Watchmen

Watchmen Alan Moore...




Resenhas - Watchmen


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Regis 04/11/2022

"Não enfrentes monstros sob pena de te tornares um deles..."
Relendo Watchmen após anos, percebo que continuo me sentindo encantada com a escrita do Alan Moore, as cores do John Higgins e a arte do Dave Gibbons. Lembro como essa história em quadrinhos mexeu comigo e vejo que nada mudou.
Adoro o roteiro e a arte me encanta!

A beleza da construção dos personagens a deferência do enredo principal se interligando com os subenredos com perícia e excesso de cuidado.
A história vai crescendo e chegando ao auge da paranoia, você sente o caos se instalando e se tornando insustentável, como se os céus carregados estivessem a ponto de se romper e liberar a maior de todas as tempestades. Quando termina o capítulo onze, o olho do furacão se abre e os ventos estão prontos para deixar tudo de cabeça para baixo. Mas antes que aconteça, por um breve instante, tudo parece inerte.
O autor se expressa de modo grandioso a cada quadro, e encerra tudo suntuosamente. Deixando para trás  uma rica discussão sobre a ética punitiva  de Rorscharch e o utilitarismo de Ozymandias.

Ozymandias com sua lógica utilitarista, sua paz alicerçada na mentira e no sacrifício de milhões, acredita (com seu ego megalomaníaco), que o fim justifica os meios: "Duas superpotências desistindo da guerra (EUA e URSS). Eu salvei a terra do inferno. Nós salvamos (...). Agora podemos voltar a cumprir nosso dever."
Vê o mundo como um organismo a ser controlado por ele.

Enquanto, Rorscharch segue o princípio simples de que: O mal deve ser punido.
Ele está sempre em busca da ordem moral, da justiça.
"O nosso dever é fazer justiça, todos vão saber o que você fez!"

Rorscharch morre por entender o que seus companheiros não entendiam: Não é necessário viver, mas é preciso que, enquanto vivemos, o façamos com honra.

E entre os dois temos o Dr. Manhattan, um personagem profundo, niilista, um deus, "Deus existe e ele é americano". A verdadeira bomba atômica com poderes divinos, que provoca seu próprio dilúvio ao abraçar a paz mentirosa de Ozymandias.
Todo o poder, a fala mansa e postura meditativa de Jon, causam ao leitor uma sensação de devastação, um sentimento de insignificância diante do personagem.
E tem algo na ideia de que a Espectral é seu único elo emocional com o mundo que me deixa desconfortável. Afinal antes de ser desintegrado ele era tão humano quanto qualquer um.

Ainda temos o Comediante, a Espectral, o Coruja e outros, mas escolhi falar apenas dos que realmente me causaram impacto e que voltam a minha memória com mais frequência quando debato sobre a história nas rodas de amigos ou penso sobre ela.

Alan Moore criou um estranho panteão de seres extraordinários que vão continuar ecoando em minha memória.
Essa Graphic Novel arrebata o leitor mostrando que uma história em quadrinhos pode ser tão profunda e importante quanto o romance mais célebre.

É uma leitura maravilhosa! Recomendo muitíssimo.

Obs: Adrian diz que o único ser com quem sentia afinidade era Alexandre da Macedônia, foi de onde ele tirou sua visão de mundo unificado.
Seu nome de herói:  "Ozymandias", foi o apelido dado pelos gregos a Ramsés II, o mais poderoso faraó do antigo Egito.
Indico a leitura do soneto de P. B. Shelley - Ozymandias. Ele evidencia bem onde toda megalomanía e ambição de grandeza desmedida termina.
Cleber 04/11/2022minha estante
Que resenha incrível! Também adoro essa hq


Léo 04/11/2022minha estante
Espetacular sua resenha Regis! Deu vontade de reler a hq agora.


HenryClerval 04/11/2022minha estante
Lendo essa resenha fantástica, confesso que deu saudade dessa HQ. Você está de parabéns, como sempre. Suas resenhas me fazem desejar ter tempo para todas essas leituras. ???


Regis 05/11/2022minha estante
Obrigada, Cleber! ?
E você tem bom gosto, essa HQ é ótima.


Regis 05/11/2022minha estante
Obrigada, Léo! Reler histórias que amamos faz parte da vida de leitor. ??


Regis 05/11/2022minha estante
Obrigada, por suas palavras, Leandro! ?
Também adoraria ter mais tempo para mergulhar nas minhas leituras favoritas.


Panda Paladino 21/12/2022minha estante
Além de adorar a forma com que resumiu a grandeza de Watchmen em palavras de um jeito que eu só posso sonhar em fazer, curti especificamente quando ao falar sobre Ozymandias você usa a referência do Moore sobre o personagem nos extras da HQ. Muito atencioso.


Regis 01/12/2023minha estante
Muitíssimo obrigada, Paladino. ??




Alana 06/11/2018

Alguém procurando por ele? Me chama pra negócio!
Monoki 16/11/2018minha estante
Eu queeero!


Saulo 09/01/2019minha estante
Tenho interesse


Dany 27/01/2019minha estante
Olá, eu gostaria de adquirir se ainda estiver disponível. Como poderíamos fazer? Obrigada!


Regatt 10/03/2019minha estante
Oláaa, você troca no skoob plus?


Ana 22/06/2019minha estante
Eu quero, quanto é?




Barbs 23/02/2022

Enredo genial
Já tinha visto o filme e a série mas decerto ler a HQ é imprescindível e ainda surpreendente. Os capítulos em Marte são meus favoritos.
A forma como a história é contada, os questionamentos, como o tempo se passa, as citações e referências...Mas a coisa mais admirável é a construção de cada personagem dotado de uma personalidade única e complexa, onde até mesmo o vilão não pode ser considerado a personificação do "mau". Além disso as consequências sociais, políticas e culturais da presença de justiceiros e de um "deus" na terra são minuciosamente bem delineadas, caso fosse real.
Não tenho propriedade pra falar de quadrinhos ou de super heróis, mas é evidente (e posso afirmar com certeza) que Watchmen é uma das maiores HQ's de todos os tempos.
rtpedro 23/02/2022minha estante
ja volto lendo um review desses
braba


Barbs 23/02/2022minha estante
Já leu?


rtpedro 03/05/2022minha estante
nop




Fernando Lafaiete 27/02/2019

Watchmen: A importância inquestionável da obra de Alan Moore
******************************NÃO contém spoiler******************************

Foi entre 1986 e 1987 que Alan Moore em parceria com Dave Gibbons lançou "Watchmen", a série de banda desenhada em 12 volumes que viria ao longo dos anos se tornar uma das mais importantes e influentes graphic novel de todos os tempos.

Com a política como pano de fundo, Moore constrói um universo verossímil que se passa em 1985, onde alguns aspectos são realidades, como carros elétricos, a vitória dos Estados Unidos na guerra do Vietnã, a permanência de Richard Nixon como presidente dos Estados Unidos e a existência de heróis, ou melhor dizendo, de vigilantes mascarados. Após uma lei que proíbe a existência desses humanos heróis, alguns passam a exercer suas profissões clandestinamente, alguns se aposentam, outros prestam serviços ao governo.

"Watchmen" é um mergulho pela consciência humana, onde através dos protagonistas e seus dilemas morais, vamos acompanhando uma trama de investigação policial ao mesmo tempo que acompanhamos uma tensão acerca de uma possível guerra nuclear. Após o assassinato de um vigilante mascarado aposentado conhecido como comediante, Rorschach, um de seus ex-colegas de profissão, começa a investigar a causa de tal crime. Uma das coisas mais interessantes é acompanharmos esta jornada através da narração de um anti-herói, que apesar de seus métodos questionáveis respaldados de muita violência, causa empatia no leitor.

Cada personagem tem suas camadas psíquicas e contribuem para toda a carga emocional da trama. São heróis mas não são sobre-humanos, que estão em um patamar muito acima da humanidade. Possuem medos e desejos como todas as outras pessoas que os cercam. O único personagem que transcende esta descrição humana, é Dr. Manhattan, um cientista nuclear que após ter seu corpo desintegrado por acidente, adquire poderes; como o de manipular a matéria, colocando-o na posição de homem-Deus. É através deste personagem que Alan Moore trabalha a digressão dos aspectos humanos, a manutenção do poder divino e as relações artificias que tal evento causaria nas relações de modo geral.

A construção narrativa é formada pelo desenvolvimento de uma história paralela,proveniente  da leitura de uma HQ lida por um personagem secundário, por inserção de páginas de textos de uma autobiografia de um dos vigilantes da trama, de transcrição de entrevistas, de partes de diários, partes de cartas, apresentação de fotografias e flashbacks. "Watchmen" é uma obra completa que navega por todos as curvas literárias. Uma graphic novel parte epistolar e parte narrativa convencional.

Alan Moore desconstrói toda visão que temos de heróis e super-heróis, mostrando todo o caos sócio-político que a existência dessas pessoas poderia causar. A obra-prima de Moore e Dave Gibbons, ao lado de "Batman: Cavaleio das Trevas" de Frank Miller e de "Maus" de Art Spiegelman, é responsável por elevar a importância de histórias em quadrinhos, transformando-os em romances gráficos; colocando-os no mesmo patamar de obras literárias de peso como clássicos da literatura universal.

O traço de Gibbons e a colorização de John Higgins criam um elo impecável com o roteiro de Moore. Há equilíbrio e contribuição criativa que enriquece a obra de maneira surreal. "Watchmen" é vencedora de vários prêmios Kirby e Eissner, e a única graphic novel a estar na lista dos 100 melhores romances eleitos pela revista Time desde 1923.

Ler "Watchmen" foi uma experiência incrível. Eu me apeguei demais a todos os personagens, todas as tramas e subtramas e me imergi tanto que cheguei a ficar assustado. Tal apego emocional fez com que eu fosse impacto de maneira "irreversível" pelo final. Foi um desfecho pertinente, mas confesso que me abalou muito. Eu ainda estou digerindo toda a obra e estou tentando aceitar de maneira mais madura o desfecho que me desintegrou.

"Watchmen" é certamente uma das melhores histórias que já li. Reflexiva e real de maneira divertida, obscura e assustadora. Uma obra atemporal que merece não ser apena lida, mas venerada e degustada com calma. Uma realidade gráfica muito mais próxima da nossa, do que imaginamos.
Keylla 27/02/2019minha estante
Que resenha hein, Fernando. Parabéns! Tô com ele aqui em casa me esperando! :D


Esdras 27/02/2019minha estante
Excelente resenha! :D
Já coloquei na minha lista. ^^


Fernando Lafaiete 28/02/2019minha estante
Fico feliz em saber pessoal. Esta HQ tem momentos mais lentos devido a algumas digressões e pelos diversos facsimiles presentes; mas vale tudo MUITO a pena. Cada linha e cada detalhezinho são importantes. Espero que gostem!! :)




Hideraldo Jr 01/08/2020

Por considerar este o melhor filme de super-heróis (a versão do Zack Snyder, caso existam outras) e com a ótima série da HBO, na primeira promoção que encontrei, adquiri a HQ.
E valeu cada centavo.
A história gira numa Terra real, com todos os problemas reais, e com vigilantes mascarados pra dar um caldo de instabilidade. Os temas abordados, o enredo e a arte casam perfeitamente e faz a leitura ser muito intensa.
Mesmo não sendo leitor de HQs, recomendo para todos aqueles que gostam de tramas engenhosas, cheias de mistérios e plot twists.
Watchmen é uma obra prima!
Alessandra 14/08/2020minha estante
Olá! Quanto você pagou na promocao? Tô interessada na HQ mas queria saber quanto eu consigo comprar se ficar monitorando, rs.


Hideraldo Jr 14/08/2020minha estante
Oi. R$94,50 na Amazon. :)




Junior 17/05/2022

Fora da curva
Acho muito difícil encontrar uma obra tão rica e imutável, valeu cada minuto dedicado a essa leitura..
Adriel.Macedo 17/05/2022minha estante
So vi o filme e acho fantástico, imagine a o tá original


Junior 17/05/2022minha estante
Realmente a HQ é sem dúvida bem mais complexa que o filme




Amanda.Paes 01/10/2020

Primeira HQ
Se você está procurando, como eu, começar sua caminhada na leitura de HQ não há outro caminho melhor: leia Watchmen.

Um clássico, que sem sombra de dúvidas influenciou muuuuitas outras histórias que vemos hoje.

Senti que a história se arrasta um pouco em alguns momentos, principalmente ao inserir a historia do Cargueiro no meio da narrativa (confesso que em algumas partes fiz ate uma leitura dinâmica, por que realmente achei MUITO chato).

Impossível deixar de pontuar, contudo, que alguns aspectos me incomodaram. A narrativa parece nos querer fazer concordar com argumentos de caráter preconceituoso dos personagens e o estupro que acontece ao decorrer da leitura foi romantizado e redimido. Um desserviço pra desconstrução de uma violência que já é tão estereotipada.
e os Livros 01/10/2020minha estante
Começou com a melhor de todas. Parabéns. ??


Amanda.Paes 02/10/2020minha estante
???




Tito 14/07/2010

Alguns dizem que Watchmen é uma história em quadrinhos sobre super-heróis.
Eu digo que Watchmen é uma obra-prima, um triunfo da arte narrativa, um livro que altera profunda e irremediavelmente o jeito pelo qual algo pode ser contado.
Ou seja, uma história que simplesmente muda e embaralha tudo, que remexe no mosaico formado pelas entranhas sanguíneas do espírito humano em busca de sua doença maior.
E a pergunta prossegue, sempre atual: Who watches the watchmen?
Teles 14/07/2010minha estante
Watchmen é tão bom que você até fez uma resenha grande.


Tito 16/07/2010minha estante
Teles >> Eu tô ficando prolixo. Se bem que eu poderia resumir tudo em uma só frase: "Watchmen é do c*ralho"... :-)




Isabella Yoza 07/08/2017

Surpresa positiva!
Apesar do filme ter seguido à risca a história do livro (só com algumas pequenas diferenças mas q não muda mta coisa), acho um erro assistir ao filme sem antes ler o livro. Fui completamente crua assistir ao filme, não sabia nada da história e nem de Alan Moore... conclusão... achei o filme péssimo pois fiquei perdida na história...na introdução já mostra várias cenas de forma mto rápida q no livro vc vê mais a frente e fica melhor pra entender... e é um filme mto longo, só quem gosta mesmo para vê-lo... nem me lembro se cheguei a ver o filme todo na primeira vez... depois de muitos anos, após ler várias recomendações, decidi ler o quadrinho... conclusão... apaixonei!! Apesar de, como já disse, o filme ser bem fiel ao livro, o livro é muito mais rico na explicação, nos detalhes (como sempre né, mas nesse caso acho que faz mta diferença) no livro é possível entender mais profundamente cada personagem, o contexto histórico em que se passa...e tudo faz muito mais sentido... A desconstrução da imagem de "heróis" (se é q podemos chamar de heróis) num dilema sobre a vida e a solução para a paz, é genial!
Bazz 15/08/2018minha estante
O ultimate cut resolve muitos desses problemas. Vi o filme primeiro (corte do cinema) e achei bom, mas nada demais. A segunda vez vi o filme completo e achei uma obra prima. Daí que fui ler a HQ. Inclusive era a ideia do Zack Snyder (diretor do filme) levar mais gente para o original.




Bruno Chagas 29/05/2009

A Humana Desconstrução do Heróico
Comecemos pelo começo. O ser humano é uma criatura comunicadora e, dentro desta habilidade básica, desenvolveu meios para que a mensagem a ser transmitida chegasse ao receptor. Daí a emissão de sons, as pinturas rupestres, a escrita… Os modos de se comunicar e expressar idéias evoluiram e estão evoluindo de modo assombroso. Nestas considerações, não se pode enxergar histórias em quadrinhos como um meio menor. A arte se manifesta das mais diversas formas, através das mais variadas ferramentas e não é à toa que a chamada nona arte foi apenas o meio inicial encontrado para expressar algo digno das grandes obras literárias. Foi só o ponto de partida para algo que nasceu relevante e revolucionário. Foi onde surgiu Watchmen e, em contrapartida, Watchmen atingiu ramos que transpassaram e evoluíram o formato até então convencional.

O enredo se passa em um tipo de Estados Unidos “alternativa” da década de 80, durante a Guerra Fria, onde a presença de heróis mascarados e super-heróis (personificados, no caso, na figura do Dr. Manhattan) influenciaram a cultura, a economia, a tecnologia e mesmo o desenvolvimento político. Graças à presença do Dr. Manhattan, o único ser verdadeiramente com poderes. podendo controlar a matéria de forma quase divina, o país venceu a guerra do Vietnã. Juntando este fato a um escândalo do Watergate que nunca aconteceu por conta do assassinato misterioso de dois repórteres do Washington Post, o Presidente Nixon está já um longo período na presidência. No início da história, o heróis estão em grande parte aposentados por conta de uma lei que exigia que todos os “aventureiros fantasiados” se registrassem no governo. O ponto de partida da trama se dá com o assassinato de Edward Blake, o Comediante, que o vigilante renegado Rorschach decide investigar com a suspeita de uma conspiração maior, que se revela além até mesmo do que ele esperaria.

“Só uma história de heróis” não é o melhor modo de definir a obra idealizada por Alan Moore. Watchmen desconstrói os mitos dos heróis e super-heróis e os apresenta em sua visão peculiar de como heróico e icônico pode ser apenas humano e como o divino ou o lógico pode transcender nossos conceitos do certo e errado. A história poderia ser, por exemplo, sobre heróis lendários e o panteão olímpico que o resultado seria o mesmo. Os próprios épicos contos gregos já mostravam que há o falho e o contraditório mesmo no divino e como seres excepcionais e ações humanas podem mudar o curso da história. São parábolas de seu tempo, que não exploram nada menos que a humanidade em si. Watchmen é exatamente isso, um conto de proporções épicas sobre um tempo e uma mitologia específica. No caso, uma bem mais atual, que substitui os olimpianos e que para muitos causa fascinação, identificação e mesmo vazão para um mundo que se dá a liberdade de ser uma alegoria ao nosso próprio.

O que é ser herói? Épocas diferentes, ideologias diferentes e ocasiões diferentes definem que é digno do título de heroísmo. Até mesmo para aqueles que possuem valores dentro do moralmente dúbio ou das quais as ações são questionáveis. Se o soldado em guerra se destaca no combate e abate um grande número daqueles que, como ele, estão ali para matar em serviço às ordens de seus países, ele é um herói que cumpriu seu dever. Jesus Cristo é muito mais que um herói para muitos, assim como Hitler é o herói para alguns. Watchmen explora e desconstrói estes conceitos. Seria o herói o homem comum e falho que busca fazer a diferença em seu mundo? Seria aquele obcecado pela sua visão do certo e inquestionável e que vai até o fim para defendê-la ou aquele que acredita que um bem maior às vezes vem do que poderia ser moralmente controverso? Talvez o deus que se omite por estar distante demais dos mortais, se desvencilhando de convenções humanas puramente culturais?

O Comediante é um exemplo claro de que o que se julga por heroísmo ou bandidagem é uma simples questão de ponto de vista ou ocasião. Ele não tem vergonha de ter tido ações tão corruptas quanto às de um policial que veste a farda, mas que nem por isso está fazendo a lei ser cumprida. É um herói do ponto de vista político, pois defendeu, à sua conveniência, interesses específicos. Combateu vilanias do mesmo modo que pode fazer um policial que recebe propina. Ele representa o contraditório e, mais uma vez o comparando com um oficial, é o exemplo mais claro de usar um uniforme não faz da pessoa necessariamente correta ou cumpridora do que seria a essência básica da sua função. Por que no caso dos denominados “heróis” seria diferente? O Comediante representa o “american way” em sua faceta mais rasteira, ardilosa e controversa.

Exemplos, referências e metáforas quando se fala do homem comum sob o espectro peculiar de Watchmen. Desde o Coruja, que parece ter perdido algo e que só reencontra sua confiança por detrás de seu manto até Ozymandias, que em seu impulso de realmente salvar a humanidade dela mesma, faz jus à sua alcunha de homem mais inteligente do mundo usando contra a humanidade um artifício da qual ela própria se vê a mercê todos os dias sob as mais diversas formas. Há também o obcecado Rorschach, alguém que vê a vida de modo tão monocromático quanto sua máscara e que luta até o fim pelo purismo que julga correto, em detrimento do que considera podre. Há modo mais interessante de se vislumbrar o que é o conceito heroísmo? De perto, o que é isto, afinal? O termo por si só, como já citado, é controverso e passível de interpretações dos tipos mais variados. Mas a história vai além, fala sobre desprendimento, frustração, esperança, facetas morais tão diversas quanto à própria natureza de todos nós e, por fim, mas não menos importante, sobre sacrifício.

A graphic novel Watchmen usufruiu de tudo o que o veículo “história em quadrinhos” tinha ao oferecer em termos visuais e de narrativa, até o desenrolar do roteiro e concessões que o meio permite. A história de piratas “Contos do Cargueiro Negro”, lida por um garoto sentado ao lado de uma banca de jornais, nada mais é do que uma metáfora à própria história principal em si e ao seus protaganistas, mascarados ou não, conversando com os eventos que correm simultaneamente. A HQ toma emprestados ainda elementos literários que, concebidos por um feliz viés do acaso, complementam o universo, fazendo com que as referências bibliográficas ficcionais, escritas pelo próprio Alan Moore, tornem o mundo de Watchmen mais completo e tridimensional. Considerando tudo isto, é claro que em uma versão para cinema nem tudo poderia ser transposto de forma literal. A mudança de formato impede isto. A questão é: poderia ser adaptado? Ou melhor, levando em consideração o capital necessário, a necessidade de lucro e a mentalidade hollywoodiana, seria possível? A primeira resposta seria “não” ou “improvável”. Mas a idéia ser tornou realidade e, sim, foi possível.

Texto original e review do filme:
http://brneo.wordpress.com/2009/04/21/a-humana-desconstrucao-do-heroico/
Doc Brown 06/06/2011minha estante
Excelente avaliação da obra!




GuiBatelochio 25/02/2022

Sombrio e interessante
Watchmen é um das HQs mais famosas e influentes que existem. Ela se inicia em um mundo em que foram proibidos super-heróis mascarados e o mundo vive na iminência de uma guerra nuclear entre EUA e URSS, um clima de Guerra Fria. Neste cenário, um ex-"herói" é assassinado e seu antigo companheiro de profissão Rorschach passa a investigar.

Toda a HQ possui um desenho bem bonito, especialmente nesta versão. Há diversos personagens memoráveis também, como o próprio Rorschach, Dr Manhattan, Adrian, etc. Quanto à história, não dá para revelar muito para não gerar spoilers, mas posso dizer que possui um ar mais pesado do que uma HQ comum, especialmente na reta final.

Não é uma HQ necessariamente para fãs de quadrinho, creio que qualquer um com interesse em política, suspense e reflexões mais filosóficas poderá aproveitar. Essa edição possui diversos extras entre os capítulos.

Apreciei bastante Watchmen mas fiquei com a sensação que aproveitaria mais se a lesse quando mais jovem. Ainda assim, recomendo a leitura.
Will 25/02/2022minha estante
Eu já acho que qto mais velho, mais se consegue absorver melhor essa obra kkkkkk é preciso um background da era de ouro e prata das HQs, de geopolítica e filosofia pra poder usufruir beeem essa HQ.




Evy 05/12/2009

Sim, quadrinhos. Mas num teor bem maduro, adulto e que me faz pensar muito mais num romance de imagens (ou romance visual, como seria o verdadeiro nome a este tipo de formato) do que nos quadrinhos aos quais estamos acostumados. A história é interessante e muito real, difícil de largar antes do fim. Os personagens são heróis tão próximos de nossas realidades que é impossível não se identificar. No desenrolar da história eles estão constantemente lutando contra seus defeitos, medos, crenças, neuras. É realmente impressionante. Sei que sou um bastante suspeita para dar opnião já que sou naturalmente apaixonada por quadrinhos e filmes relacionados, mas este realmente é admirável e eu recomendo a leitura.
Alexandre 01/07/2010minha estante
Recomendo a você Do Inferno, também de Alan Moore. Mas importante: a leitura só será plenamente aproveitada com a leitura dos apêndices de cada volume. Sds.




Naty 05/12/2016

Li quase até o final, mas desisti e não me arrependo.
Essa história em quadrinhos é um clássico das HQs e foi por isso mesmo que eu quis lê-lo. Achei o plot que ele parecia conter interessante e só ouvi bons comentários, mas não é bem assim.
Qualquer pessoa mais inteirada em quadrinhos que eu, talvez, me ache uma ignorante em achar essa obra ruim, mas, com essa resenha, eu não pretendo falar mal do livro, mas dizer o porquê de eu não ter gostado dele. Pode ser que ele seja muito mais profundo do que eu consegui interpretar, mas para que tanta violência?
Rosarch (acho que é assim que se escrve, mas não tenho certeza) é um dos personagens que mais aparecem e ele é muito mal. Ele bate primeiro e fala depois, ele assusta. O pscicológico dele é muito afetado pela sua infância e, mesmo eu sabendo que o autor queria apenas que o leitor tentasse entender o pscicológico dele compreendendo-o ou odiando-o, eu odiei não ele em si, mas tudo o que ele fazia. É interessante que Alan Moore tenta fazer você sentir empatia por ele e, no início, até funcionou para mim, mas depois não consegui mais.
Sabe qual foi minha maior reflexão depois de ler essa tirinha? Como será que delegados e policiais conseguem lidar com pessoas tão doentes?
Entendo também que o autor, com isso, quis mostrar a realidade a cores, mas, me desculpem, não dá para mim. Cheguei a ter um pesadelo.
Outros personagens também foram abordados e a história, no início, até conseguiu me segurar, mas CHEGA. Dei um basta nessa leitura que pouco me enrqueceu.
Sei também que ele retrata a época da guerra fria e como as pessoas se sentiam naquele tempo, mas não consegui continuar a ver tanta violência só para captar tais panoramas da sociedade daquele tempo.
Esse livro deveria ter um aviso gigante para que nenhum pai deixe seu filho ler uma coisa dessas. Reforço que entendo o que o autor quis abordar e como ele quis mostrar a realidade de maneira quase que real, mas ver atrocidades no real não é meu forte.
Se alguém leu minha resenha até aqui, peço que não a tome como verdade absoluta, mas como um aviso. Talvez você goste desse livro, mas eu, particularmente, odiei. Para mim, toda a riqueza dele foi por água abaixo soterrada pela violência que ele traz em si.
Luigi.Schinzari 30/06/2019minha estante
Mas um quadrinho em nenhum momento é para crianças, é uma leitura voltada para o público adulto, tanto por seu conteúdo quanto por suas temáticas. Respeito você não gostar, mas criticar a obra por esse motivo não faz sentido algum.




sbllmrn 02/12/2021

eu odiei essa HQ com todas minhas forças.
É uma HQ escrita por um homem para homens.
Impossível que o cara achou ok colocar tanta coisa problemática em uma HQ só. Me dá nervoso toda vez que eu lembro a mulher normalizando o próprio estupro. Quis me matar depois de ler aquilo.
letAcia550 06/12/2021minha estante
triste não sabia que tinha essas coisas problematicas :(




Hudson 19/03/2011

Definitivamente, pode esquecer sobre tudo o que você pensava conhecer
sobre histórias em quadrinhos porque aqui tudo é muito diferente aliás
acho que é por isso que Watchmen alcançou as dimensões que tem hoje.


Allan Moore de fato, tem grandes sacadas onde uma "Caixa de Pandora"
de questionamentos perduram entre os heróis, ou melhor será que existem
ainda heróis?


Transitando por muitas coisas o infinito e o nada ao mesmo tempo falando
sobre ética, moral, guerra, filosofia, física quântica literatura, psicologia, história, ficção, teoria do caos acho que já basta senão a resenha
vai virar um caos


A mágica de Moore é simples e feita em 12 edições de 36 páginas que
contemplam muito mais do que foi dito acima, os Desenhos de Dave Gibbons
ainda completam essa "biblioteca ilustrada e portátil" diga-se de passagem


O Dialogo entre o Doutor Manhattan e Laurie na edição 9 é um show a parte
uma coisa que me marcou muito até hoje, apesar de ter feito a leitura há um
relativo tempo ainda sim isso ficou muito marcado.


O mais legal é que watchmen sempre continuará atual, pelo que propõe como
literatura e quadrinhos de forma simples tudo é apresentado a você
sempre de forma clara a complementação fantástica dos desenhos casando
com os argumentos, é genial, visto que pode-se compreender muito mais
do que é passado pela observação dos desenhos junto com os argumentos
vale a pena parar e examinar e entender o porquê de Watchmen ser o que é
hoje, não somente uma série de revistas em quadrinhos como alguns pensam.


Ricardo Rocha 23/03/2011minha estante
hun... parece ótimo




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