Tornar-se Negro

Tornar-se Negro Neusa Santos Souza




Resenhas - Tornar-se Negro


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hugaoo 07/05/2020

(DES)ENCORAJADOR ? - O DESMORONAMENTO DO SER ANTE À CONSCIÊNCIA CRÍTICA
O livro toca fundo nas feridas. Denuncia o racismo de forma elevada. Te convida à autodescoberta, te encoraja ao resgate de sua ancestralidade. Diz até profundidades do nível "seus primeiros podem ter feito de você uma caricatura de branco, rompa com eles". Mas o suicídio da autora e sua negação de falar sobre várias questões pertinentes ao sofrimento psíquico dos negros (entre outras) no programa Espelho comandando por Lázaro Ramos e Sandra Almada e até mesmo a resposta de que "não republicaria o livro" me socaram o estômago. Acho que consigo entender o que ocorreu à Neusa - com uma boa dose de soberba intelectual - como o desmoronamento do ser que fala Paulo Freire em seu brilhante "Pedagogia do Oprimido", quando se questiona se a conscientização de uma situação existencial concreta de injustiça não seria capaz de conduzir os então conscientizados a um "fanatismo destruitivo" ou a uma "sensação de desmoronamento total do mundo em que estavam".
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Guaranádoamazonasémassa 14/03/2020

O livro é incrível. O prefácio de Jurandir Freire Costa, apesar de um pouco denso, é perfeito. Li duas vezes. Tornar-se negro me despertou uma certa confusão, tendo em vista que seu início, para os que não são da psicanálise em especial, é massivo mas, os capítulos que sucede não. Alguns pontos do livros já não são tão interessantes para alguns acadêmicos por já serem bem debatidos nas redes sociais. Entregando, é uma leitura válida sim. Pretendo usar várias vezes para consultas.
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Bruna.Menegildo 21/02/2019

"Ser negro é tornar-se negro"
Um ótimo livro pra quem esta em processo de autodescoberta como negro.
O livro aborda uma pesquisa feita pela psicanalista Neusa Santos Souza sobre as questões raciais envolvendo a ascensão do negro numa sociedade branca e as dificuldades de autoaceitação.
Uma leitura Obrigatória pra quem é negro e pra quem ta em busca de entender como surgiu esse auto-ódio que nos persegue por tanto tempo.
Recomendo.
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Mateus295 10/01/2019

"Ser negro não é uma condição dada, a priori. É um vir a ser. Ser negro é tornar-se negro"
"[...] Ser negro não é uma condição dada, a priori. É um vir a ser. Ser negro é tornar-se negro".

Ano passado comecei a pensar mais atentamente às questões raciais como um processo de autodescoberta, de ir atrás de me encontrar e me identificar. O que neste livro eu entendo como quebrar as interiorizações do Ideal de Ego, pautado na valorização de valores brancos, e buscar uma ressignificação nova e coerente com o corpo negro. Desta forma, me estimulei a cumprir uma meta de ler ao menos um livro por mês sobre questões raciais, "Tornar-se negro" foi o primeiro.

O livro trata-se de uma pesquisa pensada por Neusa Santos em que ela alia o reconhecimento da identidade negra com a ascensão social no Brasil. Antes de tudo, ela demonstra como é difícil os negros se identificarem como negros, quando o Ego Ideal faz com que eles neguem todos seus valores e atitudes para aderir conceitos perpetuados por brancos. Isso porque, só dessa forma eles conseguiriam ascender socialmente. Para ser um negro bem-sucedido na fase pós-abolicionista você teria que continuar perpetuando o comportamento dócil, submisso, sereno que eram colocados para os escravos.

Muitas ideias são postas ao longo do livro que nos fazem refletir como o negro é totalmente esvaziado e posto para reafirmar hábitos de brancos ou incentivados a fazerem melhor para serem "aceitos" na sociedade. É usado até o termo de perder a cor, quando um negro passa a ascender. Mas esse processo vai muito além quando os negros começam a negar seu corpo, e aí surge o mito negro com discursos como: "beiço grosso", "nariz chato e grosso", "cabelo ruim", "bundão", "primitivismo", "potência sexual", e por aí vai. O que gera os esforços para enganar esses traços exteriores, como afilar o nariz e alisar o cabelo.

"Alguns estereótipos que constituem a mitologia negra adquirem, a nível do discurso, uma significação aparentemente positiva. O "privilégio da sensibilidade" que se materializa na musicalidade e ritmicidade do negro, a singular resistência física e extraordinária potência e desempenho sexuais, são atributos que revelam um falso reconhecimento de uma suposta superioridade negra. Todos estes "dons" estão associados à "irracionalidade" e "primitivismo" do negro em oposição à "racionalidade" e "refinamento" do branco".

O livro é permeado por falas que a autora conseguiu de 10 jovens negros em ascensão no Brasil. Essas falas tomam maior forma no final do livro, parte em que suas falas são separadas em temas privilegiados: representações de si (definições, fantasias e estereótipos sexuais, representação do corpo, o mulato), das estratégias de ascensão (ser o melhor, aceitar a mistificação [perder a cor, negar as tradições negras e não falar no assunto]) e do preço da ascensão.

"Tornar-se Negro" é um livro introdutório muito importante para quem quer começar a entender como a questão racial impacta os negros e como o racismo está nas entrelinhas, não apenas nas atitudes externas como em atitudes próprias do negro. Acredito que o livro tenta explanar como a identidade negra foi perdida pela assimilação dos valores brancos como sinônimo de certo a se fazer para dar certo na vida, mas ao mesmo tempo estimula que isso seja mudado, que encontremos o nosso verdadeiro Ideal de Ego. Leitura importantíssima.
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Roseane 21/07/2018

Eu me torno a cada dia
Neusa Santos Souza foi uma pesquisadora muito respeitada. Com cerca de 60 anos de idade, suicidou-se sem antes jamais ter dado sinais de depressão ou de que pudesse um dia recorrer ao gesto extremo de tirar a própria vida.

Em seu livro trás para o debate a branquitude, o mito da democracia racial e as sequelas emocionais de negros que rechaçam a própria imagem em busca de um padrão, que não é o negro. Não existe democracia e sim uma ditadura racial onde o referencial é o branco.

Neusa, mulher negra, militante, trabalhadora da saúde mental fez o trabalho utilizando o método estudo de caso e a técnica de história -de-vida, assim ela entrevista 10 pessoas negras do Rio de Janeiro que estão em ascensão social.
Ler esse estudo é como se estivesse lendo a própria mente. Todas as situações aqui relatadas ou é vivenciada ou testemunhada pela população negra em ascensão.

Aqui fala- se em ser negro dentro de uma sociedade branca. O branco é lido como padrão e como única possibilidade de ?tornar-se gente?.

Para isso existe o desconhecimento e negação de toda uma história e ancestralidade. Propositalmente a história do povo negro vem sento contada por livros escritos por pessoas brancas onde a trajetória inicia-se com a escravidão, o negro é inferiorizado, subjugado, desumanizado, infantilizado. Ao ascender socialmente, tem-se a intenção de romper com todas essas desqualificações inicia-se o processo de deixar de ser negro.
Geralmente esse processo de inicia em casa, na família, no local de convívio:
*penteia esse cabelo, tá parecendo uma negrinha
*passa um creme nessa perna, tá parecendo nega de morro
*se arruma direito tá parecendo um preto
...

Ser o melhor é uma das perspectivas pra compensar seu ?defeito? porém ser Branco lhe é impossível então cria-se um ciclo de auto desvalorização, timidez, retraimento, ansiedade, submissão...

A identidade negra é um processo em construção. Oxalá estamos mais avançados do que em 1983 quando foi feito a pesquisa. Esse avanço só foi possível quando nós tomamos de assalto o protagonismo de nossa história. Passamos nós a escrever e contar a nossa história.

Ainda temos muito que crescer, como conclui a autora ?ser negro não é uma condição dada, a priori. É um vir a ser. Ser negro é tornar-se negro.?

Livro essencial para quem estuda auto cuidado, saúde mental da população negra, auto ódio, reprodução de racismo pela população negra...
Bons estudos
Cleide 24/08/2020minha estante
Maravilhosa sua resenha


Millet 25/11/2023minha estante
Excelente perspectiva




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