Tornar-se Negro

Tornar-se Negro Neusa Santos Souza




Resenhas - Tornar-se Negro


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Daiana.Gaignoux 29/05/2021

Apesar de me interessar muito por Psicanálise, a sentia muito distante da realidade que vivemos e dos locais que pretendo atuar profissionalmente. Infelizmente, demorei a conhecer essa obra de Neusa e as de vários outros intelectuais negros, cujos trabalhos falam ou não sobre questões étnico-raciais - o curso de Psicologia, tanto os docentes quanto as referências bibliográficas, são tão brancos e ocidentais que às vezes chegam a não fazer sentido!
A autora explicita brilhantemente como se dá a busca dolorosa e sem fim pelo Ideal do Ego, ou seja, se encontrar o mais próximo possível da branquitude, e os custos psíquicos desse processo para o negro brasileiro que buscou a ascenção social.
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Giovanna Pina 14/05/2021

Neusa traz uma análise do negro em ascensão social a partir do olhar da psicanálise. Retrata de que forma o pensamento eurocentrico cristalizou, por décadas, um ideal de ego inalcançável para mais da metade da população brasileira, a população negra. E de que forma essa incapacidade de se alcançar os padrões de beleza e poder geraram uma série de inseguranças e problemáticas psicológicas e sociais.
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Lau 19/04/2021

"Tornar-se negro" está sendo, para mim, o ponto de partida para um estudo mais aprofundado das relações raciais no Brasil, mais que qualquer aula que já tenha assistido na faculdade ou antes dela. Sinto que aprendi muito com esse livro.

É uma obra elucidativa: a motivação por trás das pautas dos movimentos negros nunca ficou tão clara pra mim, por mais que eu acompanhe as infinitas discussões sobre o tema na internet. Também foi esclarecedora na sua exposição dos conceitos teóricos da Psicanálise, os quais eu não havia compreendido direito até então, feita de forma objetiva e aplicada.

Com certeza, a autora faz uma grande contribuição para a abordagem e para a sociedade mais ainda.
dani 19/04/2021minha estante
Obrigada pela resenha! Preciso aprender mais.




gislele 23/03/2021

Extremamente necessário
Para quem se interessa por psicologia, psicanálise e por pautas raciais no Brasil recomendo muito! Uma leitura extremamente importante e essencial que aprofunda sobre a ascensão social do negro no Brasil e como isso afeta o psicológico e suas percepções acerca de ser negro.
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Leticia 11/02/2021

Vir a ser...
Neusa Santos Souza foi um grande nome da Psiquiatria e da Psicanálise, dois campos de saber que são prioritariamente brancos e Neusa em sua pesquisa falou algo que por muito tempo não vou ouvido, valorizado e até mesmo reconhecido como deveria pela área acadêmica. Eu, particularmente, sendo da Psicologia, ao terminar de ler Tornar-se negro percebi de maneira muito triste e dolorosa que nossa formação não valoriza autores e pesquisadores negros, como Neusa. Não estudamos isso na graduação, talvez no máximo em grupos de estudos que estão por fora da grade curricular. Essa obra mostrou de maneira crua e detalhada os inúmeros aspectos afetivos dos negros e como esses aspectos são invisibilizamos e massacrados desde cedo diante uma imposição de ideal branco que vem de todos os lados.

Tornar-se negro é uma obra necessária.
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Hannah Bastos 10/02/2021

Tornar-se Negro
Neusa Santos Souza foi uma psicanalista e psiquiatra negra brasileira comprometida com a militância e movimentos negros. Nasceu na Bahia e mudou-se para o Rio de Janeiro, local onde realizou um mestrado, do qual resultou a materialização deste livro-estudo. Em 1983, editou o livro "Tornar-se Negro ou As Vicissitudes da Identidade do Negro Brasileiro em Ascensão Social". A autora expõe a relação do trauma emocional — e físico —, que está diretamente ligado à ascensão do negro dentro de uma sociedade racialmente hierarquizada como a brasileira; portanto, afiadamente pugnando o mito da democracia racial.

Em muitos momentos, o livro me transporta para as minhas próprias memórias e para o presente imediato. É um livro pequeno, contudo não se deixem enganar — a Drª Neusa é potente, é mulher negra, é militante que organiza o seu pensamento e discurso, parindo, desse modo, uma narrativa eloquente. Os depoimentos das pessoas negras em ascensão social contidos no livro são pedagógicos e, nos possibilitam entender a construção teórica que a autora demonstra ao longo do seu estudo. Notamos elementos em comum nos 10 depoimentos apresentados no livro, em que a ascensão do negro no Brasil exigiu uma separação desse individuo com a sua comunidade, o que gerou uma ascensão individual, na qual o afastamento da identidade/comunidade negra é versamente proporcional à aproximação da branquitude (não significando que sejam aceites por parte destes). Constituindo um profundo fosso entre os negros assimilados — os "negros-brancos" —, e os negros. O "negro-branco" que se considera em um patamar acima, utiliza o discurso da democracia racial para condenar e julgar os negros que não se "elevaram na vida". A fratura na comunidade é profunda, pois produz hostilidade e ilusões — crer na aceitação do negro como branco.

Para um leitor não familiarizado com alguns conceitos das ciências sociais (psicologia, psicanálise, sociologia), como foi o meu caso, pode sentir alguma dificuldade que, certamente não atrapalhará na leitura; pelo contrário, pode tornar-se um convite para mais pesquisas e estudos.

Considero que o contato que tive com o livro "Memórias de Plantação", da também psicanalista e artista negra Grada Kilomba, preparou-me para a linguagem do "Tornar-se Negro...", que me pareceu ser um mais academicista. Ambos os livros mergulham em uma temática de busca urgente pelo entendimento e necessidade da construção da negritude. As autoras utilizam método de estudo semelhante: estudo de caso a partir de depoimentos de pessoas que são entrevistadas. Contudo, cada livro tem as suas particularidades e abrem-se singularmente para outros elementos conectados com a busca da negritude.

É um discurso que revolve o emocional do indivíduo negro do começo ao fim, pois trata-se da demonstração de como, nós, sujeitos negros, nos vemos através da lente do branco como modelo, iniciando um teatro identitário, no qual o espelho, o Ideal a ser atingido, é branco. Assim, principia-se o tormento do sujeito negro — ter um Ideal (imposto) inatingível, que resulta em uma ferida na psique do negro, um desequilíbrio contínuo no emocional.

A ressignificação da perspectiva, valores e referências do negro se faz mais que necessária, configurando-se no reavivamento da sua história, a busca pela construção da sua identidade pautada "(...) a partir da voz de negros que, mais ou menos contratória ou fragilmente, batem-se por construir uma identidade que lhe dê feições próprias, fundada, portanto em seus interesses, transformadora da História — individual e coletiva, social e psicológica."

Esta leitura é um antídoto. Cada página pede reflexão. Sinto que voltarei para esta leitura outras vezes, pois acredito em um processo de transformação contínua. Uma leitura imprescindível para perceber a construção da subjetividade do negro no Brasil.

" Assim, ser negro não é uma condição dada, a priori. É um vir a ser. Ser negro é tornar-se negro."
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Samael 02/11/2020

Essencial para o entendimento do psiquismo negro
A autora lança mão da teoria psicanalítica sobre o Ideal do Ego e da teoria materialista histórica sobre ideologia para analisar 10 estudos de casos sobre negros em ascensão social no Brasil. A escrita da autora é fluída, direta, demonstrando domínio teórico do assunto e cuidado com o rigor metodológico na médica do possível.

É um ótimo livro para se pensar sobre o psiquismo negro, tanto para o público "leigo", quanto para estudantes de psicologia, uma vez que, em geral, o curso aborda pouco ou quase nada sobre relações raciais.
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Janaina 24/09/2020

O livro apresenta relatos e pessoas negras em ascensão. A autora mostra que essas pessoas não se setem confortáveis em serem negros, tendo uma busca por uma identidade branca.
A autora posteriormente excluí essa ideia e não concorda com o escrito no livro.
A leitura não fluí
Lau 19/04/2021minha estante
Pq vc acha q a autora se contradiz?




Cleide 24/08/2020

Um livro necessário
Essa é uma brilhante obra que analisa os impactos do racismo onde as pessoas normalmente não enxergam.

Neuza nos mostra como nos embranquecemos à medida que ascendemos socialmente, não só de forma física, mas também psicologica. À medida que galgamos posições sociais mais altas (e também para conseguirmos atingi-las), passamos a nos comportar como brancos e a negar nossa negritude.

Quem nunca diminuiu o tom para não parecer a "negra barraqueira"? Quem nunca renegou o funk, o pagode e se disse admirar só a bossa nova e outros estilos embranquecidos para demonstrar sua superioridade intelectual (aka, sua distância do negro e sua proximidade com o branco)?

São desde pequenas coisas do cotidiano até grandes decisões de vida, que tomamos à imagem e semelhança da branquitude a fim de sermos aceitos e valorizados. E isso se dá porque nossos referenciais positivos nos foram roubados - não temos origem, não temos nome, cultura, costumes, tudo antes da escravização foi apagado e o único referencial de história negra que aprendemos é o sofrimento, a escravização.

Assim, só restam imagens e ideais positivos brancos para perseguimos, um padrão branco imposto que nos leva a nos negarmos diariamente de forma muito dolorosa.

Por isso é preciso tornar-se negro. Tornar-se negro é voltar às suas raízes para, a partir delas, projetar futuro com amor. É criar imagens positivas negras para abandonar os ideias da branquitude e não se esforçar para se moldar a eles, pois isso é absolutamente violento e castrador. É se permitir viver quem você verdadeiramente é. E isso é muito difícil.

Agradeço muito à Neuza por ter escrito esse livro.
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Canuto 16/08/2020

Excelente trabalho
Um excelente trabalho de Neusa Santos Souza que articula psicanálise e racismo de uma maneira bem fácil de entender e com bastante competência.
O livro conta ainda com uma ótima apresentação de Jurandir Freire Costa.
Só não gostei muito do texto do Baremblitt na conclusão, pois achei a escrita muito difícil. Entendi quase nada (rsrs).
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becaestrela 27/07/2020

Necessário
Mais uma leitura necessária e aguardada. Nessa breve obra, Neusa Santos Souza analisa o psicológico do negro que ascende socialmente, através da perpectiva da psicanálise. Construindo reflexões teóricas a partir de falas de entrevistados selecionados, a autora elucida diversas questões sobre o âmbito psicológico da população negra, viés não comumente explorado na época.
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Luiz 23/07/2020

Dolorido
Li "Tornar-se negro" na esperança de suprimir, com alguma racionalidade, as angústias que tem surgido da minha reconstrução enquanto homem negro (e gay?) no mundo. Apesar de ser interessante ver a visão da psicanálise sobre essas questões, é muito triste ler esses relatos, mas ainda mais surpreendente é me encontrar em todos eles; é ver espelhado neles, às vezes quase em integridade, os discursos que já tive sobre mim. Que fique claro, de qualquer maneira, que entre os diversas expressões do livro, aquela em que mais me encontro, hoje, é a de esperança.

"Num contato direto, vi e ouvi pessoas entristecerem-se, baixarem e levantarem a voz, calarem-se de repente, afogadas de emoção. Vi sorrisos que, inequivocamente, ocupavam o lugar do choro. Vi raiva, dor, perplexidade e, vez por outra, esperança"

Obrigado, Neuza. Sinto muito pela sua partida.
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pi 09/07/2020

https://drive.google.com/file/d/1ipjmQdGOEznkhHMPfuNk2-ADGIOCbBP9/view?usp=sharing
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Laris 03/07/2020

Leitura obrigatória
Neuza Santos Souza nos apresenta seu trabalho a partir de estudo de caso de 10 entrevistas.

Se você, assim como eu, for uma pessoa negra, vai se identificar em algum relato apresentado. São dezenas de reflexões a partir da leitura, Neuza pontua que ser negro é um vir a ser, um tornar-se, pois temos que reconhecer essa negritude.

É um processo que temos lutar contra o embranquecimento de anos para entender quem somos, pois nos ensinam que ser uma pessoa negra é receber dezenas de estereótipos negativos.

Como Neuza pontua em seu último texto, precisamos lutar. Um leitura que deveria ser obrigatória.
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TatianaRJ 03/07/2020

Neuza consegue tocar a ferida. Mas essa ferida precisa mesmo ser tocada. Há uma democracia racial inexistente e que precisa ser repensada, ser desconstruída, ser abolida. Nunca existiu.
Os depoimentos ajudam neste sentido. São potentes. São tocantes. São necessários.
Missão cumprida e com louvor!
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