Marcos Aurélio 23/01/2022As vidas que não vemos todos os diasMeu primeiro encontro com o trabalho da Eliana. Uma jornalista, no sentido real da palavra. Alguém que desafia o tradicional, a pauta, a ordem, e busca o inusitado, o ignorado e a verdade.
São vinte e três crônicas, além prefácio e posfácio. Textos nos quais Eliane conta a vida que ninguém vê, como ela é. Sem filtros, sob seu olhar, seu sentimento, sua percepção.
E só é real, porque Eliane não ouviu as histórias por telefone, ou leu em cartas ou e-mails. Como uma boa jornalista, jornalista de verdade, Eliane foi até as histórias, foi até as pessoas. Olhou nos olhos, ouviu, viu, sentiu.
Até a crônica "O Dia Seguinte", eu não havia entendido. Eu esperava vidas maravilhosas que ninguém vê. Histórias de superação, com finais felizes, mas estas são as vidas que todos vemos.
As vidas quem ninguém "quer" vê"r". Estão na minha rua, na minha vizinhança, nos meus grupos de relacionamento. Estão nos seus também.
Maria tocou-me, porque a história se confundiu com a minha.
Eliane tocou-me porque no fim, ambos não acreditamos em heróis. Queremos olhar de perto, e vistos de perto, eles não existem. Aliás, permita-me Eliane, eles existem, são anônimos e vivem combater em suas lutas, diariamente, mundo afora.