spoiler visualizarIury Ribeiro 29/04/2024
Resenha sobre O Senhor das Moscas: a inocência e crueldade humana
O Senhor das Moscas é um dos grandes clássicos da literatura e que veio me conquistando a cada página. O livro é simplesmente genial. O autor conta a história de um grupo de crianças que se perde em uma ilha (estudavam todos no mesmo colégio na Grã Bretanha), o protagonista do livro (esqueci o nome, li o livro já faz 2 anos) é apresentado como uma pessoa boa e que quer liderar aquele grupo de crianças em prol de sua sobrevivência e progresso na ilha. Em contrapartida, temos Jack, outro garoto que quer liderar aquele grupo, é notável que Jack possui uma essência maligna que contrapõe os valores e comportamentos do protagonista, e essa se torna a razão do caos que eu irei contar mais para frente nesta resenha.
Nas primeiras semanas na ilha, Jack monta um grupo de pessoas na qual ele possuía influência e simpatizava com os mesmos ideais. Jack era o líder deste grupinho e gostava muito de caçar com seus amigos, e quase sempre representava uma oposição a liderança do protagonista.
O protagonista é reconhecido pela comunidade da ilha como o líder, ele manda em Jack e nas outras crianças junto do melhor amigo, Porquinho, que não só é seu melhor amigo mas também é seu braço direito. Porquinho ao longo da trama é apresentado e desenvolvido como uma criança muito inteligente, mais inteligente que o protagonista ou qualquer outra criança, porém, Porquinho é medroso e retraído, não possui nem a astúcia de Jack nem a liderança do protagonista.
A trama vai se desenvolvendo, e um dos pontos chaves e objetivo comum da comunidade de crianças é o resgate por um navio ou helicóptero, que só efetuaria o resgate caso reconhecesse que haviam pessoas na ilha. Para isto os garotos sempre, ou quase sempre, tinham de acender uma fogueira com muita lenha para criar bastante fumaça e atrair os possíveis resgatadores.
Em diversos momentos Jack vai negligenciar esse objetivo, indo em contraponto com o protagonista, que quase sempre busca acender a fogueira. Essa é só uma das infinitas oposições e desentendimentos gerados por Jack e seu grupo, que representavam a maior oposição política ao protagonista. Em determinado momento da trama, depois de muitos desentendimentos e brigas, Jack se separa da comunidade e cria sua própria comunidade com seus amigos, essa separação gerou muitas mortes e conflitos entre a comunidade do protagonista e a comunidade rival de Jack, como se fossem duas facções, alguns mudavam de lado, outros matavam os rivais e por aí vai todo tipo de crueldade.
Passando agora para o clímax, temos um embate entre o protagonista e Jack, nesta cena ambos se encontram em uma ponte que leva até a fortaleza de Jack. O agora vilão e seus subordinados se encontram pintados, representando o primitivo, a selvageria, estavam com poucas roupas e agiam de maneira violenta e agressiva. Dessa forma contrapondo as maneiras do protagonista, que fazia questão de se manter limpo e vestido adequadamente, representando a modernidade, a humanidade, o progresso. Discussão vai e vem, até que atacam Porquinho e ele acaba caindo da ponte, estatelado no chão, nesse momento a razão morre, o que resta é apenas o ódio, Porquinho simbolizava a inteligência e o discernimento intelectual, e agora está morto, a razão putrificou. O protagonista corre, já pressentindo que seu momento de morrer estava chegando, Jack e seus capangas não hesitam em perseguir o mesmo até a floresta onde se escondeu. A caçada foi intensa e difícil, não conseguiam encontrar o protagonista, e por isso colocaram fogo na floresta inteira. Ironicamente, o fogo fruto do ódio e da violência gerou uma fumaça tão grande que a tripulação de um navio notou que havia algo errado na ilha, então se aproximaram e a tripulação desembarcou. As crianças chocaram-se ao ver isto, pararam e se aproximaram, todos começaram a chorar e abraçar a tripulação, finalmente estavam a salvos. Em certo momento um dos tripulantes pergunta quem é o líder daquelas crianças, e o protagonista levanta a mão, Jack não faz nada, o alívio de estar a salvo superou qualquer inimizade. O que antes era guerra e sangue agora são apenas crianças inocentes salvas por adultos.