Gabriel.Maia 23/09/2022
O que nos torna civilizados?
A raça humana é civilizada por natureza e o caos a corrompe ou somos caóticos por natureza e as regras e a política nos tornam civilizados? O que torna uma pessoa o líder de um grupo/nação? Quanto tempo conseguiríamos nos virar se não tivéssemos mais que seguir regras e costumes das nossas sociedades? O autor nos apresenta esses questionamentos usando uma situação um tanto quanto incomum: Várias crianças britânicas (todos meninos, entre 6 e 12 anos) são vítimas de um acidente aéreo que as deixa náufragas em um ilha desconhecida, sem nenhum adulto e sem nenhum conhecimento básico de sobrevivência, fazendo com que várias desavenças surjam da convivência e da disputa por poder, que parece ser inevitável em qualquer ambiente com mais de um ser humano.
O livro nos apresenta 3 formas de liderança: a liderança carismática que é personificada em Ralph, o menino mais alto, forte e popular, a liderança inteligente, personificada em porquinho, o mais inteligente e esperto da turma, porém com péssimas capacidades físicas e sem nenhum carisma, e, por fim, a liderança forte, personificada em Jack, forte e imponente, que não gosta de ser comandado e segue suas ideias com paixão. Ralph é escolhido como líder por unanimidade por seu carisma, o que não é incomum de acontecer na vida real, e decide que o principal objetivo deles na ilha deve ser manter uma fogueira acesa 24 horas por dia, para que a fumaça possa alertar qualquer navio que passar por perto para que sejam resgatados. Porquinho ajuda bastante, apesar de ser muito zoado por sua forma física, emprestando seus óculos para que possam acender o fogo e dando várias ideias inteligentes para Ralph. Jack, pelo contrário, começa as suas desavenças com Ralph bem cedo, alegando que o foco deve ser caçar alguns porcos que vivem na ilha, e que eles não podem passar só de frutas e peixe, o que começa a abalar as estruturas dessa relação, que irá implodir de vez do meio para o final do livro.
Ralph é um bom líder, faz de tudo para manter a fogueira acesa e para manter tudo em ordem, porém descobre bem cedo que lidar com pessoas não é nada fácil, mesmo que sejam crianças. Apesar de seus esforços e de todas as reuniões que eles fazem, as coisas parecem sempre dar errado e a organização, que já era pouca, acaba de vez, resultando no mais completo caos.
Esse livro me fez pensar bastante, tem uma plot ótima e bons personagens, porém a ambientação foi o que fez minha nota ser tão baixa. Eu não consegui imaginar a ilha, não consegui me localizar em momento algum devido às descrições confusas e prolixas do autor, fazendo com que eu ficasse totalmente perdido e tivesse que reler várias partes, até que desisti e fui empurrando com a barriga, acompanhando apenas o enredo. Não sei se isso foi proposital, para causar uma sensação de desconforto, ou se é o estilo do autor mesmo, porém não me agradou nem um pouco. Entretanto, como eu disse antes, a plot é maravilhosa e faz vários paralelos com a vida real, e nos faz pensar em porque seguimos as pessoas que seguimos. O que elas nos oferecem em troca de nosso companheirismo e o que aconteceria se parássemos de as seguir e nos entregássemos ao caos? São perguntas relevantes e o autor nos dá sua visão nos capítulos finais, que não me deixaram desgrudar o olho do meu kindle.
Enfim, a história é ótima e vai te trazer ótimas reflexões, desde que você não se importe muito com a ambientação caótica e resista à primeira metade, que é bem parada.