Sté 20/08/2022
Não tenho medo de monstros imaginados, mas de pessoas reais
?Vai ver eles sabiam pra onde a gente estava indo. Mas ninguém sabe onde a gente está agora, porque a gente nunca chegou aonde ia", p. 36
Esse livro é único, gostei demais. O desenrolar que mostra cada vez mais o interior humano, que não é nada bonito.
Um grupo de garotos com idades entre 6 e 12/13 anos acaba preso em uma ilha desabitada, são todos ingleses e precisam descobrir como sobreviver até que sejam resgatados.
O que impressiona é como o ser humano pode cair em um estado de completa selvageria se retirado de um ambiente minimamente estável. A história é ficcional, mas está muito mais próxima da realidade do que podemos imaginar. A ganância pelo poder, a liderança pelo medo, a violência como forma de controle, são todos aspectos presentes na obra, mas infelizmente observados em nossa sociedade com tanta frequência que chega a assustar.
Essa história me lembrou o caso dos meninos de Tonga, uma ilha Polinésia, região com mais de cem ilhas. Eles pegaram um barco, fugindo da escola e acabaram naufragando em uma ilha também desabitada. Mas diferente dos garotos do livro, eles se saíram muito bem e sobreviveram com maestria por mais de 1 ano. Eles tinham regras que eram cumpridas, também tinham um certo conhecimento de trabalho manual e assim conseguiram construir vários objetos que facilitaram a vida no lugar.
Acho interessante frisar que esses rapazes vem de um sociedade com uma cultura bem diferente da cultura inglesa (do livro) ou mesmo da nossa, acredito que isso influenciou muito no modo como se comportaram ante as adversidades.
Enfim, o livro é uma experiência que nos leva aos lugares mais íntimos do comportamento humano, é assustador e real.
"... chorava o fim da inocência, as trevas do coração humano, e a queda no abismo do amigo sincero...", p. 215