vezes longas e cansativas, outras com toques de humor mordaz e inteligente. As aulas de história também continuam, mas, como sempre, servindo de pano de fundo para a verdadeira narração (mesmo que as vezes Érico se aprofunde um pouco nos sentimentos provocados por certos acontecimentos, como a 2ª guerra mundial). É interessante como Érico consegue discorrer sobre as mais variadas ramificações políticas sem se ater a nenhuma delas, e ainda fazer os personagens que defendem cada uma serem amigos, ou quase isso pelo menos.
Acho que os personagem que mais gosto aqui são Maria Valéria, a cunhada de Licurgo Cambará e Pepe Garcia, pintor espanhol morador da cidade (que diga-se de passagem, o discurso anarquista vinha sempre com ecos da voz de Antonio Bandeiras dublando o Gato de Botas, de Shrek, na minha cabeça!): ela direta, seca, sensata; ele anarquista ferrenho e autor do Retrato, um quadro feito de Rodrigo aos 24 anos, que dá título aos livros... dei muita risada com eles, não que sejam engraçados.


Acho que o trecho que mais exemplifica esses dois livros d´O Retrato é um diálogo entre Dr. Rodrigo Cambará e Maria Valéria, sua tia e madrinha:
- Não sei por que essa gente só pensa em política.
- Eu sei. É porque a política lhes dá as coisas que eles mais ambicionam: posições de mando, força, prestígio. E não há quem não goste disso.
- Você não é obrigado a se meter...
- Mas acontece que também gosto!

Novamente, leitura recomendada! Espero que os três d´O Arquipélago sejam tão bons quanto os quatro primeiros volumes!


*http://desafioliterariobyrg.blogspot.com/*
Viquinha 28/03/2011minha estante
Que bom que aprovou essa obra. Com a sensibilidade e a técnica de EV não tem erro.
Beijocas




Neila.Villas-Bôas 14/05/2022

Érico (já estamos íntimos rs) realmente era excepcional. Arrisco a dizer q se eu tivesse q escolher um autor só pra ler pelo resto da vida ele certamente seria grande candidato. A fluidez da sua escrita e a forma como constrói a narrativa, apresenta os personagens, monta a estrutura da história q quer contar cativa qualquer leitor.
Gostei especialmente desse terceiro livro pelas discussões políticas filosóficas q apresenta. Com certeza seria amiga do Rodrigo Cambará, bonachão, amigo de todos, liberal (pra época quase um esquerdista ?????). Nosso protagonista aqui não é só o mocinho, herói dos fracos e oprimidos, mas um rapaz (sim, ainda se tornando homem) muito sensível e cheio de defeitos. É fácil a gente se identificar com esse tipo de personagem.
Minha expectativa pra o próximo volume e pra o desenvolvimento da narrativa no contexto da ditadura é muito alta. Tô confiando q o nível será mantido.
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Nina Pina 28/06/2023

Um retrato quase vivo.
No livro O retrato, fala da volta de Rodrigo Cambará, para sua cidade natal, Rodrigo estudou fora, e ao retornar traz com ele muita energia e entusiasmo. Com ótimas ideias para deixar a cidade de Santa Fé um lugar mais aconchegante e próspero, agora ele é o Dr Rodrigo Cambará.
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Natalie Lagedo 27/04/2016

Gerações passam e a figueira permanece na praça da Matriz. Ela representa a tradição dos costumes, que se sustenta apesar do desenvolvimento de Santa Fé, que no início do século XX já contava com trem, telefones e outras tecnologias. Assim como o vento, a árvore está presente nos momentos mais importantes da cidade.

No primeiro volume de O Retrato a personagem principal é Rodrigo Cambará, filho de Licurgo, protagonista do último tomo de O Continente, e bisneto de Bibiana Terra Cambará e do Capitão Rodrigo, seu homônimo.

O porte realista e prático das mulheres da família é marca registrada nessa saga. Neste livro, fica a cargo de Maria Valéria representar tal característica do clã. Aos poucos a belicosidade desenfreada dos homens, que era utilizada como demonstração primeira de serem "macho sem por cento", é substituída pelo engajamento político apaixonado e intelectual.

A história começa quando Rodrigo já é o senhor do Sobrado, casado com Flora Quadros e pai de família. Nesse contexto se mostra admirador do Estado Novo e funcionário de Getúlio Vargas. No entanto, seu filho Eduardo é simpático pela figura de Prestes e comunista convicto. Ainda que possuindo ideais marxistas, tem receios de índole burguesa (como o advento da reforma agrária) que o envergonham frente à causa revolucionária.

Depois de introduzir essa passagem há uma volta no tempo para o período em que Rodrigo regressou de Porto Alegre à Santa Fé recém-formado em Medicina e ganancioso por mudar o mundo. Funda o periódico oposicionista intitulado A Farpa, no qual defende abertamente a República Civilista com a eleição de Rui Barbosa como Presidente do Brasil em prejuízo de Hermes da Fonseca.

A partir desse ponto o desenrolar da trama navega ora por mares de sangue, ora mostrando as ideologias em voga na época. Rodrigo é um republicano civilista, enquanto os Trindade apoiam a república militarista; o Coronel Jairo é um positivista que idolatra Comte e acredita que a Sociologia é o antídoto para todos os venenos da humanidade; Pepe García é um revolucionário anarquista leitor voraz de Bakunin que discorda radicalmente dos princípios "burgueses e cristãos" que moldam os atos do protagonista mas o ajuda somente pelo prazer de ir contra o governo; já o Tenente Rubim é um niilista nietzschiano, para quem tudo vale se for em favor do Übermensch.

Diante de tudo o que li, O Retrato pode ser resumido no sentimento de desilusão pelo qual passou o país quando sua república ainda dava os seus primeiros passos.
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