Andreas.Caycedo 09/04/2023
A obra fala por si só
Não sei o que dizer sobre Watchmen que já não tenha sido dito. Magistral, abrangente, aborda diversos tópicos que mexem com sua cabeça, desde as tensões num mundo à beira do colapso ou questionamentos quanto ao papel dos super heróis na sociedade.
Mesmo sendo uma obra bem oitentista, devido a temática forte de Guerra Fria, ainda é algo palpável num mundo cada vez mais polarizado, onde até mesmo os que dizem não acreditar na moral de certa forma tem seu viés e acreditam serem os donos da verdade e que os que discordam devem ser erradicados. Isso sem falar no momento atual da cultura popular, em que estamos adentrando no pós-febre de super heróis no cinema. A vida, definitivamente, imita a arte, embora não de maneira ipsis literis.
Quanto aos personagens, é um mais marcante e cheio de nuances que o outro. Mesmo o que aparenta ser mais simples, o Coruja, é super bem escrito. Obviamente os mais fascinantes são o Dr. Manhattan e Rorschach. Meus capítulos favoritos são justamente os que abordam as origens de ambos, tanto a história fantasticamente escrita de forma não-linear do Manhattan quanto o estudo sobre a psique cauterizada e degradada do Rorschach. Meu momento favorito de todos, no entanto, é o monólogo do Manhattan quanto ao milagre termodinâmico que é a vida. Alan Moore pega um discurso clichê e o renova numa poesia profunda.
Quanto ao final, amo sua ambiguidade, onde nos perguntamos o que aconteceu com essa tentativa de utopia iluminista do Ozymandias e se alguém acreditou nos registros do Rorschach, que foram publicados numa revista tendenciosa. Eu tomo esse como o ponto final desse universo, apesar de dizerem que a série oferece uma sequência a altura. Como ainda não vi, não posso julgar.
Nota: 10/10
Há muito mais que eu queria escrever sobre Watchmen, mas me faltam palavras.
Apenas leiam essa obra prima e testemunhem por si próprios.