Amanda @litera.pura 02/09/2020Mais resenhas em @litera.pura"Dizem que está proibido que as mulheres façam barulho ao andar e que não podem rir em público. Dizem que a música, a dança e os filmes estão proibidos."
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Nadia tinha oito anos quando sua casa foi atingida por uma bomba durante a guerra civil no Afeganistão. Queimada e com o rosto desfigurado, a vida de Nadia não foi fácil: inúmeras cirurgias, muita dor, idas e vindas ao hospital, além dos olhares estranhos e piadas que ouvia das pessoas que se assustavam com sua aparência.
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Dois anos depois, quando o Regime Talibã se instaurou no Afeganistão, as mulheres perderam todos os direitos. Nadia, aos dez anos, se tornou a responsável pela família e resolveu assumir a identidade do irmão morto. Durante mais de uma década Nadia fingiu ser um homem para garantir a sobrevivência de sua família, desafiando todas as leis do país e colocando em risco não apenas sua vida, mas também sua sanidade.
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Essa é uma história real e muito, muito dolorosa. Nadia passou muitos anos trabalhando até a exaustão, passando fome, vivendo diariamente com o medo de ser descoberta e com pouca esperança de que as coisas poderiam mudar. Sua família foi completamente destruída pela guerra e aquilo foi apenas o começo de todo o sofrimento que se seguiria. De humilhações à agressão física, ela precisou aguentar tudo calada em nome da sobrevivência.
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Nadia andava com um canivete escondido nas roupas, para o caso de alguém descobrir seu segredo. Mas o canivete não era para tentar matar seu delator, e sim para tirar a própria vida antes que fosse entregue aos talibãs. Trabalhava por horas e horas sem comer, pois levava para casa aquele único prato de comida que ganhava no trabalho. Mesmo no calor escaldante, estava sempre com várias camadas de roupa para esconder seu corpo feminino.
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Impactante e muito emocionante, esse livro nos dá uma amarga noção de como é ser mulher em uma cultura extremamente machista e os horrores da guerra. Foi uma leitura difícil, mas que traz inúmeras reflexões sobre perseverança e fé.
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