O Banquete

O Banquete Platão
Platão




Resenhas - O Banquete


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Fabio Shiva 06/08/2010

O Banquete é um desses livros que marcam. Já li três vezes e bem poderia ler uma quarta. Talvez o mais famoso dos diálogos de Platão, o tema desse livro é o amor. Durante um banquete (ou simpósio), os participantes são convidados a participar de um concurso: venceria aquele que fizesse o mais belo discurso sobre o amor.

Três dos discursos se destacam. No primeiro deles é feita uma distinção entre dois tipos de amor, um mais elevado e sublime e outro o mais grosseiro e vulgar. O curioso é esse amor grosseiro seria o que para a maioria das pessoas hoje representaria a essência do amor romântico, ou seja, o amor entre um homem e uma mulher. E o amor sublime, portanto, seria o amor entre os iguais, mais especificamente o amor entre homens. O mais interessante desse discurso, para mim, é mostrar o quanto o conceito do amor, longe de ser algo instintivo ou mesmo natural, foi e vem sendo construído pelo homem.

O discurso que vence, é claro, é o de Sócrates. Para ele, o Amor é filho do Recurso e da Pobreza, e por isso a sua característica maior é justamente a eterna ambigüidade entre o ter e a falta, e é por isso que quando amamos nos sentimos ao mesmo tempo tão ricos e tão miseráveis.

Mas o discurso que eu mais gosto, e que me fez ler o livro de novo e de novo, é na verdade um mito sobre a origem do homem. No princípio, a raça humana não era como nós: eram seres poderosíssimos, com duas cabeças, quatro braços e quatro pernas. E por serem tão poderosos, os homens ousaram demais e quiseram invadir o próprio Olimpo. Diante de tamanha audácia, a punição de Zeus foi exemplar: tomando o machado de Hefestos, partiu cada homem, mulher ou andrógino em dois. Desde então, o ser humano passou a ser incompleto. E o amor nada mais é que a busca sem fim pela metade perdida...

(2002)

Priscila Braga 11/10/2012minha estante
Essa parte que você gostou é uma referência ao Mito dos Andróginos, se não me engano, e foi discorrido por Aristófanes. È a minha parte favorita também


Fabio Shiva 11/10/2012minha estante
oi Priscilla! É isso mesmo, valeu demais!Essa parte é sensacional né!


Priscila Braga 24/10/2012minha estante
MUITO!


Yuririn 05/03/2021minha estante
Não lembrava quem tinha proferido, mas adoreeei essa parte também!


Fabio Shiva 05/03/2021minha estante
Oi Yuririn! Esse livro é mesmo maravilhoso!


Tiago.Peixoto 03/01/2022minha estante
Resenha do Fábio apenas deu uma vontade de ler imediatamente este livro !!


Gaby Valverde 05/01/2023minha estante
O mito do andrógino é a minha parte favorita também.


SArgio 28/01/2023minha estante
O meu predileto foi o primeiro


Nandy 31/01/2024minha estante
Livro de fato, muito incrível e lindo!


Nandy 31/01/2024minha estante
Não foi um discurso sobre amor, mas um discurso para seu amor. Oque eu mais gostei foi alcibiades para com Sócrates! Que coisa lindaaaa!! Kkk pena q socrates só dá patada! Kkkk




Regis 25/08/2022

Em uma festa é proposto aos convidados (figuras ilustres da sociedade grega: Fedro, Pausânias, Erixímaco, Aristófanes, Alcibíades, Aristodemo, Sócrates) e Ágaton, o anfitrião, fazerem elogios ao deus Eros (deus do amor)... Assim, todos um por um, apresentam suas teses e discorrem sobre o assunto.

Tentando definir o que é o amor, Platão cria o mito da alma gêmea, faz um belo elogio a filosofia e reabilita Sócrates que dedicou sua vida a Atenas e, mesmo assim, foi condenado a morte.

Já no início da narrativa somos bombardeados com vários nomes da mitologia grega, de grandes poetas e filósofos da época. Buscar pelas histórias destes, enriqueceu a leitura e me deixou cada vez mais curiosa sobre o que cada um iria falar sobre o amor.

Gostei de todos os exemplos contidos na obra: o sacrifício de Alceste, de Aquiles e de como os Deuses tiraram de Orfeu a chance de ter sua amada de volta (por enxergarem nele, a covardia).
São todas histórias fascinantes, que tornaram esse simpósio memorável!

Me senti sentada em meio a eles, ouvindo seus pensamentos e conclusões, achei que fosse ser difícil compreender tudo que estava sendo dito mas, deu para entender e adorei as observações de cada um, sendo meus preferidos: Aristófanes, e sua explicação de que o amor é "desejo e a procura do todo", e Sócrates com sua afirmação de que "o amor é desejo, verdade, retribuição e nós, só desejamos aquilo que não possuímos".

A chegada de Alcibíades e seu elogio a Sócrates, é a perfeição.... encerrando assim com chave de ouro o simpósio, que eu gostaria que tivesse mais algumas página, apenas para passar mais tempo apreciando tudo aquilo.

O livro é maravilhoso e o clássico estilo de diálogo de Platão foi deleitável e magnífico de se ler.
Adorei a leitura, e recomendo.
Caio 25/08/2022minha estante
Resenha belíssima só pra variar um pouco.


Regis 25/08/2022minha estante
Obrigada Caio!
Gostei muito do livro, e gostei de escrever sobre ele. ?


DANILÃO1505 26/08/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

Livro de Artista

Resenha de Artista!


Regis 26/08/2022minha estante
Obrigada Danilo! ?


HenryClerval 05/10/2022minha estante
Quero fazer essa leitura apenas para sentir tudo que suas palavras me despertaram enquanto falava sobre sua experiência.


Regis 05/10/2022minha estante
Espero mesmo que goste tanto quanto eu Leandro. ?




duda medeiros 06/04/2021

o banquete
Para Platão, no nível mais imediato, o amor refere-se à nossa sensibilidade e apetites, principalmente o sexual. Vemos, a partir de um corpo, a beleza, e o desejo de procriar nele. Isso significa, inconscientemente, que o desejo por um corpo belo é a tentativa da matéria de se eternizar. Os filhos são uma forma dos pais serem eternos. No entanto, o belo não é somente o corpo, tanto que logo que esse desejo se esvai, percebemos que outros corpos também nos atraem. Assim, passamos do singular (indivíduo) para o universal (todos os indivíduos). Mas ainda nisso não consiste a beleza, apenas participa da ideia. Para Platão, subimos degraus na compreensão da beleza, dos corpos até as ações nas ciências, nas artes e na política, que expandem a ideia de beleza. Mas ela mesma é uma ideia, norteadora das ações humanas, que dirige as almas para o bem absoluto que não pode simplesmente ser conquistado pelo homem encarnado.
Portanto, o homem, como duplo corpo-alma, jamais conhecerá a verdade de modo absoluto. Isso cabe somente aos deuses. Mas nem por isso deve deixar de se desenvolver. É moral dever agir procurando o melhor sempre.
Cla 06/04/2021minha estante
Uau, por isso que Platão é um dos grandes filósofos da antiguidade clássica. Suas reflexões para aquele tempo era muito evoluída, enxergava o mundo com outros olhos.


duda medeiros 06/04/2021minha estante
Amg, te indico muito esse livro! Se vc quiser a gente debate sobre ele, quero que seu kindle chegueeeee pra tu começar a ler as obras mais incríveis


Cla 06/04/2021minha estante
Eu estou doida que ele chegue, quero DEMAIS ter acesso a esses clássicos que muitos não conhecem, infelizmente.


Cla 06/04/2021minha estante
Precisamos marcar, sério. Já passou da hora.




Maria Eduarda 16/10/2023

O Banquete-Platão
O banquete, obra do filósofo grego Platão, é uma das mais ricas narrativas do autor. Eu adorei a experiência de ler esse livro, estava imensamente interessada em ler sobre ?O mito das almas gêmeas?, e quando eu soube que tratava desse exemplar, eu não perdi tempo.

Em primeiro plano, o discurso é feito por Platão, Eros, Aristófanes, Agatão entre outros. A obra é um respaldo de debates e repleta de questões sobre o amor, felicidade, virtudes e mitologia grega. E sem objeções o discurso que mais me interessou foi o do comediógrafo Aristófanes, no qual se tratava do ?Mito das almas gêmeas?.
?Aristófanes, por sua vez, narra sobre os três gêneros da humanidade. Éramos um todo, e a essa totalidade dá-se o nome de amor, era essa a nossa antiga natureza. Feita a divisão, o amor tornou-se um desejo, uma vontade de completar-se, está sempre na busca de algo que sabe que lhe falta. A união é a cura, a bem-aventurança e a felicidade. Por isso sendo os homens o amor em essência, buscam-no uns nos outros?.

Nesse viés, é notório que o livro exemplifica que no início dos tempos os seres eram completos, com duas cabeças, quatro braços e quatro pernas, completos e felizes. Todavia, em um conflito com Zeus, os homens foram cindidos com uma espada, dividindo-os ao meio para enfraquecê-los. Zeus pediu a Apolo que cicatrizasse o ferimento, pra que vissem constantemente a imagem do castigo e do lado da fenda vissem o poder de Zeus, assim nasceu o umbigo. Dessa maneira, os homens se encontraram desamparados, em constante procura da sua outra metade, sem a qual não viveriam, no qual passariam o resto da vida à procura. Logo, tendo assumido a forma que nós temos hoje, os seres procuram sua outra metade, a sua alma gêmea, pois a saudade nada mais é do que o sentimento de que algo nos falta, algo que era nosso antes.

Vale ressaltar, que Platão vai utilizar uma linguagem poética-imagética para tentar refutar essa teoria, mas no fundo, a plasticidade da escrita foi que ficou na convenção como a obra mais bela que explica sobre o amor.
A cara metade. A alma gêmea. O pedaço de mim. Quem é este Outro que deveria nos completar? Para a angústia dos Deuses, eu encontrei a minha alma gêmea.
Warley Pablo 17/10/2023minha estante
Nossa, você é linda demais!
Eternamente grato por também ter encontrado minha metade, sou o homem mais feliz do mundo. Obrigado, meu amor, muito obrigado por existir!!!!!


Warley Pablo 17/10/2023minha estante
Incrível sua resenha, querida! Muito precisa, como sempre.


Maria Eduarda 17/10/2023minha estante
??




Jeanderson 04/09/2018

Bate papo profundo sobre o amor com direito a festa, competição, piadas, muita homossexualidade, Sócrates sugar daddy, rejeição do Crush, bêbado falando o que não devia e muito muito mais...
Um dos aspectos mais interessantes a cerca do livro é que a discussão sobre o amor ocorre de maneira profunda porém despretenciosa e desinteressada em meio a uma festa. Nos tempos atuais, seria o mesmo que discutir profundamente sobre o amor numa mesa de bar. O livro é interessantíssimo para quem se interessa pelo tema do amor. Os mitos envolvendo a origem do amor (Eros) são simplesmente fascinantes, principalmente aquele que concebe o amor como filho da Pobreza e da Opulência (Riqueza). O livro também é interessantíssimo e super indicado pra quem deseja conhecer melhor as relações afetivo-sexuais na Grécia Antiga. Uma parte significativa do livro faz alusão às relações homossexuais masculinas então, pra quem, assim como seu, se interessa por estudar sobre a homossexualidade, esse livro é uma excelente indicação. A leitura pode ser difícil pra quem, assim como eu, não tem tanta familiaridade com a escrita e a forma de comunicação da Grécia Antiga, mas com o tempo se acostuma e o desfecho Vale super a penas se você souber extrair ensinamentos e lições importantes para a sua vida.
Thallys.Nunes 06/09/2018minha estante
Excelente resenha!


Gustavo 05/11/2018minha estante
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk adorei a resenha


Evy 30/12/2018minha estante
kkkkkk, o título vale a resenha.




Paolla.Giovanna 12/03/2022

Ótimas reflexões
" [...] o Amor é dos deuses o mais antigo, o mais honrado e o mais poderoso para a aquisição da virtude e da felicidade entre os homens, tanto em sua vida como após sua morte"
Leitura muito boa, apesar de para mim ter sido um pouco difícil por estar fora da minha zona de conforto. Ainda assim pude aproveitar bem a leitura, há muitas reflexões interessantes, com vários pontos de vista sobre o amor.
E o fato de conversarem tão a vontade entre si, faz você sentir que faz parte da conversa às vezes, muito bom!
Indiano 12/03/2022minha estante
Eu tenho pensado seriamente em comprá-lo, recomenda ele ou tem algum outro que te agrade mais?


Paolla.Giovanna 12/03/2022minha estante
Olha, como falei, livros de filososfia estão fora da minha zona de conforto, então não poderia te recomendar outro. Mas esse é bom sim, então eu recomendo!
Dá uma pesquisada pra ver se algum te agradaria mais :)




Sayuri 07/08/2020

Papo cabeça no churras com os migos
Surpreendentemente, conheci "O Banquete" através de um outro livro chamado "O Culpado de Tudo - ou simplesmente, o amor" que me inseriu ao gosto por leituras literalmente filosóficas. A obra trata a questão do Amor, do Belo, do Erótico de uma forma delicada e nos faz repensar os porquês de nossas próprias relações, uma vez que também aborda sobre superficialidade dos relacionamentos e da própria paixão, quando se a tem em vista. Apaixonante e divertido, leitura clássica inclusiva e totalmente acessível.
Marcello.Henrique 07/08/2020minha estante
Sensacional!!


Marcello.Henrique 07/08/2020minha estante
O livro e o comentário




spoiler visualizar
FelipeSchiffer 26/02/2021minha estante
Socrates é maldavado pq?


pmlmcd 26/02/2021minha estante
por conta do "romance" dele com o alcibiades




Sofi 16/05/2023

O banquete
Clássico, né? Difícil de entender, linguagem complexa e sem muito propósito. Imaginar a situação realmente acontecendo é meio ridículo, vários homens brancos da elite discursando sobre o que é amor... Mas mesmo assim é um clássico, então não posso criticar muito ?
Rafael 30/05/2023minha estante
?é meio ridículo, vários homens brancos da elite discursando? pq deus me deste olhos ??????


wagnerlb 14/06/2023minha estante
KKKKKKKKKKKK??




Anderson 12/11/2018

Muito chato , confuso, linguagem arcaica , foi sofrivel para terminar
Renan 01/12/2018minha estante
O cara quer reclamar de ?linguagem arcaica? num livro escrito há praticamente dois mil e quatrocentos anos kkkkkkkk


Pam 05/12/2018minha estante
tente buscar uma edição que tenha uma linguagem menos confusa pra ti. Esse livro é maravilhoso! Não perca a oportunidade de lê-lo.




Nádia 25/07/2011

Cada coisa em sua hora
Está não é exatametne uma resenha.
A verdade é que não consegui ler o livro. Não por casa dele, mas por minha causa. Eu não estava preparada.
O livro é incrível, exepcional e genial. E por isso mesmo, não cosnegui acompanhar.
Me peguei lendo página após página sem entender uma única palavra.
Acredito ser necessário "um pouco" de conhecimento prévio, de mitologia, de filosofia, bastante imaginação e uma paciência para anlisar cada homenagem prestada por cada personagem ao Amor.
O livro tem figuras mentais belíssimas. Mas não basta apenas atenção e criatividade para lê-lo.
Por isso àqueles que se aventurarem por esta jóia. Preparem-se bem antes.
Minha hora ainda vai chegar!
Bhabi 18/09/2014minha estante
Nádia,boa noite.
Aconteceu a mesma coisa comigo ,um livro de tal intensidade nas palavras não pode ser sequer lido.Tem de ser sentido,e como você colocou EU não estava preparada para isso.
Espero que já tenha conseguido lê-lo,se tiver por favor conte-me a sensação ao termina-lo!?
Novamente boa noite!
Bhabi




Hebi 07/11/2021

DIFÍCIL
O livro em si é bom, recomendo pra quem quiser se aprofundar mais na questão do amor. O que é o Amor ? Bom, li o livro e é bem difícil responder. Como é filosofia é uma leitura difícil, passei um tempinho pra conseguir ler, mas deu certo, provavelmente não entendi o suficiente, mas pretendo reler em algum outro momento.
Emanuel.Müller 08/11/2021minha estante
Depois da leitura deste clássico, recomendo que veja algumas resenhas e aulas sobre esta obra de Platão. Creio que te dará luzes e te ajudará a compreender certas coisas que não ficaram tão claras na obra.




fellipe! 12/10/2012

Interessante observar as indagações de um grupo de gregos, em um tempo longínquo, indagarem a
respeito de Eros, o deus do amor. Tudo foi registrado por Platão que, ao que parece, não presenciou
o banquete, mas escutou relatos de um dos participantes. A sugestão do tema, durante a
confraternização, é de Fedro, que acaba por começar o discurso. pausânias é o segundo. Eles
seguem uma ordem, que se passa por Eríximaco, Aristófanes, Agaton ( o que estava dando a festa)
e, finalmente, Sócrates, que começa fazendo perguntas à Agaton e , logo depois, relata um diálogo
que teve com uma mulher.

Neste último- seu diálogo me está mais fresco- Sócrates afirma que Eros- o amor, no caso- é a
busca pelo belo, quando buscamos, temos carência de algo. De acordo com Sócrates, Eros não
chega nem mesmo a ser um Deus, ele está intermediário, entre o mortal e o imortal. Uma pessoa
muito sábia ou uma muito ignorante nunca pode amar, nunca pode fazer poesia, nunca pode ser
filósofa! Pois sendo Eros a carência do belo, ele não poderia fazer parte de um ser que já se acha
inteiramente inteligente, sem nada a procurar; muito menos numa pessoa ignorante, que em sua
também comodidade (talvez pela falta de boa percepção), acha que seu mundo já está estabilizado,
por isso não se sente carente, não sente que deve procurar algo. No diálogo com a tal moça- Diotima
de Mantinéia- ela afirma que a verdade está entre o puro entendimento e a completa
ignorância. Acho que aqui o conhecimento já passa a ser empírico, muito de acordo com as próprias
experiências de cada um, independente de um consenso geral.

Então, essa foi a percepção de Sócrates. A mais interessante e coerente, por sinal. Só que, Sócrates
nunca escrevia, tudo que sabemos dele foi por intermédio de Platão, que, por escrever isso aqui,
deve ter passado muito de seu próprio pensamento para o livro. A memória de certos eventos...
aliás, certos eventos que, pelo que parece, o próprio Platão não presenciou, só ouviu o relato, mas
mesmo assim, nossa memória permite com que exaltemos os principais fatos e foi isso o que Platão
fez aqui.

Bom observar nisso tudo uma questão que ainda decorre pelos dias de hoje, nos dá uma clara noção
de que a essência humana é a mesma só se muda as gerações. A maioria dos relatos dos
participantes narram histórias de sua cultura, falam sobre a mitologia grega, citam a Teogonia de
Hesíodo dentre outros diversos eventos de sua cultura; podemos perceber que, apesar de não
estarmos adentro naquela civilização nos identificamos apesar do tempo que nos distancia desses
gregos, por discutirem um fato abstrato- que ganhou forma em sua mitologia, com Eros-
conseguimos partilhar de seus anseios e dúvidas, tais como podemos achar relevante ainda hoje a
maioria de suas afirmações. Sendo assim, passo a considerar este O Banquete, um livro realmente
atemporal.
Roseni.Cunha 28/02/2018minha estante
Muito boa sua resenha Felipe, estou fazendo trabalho sobre esse livro também.
Confesso que achei complicado. Mas lendo os comentários e entendimento de todos aqui postados entendi melhor.




Carol 16/03/2022

Reflexões sobre o Amor
"Não é estranho, Erixímaco, que para outros deuses haja hinos e peãs, feitos pelos poetas, enquanto que ao Amor todavia, um deus tão venerável e tão grande, jamais um só dos poetas que tanto se engrandeceram fez sequer um encômio??

Em comemoração promovida por Agatão foi dado um banquete (ou symposium) em que cada um dos convidados deveria fazer um discurso em honra a Eros, o deus do amor e do desejo. Dentre os convivas pode-se ressaltar: Sócrates, Aristófane, Fedro, Pausânias, Erixímaco etc.

O primeiro discurso a ser proferido foi o de Fedro, que coloca o Amor como filho do Caos como está descrito na Teogonia de Hesíodo e, portanto, um dos deuses mais antigos. Fedro destaca o papel do Amor em trazer o que há de mais belo e mais virtuoso nos indivíduos que amam; e afirma que o Amor enobrece a vida mais do que a riqueza, as honras ou qualquer outra coisa e que o Amor inspira os homens a grandes ações.
?E quanto a abandonar o amado ou não socorrê-lo em perigo, ninguém há tão ruim que o próprio Amor não o torne inspirado para a virtude, a ponto de ficar ele semelhante ao mais generoso de natureza?
?Assim, pois, eu afirmo que o Amor é dos deuses o mais antigo, o mais honrado e o mais poderoso para a aquisição da virtude e da felicidade entre os homens, tanto em sua vida como após sua morte?

Outro discurso marcante é o discurso de Aristófanes em que narra o mito do Andrógino. Por meio dessa alegoria, é explicada a razão de homens e mulheres estarem sempre em busca de sua metade.
"Cada um de nós portanto é uma téssera complementar de um homem porque cortado como os linguados, de um só em dois; e procura então cada um o seu próprio complemento.?
?Quando então se encontra com aquele mesmo que é a sua própria metade, tanto o amante do jovem como qualquer outro, então extraordinárias são as emoções que sentem, de amizade, intimidade e amor, a ponto de não quererem por assim dizer separar-se um do outro nem por um pequeno momento."

Mas sem dúvida o principal discurso do livro é o discurso de Sócrates em que apresenta a sua visão do Amor aprendida com a sacerdotisa Diotima de Mantineia. Aqui, Sócrates começa sua explanação ao estilo dos diálogos socráticos fazendo questionamentos ao orador pregresso, Agatão, e mostrando as inconsistências de suas ideias. Diferente do outro, Sócrates não acredita que o Amor seja bom, belo, ou mesmo um deus, e explica seu raciocínio por meio da ideia "o amor ama o que deseja; um homem forte deseja ser forte?" e da alegoria do nascimento de Eros, que forneceria dicas sobre sua natureza e características.

"Quando nasceu Afrodite, banqueteavam-se os deuses, e entre os demais se encontravam também o filho de Prudência, Recurso. Depois que acabaram de jantar, veio para esmolar do festim a Pobreza, e ficou pela porta. Ora, Recurso, embriagado com o néctar - pois vinho ainda não havia - penetrou o jardim de Zeus e, pesado, adormeceu. Pobreza então, tramando em sua falta de recurso engendrar um filho de Recurso, deita-se ao seu lado e pronto concebe o Amor. Eis porque ficou companheiro e servo de Afrodite o Amor, gerado em seu natalício, ao mesmo tempo que por natureza amante do belo, porque também Afrodite é bela. E por ser filho o Amor de Recurso e de Pobreza foi esta a condição em que ele ficou. Primeiramente ele é sempre pobre, e longe está de ser delicado e belo, como a maioria imagina, mas é duro, seco, descalço e sem lar, sempre por terra e sem forro, deitando-se ao desabrigo, às portas e nos caminhos, porque tem a natureza da mãe, sempre convivendo com a precisão. Segundo o pai, porém, ele é insidioso com o que é belo e bom, e corajoso, decidido e energético, caçador terrível, sempre a tecer maquinações, ávido de sabedoria e cheio ele recursos, a filosofar por toda a vida, terrível mago, feiticeiro, sofista: e nem imortal é a sua natureza nem mortal, e no mesmo dia ora ele germina e vive, quando enriquece; ora morre e de novo ressuscita, graças à natureza do pai; e o que consegue sempre lhe escapa, de modo que nem empobrece o Amor nem enriquece, assim como também está no meio da sabedoria e da ignorância. Eis com efeito o que se dá; Nenhum deus filosofa ou deseja ser sábio - pois já é -, assim como se alguém mais é sábio, não filosofa. Nem também os ignorantes filosofam ou desejam ser sábios; pois é nisso mesmo que está o difícil da ignorância, no pensar, quem não é um homem distinto e gentil, nem inteligente, que lhe basta assim. Não deseja portanto quem não imagina ser deficiente naquilo que não pensa lhe ser preciso.
- Quais então, Diotima - perguntei-lhe - os que filosofam, se não são nem os sábios nem os ignorantes?
- É porque é evidente desde já - respondeu-me - até a uma criança: são os que estão entre esses dois extremos, e um deles seria o Amor. Com efeito, uma das coisas mais belas é a sabedoria, e o Amor é amor pelo belo, de modo que é forçoso o Amor ser filósofo e, sendo filósofo, estar entre o sábio e o ignorante. E causa dessa sua condição é a sua origem: pois é filho de um pai sábio e rico e de uma mãe que não é sábia, e pobre. É essa então, ó Sócrates, a natureza desse gênio; quanto ao que pensaste ser o Amor, não é nada de espantar o que tiveste. Pois pensaste, ao que me parece a tirar pelo que dizes, que Amor era o amado e não o amante; eis porque, segundo penso, parecia-te todo belo o Amor. E de fato o que é amável é que é realmente belo, delicado, perfeito e bem-aventurado; o amante, porém é outro o seu caráter, tal qual eu explique."

Aqui, nesse discurso de Sócrates, são postuladas as ideias de amor platônico e da ?scala amoris? ou ?escada de diotima?, em que é explicado o caminho a ser percorrido pelos homens para encontrar a verdadeira forma da beleza ?O Belo?.

Esse livro é sensacional, não só pelo conteúdo filosófico como também pelo valor literário e histórico; contém inúmeras passagens belíssimas e reflexões filosóficas. É interessante ver nos inúmeros discursos o quanto o Amor homem-homem é elevado como o mais nobre de todos. Pontos importantes da filosofia de Platão são apresentados aqui, como o abstrato mundo das formas, onde estaria localizada a verdadeira beleza. Esse livro é um desses livros que nos deixam refletindo por muito tempo depois de já ter terminado e que abstraímos diferentes significados em diferentes fases da vida, deve ser lido e relido várias vezes.
Glauber.Correia 16/03/2022minha estante
Resenha impecável, como sempre! ????????




Elide.Rodrigues 18/08/2021

Incrível e necessário
Livro curto porém complexo, realmente não é de fácil leitura, mas a profundidade dos discursos sobre o amor é sobrenatural. É aquela leitura em que ficamos ruminando por dias e com certeza reler várias vezes.
Marcos Antonio 16/09/2021minha estante
Uma mente brilhante e sem preconceitos. Uma mente pensante.




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