A Maçã no Escuro

A Maçã no Escuro Clarice Lispector




Resenhas - A Maçã No Escuro


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raxel_costa 07/01/2024

E esse modo instável de pegar no escuro uma maçã
Uma das coisas mais interessantes sobre a Clarice é que o conteúdo de suas histórias estão sempre centrados no sentimento. Sua linguagem é etérea e sua escrita se perde na investigação profunda de suas personagens. Admirável forma de construir um enredo. Sempre revigorante lê-la.
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LER ETERNO PRAZER 27/10/2022

Bom, ler Clarice sempre desperta grandes expectativas, não foi diferente com "A maçã no escuro", obra repleta de reflexões.
Aqui Clarice vai nos conduzir pela trajetória de Martim, um homem que foge numa noite e acaba se refugiando num hotel, logo após numa fazenda, pois o mesmo tinha pensado que havia matado a sua esposa. De maneira essencialmente corporal, o leitor sente toda a agonia física de Martim no decorrer dessa fuga. Com o ambiente criado por Clarice e das sensações extremas que ela nos faz visualizar com sua narrativa, nós, leitores vamos construindo nosso entendimento aos poucos em cada momento passado por Martim! Um longo tempo depois, Martim se encontra no coração do Brasil, fugindo na escuridão, de olhos fechados há duas semanas, desde que sua casa foi incendiada.
No capítulo inicial, Martin aboliu a palavra ?culpa?, a substituindo por ?ato?. Não se arrependera de ter cometido um crime, que ele trocara pela expressão o ?grande pulo?, o qual considerou uma vitória. Nesse momento, os únicos inimigos que possuía era os demais, e não a si próprio.
Mas algo lhe toca profundamente e logo ele se arrepende de tal pensamento, o que dá ao leitor a impressão de Martim ser uma espécie de psicopata, tenta justificar e perdoar o seu ato, para dessa maneira, continuar vivendo. Ele é desprovido de qualquer moralidade, não possui empatia pelo próximo.
Em sua fuga ela acaba se separando com um sítio e a dona do sítio,Vitória, acaba por contratá-lo em troca de abrigo e alimento. Lá ele também conhece Ermelinda, prima de Dona Vitoria. No segundo capítulo, Martim se sente feliz, e com enorme anseio de comunicar-se. As lembranças de sua vida anterior vem à tona, lembra do seu filho. Ermelinda passa a querer conquistar Martin, mas este a ignora sem pestanejar.
Clarice, usa de toda a sua magistral capacidade de penetrar no fundo da alma humana e vai fazendo profundas descrições do mundo interior de Martim, o qual busca a sua ?reconstrução? como ser humano depois de assassinar alguém. Mais para frente, quando ele já havia deixado o sítio ao suspeitar de que Dona Vitoria estava no hotel, após ela falar em alemão e ele reconhecer; Martim é chamado pelo prefeito de Vila Baixa e dois investigadores. Martin, então revela que não é engenheiro, mas sim ?estatístico?, e é apenas na página 310 que o leitor tem conhecimento do motivo do crime.
Para não solta spoiler finalizo por aqui deixando em aberto muito mais detalhes que mostra o quanto "A maçã no escuro" pode lhe surpreender.
Uma ótima obra de uma autora que consegui deixar o leitor sempre com profundas reflexões após mergulhar nas suas histórias!!
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Audrey Lispecto 30/10/2013

"- Por que você toma tanto calmante? perguntou ele sorrindo.

- Ah, disse ela com simplicidade, é assim: vamos dizer que uma pessoa estivesse gritando e então outra pessoa punha um travesseiro na boca da outra para não se ouvir o grito. Pois quando tomo calmante, eu não ouço meu grito, sei que estou gritando mas não ouço, é assim, disse ela ajeitando a saia."

Clarice Lispector em "A Maça no Escuro", Editora Rocco, p. 187
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Marcos Nandi 06/08/2021

Não ter esperança é um luxo
A história do livro começa no mês de março, onde somos apresentados ao personagem principal da história: Martin.

As primeiras páginas existem poucas informações sobre ele, apenas sabemos que uma casa foi incendiada e que ele provavelmente, cometeu um crime.

As primeiras páginas são um pouco confusas, pois, ele chega a um hotel. Logo depois, vemos Martin andar a ermo até chegar na fazendo da senhora Vitória, trabalhando (contratado a muito contragosto, Vitória não lhe é mto simpática) em troca de comida e lugar para dormir como faz tudo.

Vitória era austera, e morava com o estranho Francisco e com Ermelinda, que passou a morar no sítio depois da morte de seu marido e de primeira, já se apaixonou por Martin.

Na primeira parte, mostra Martin se acostumando a sua nova vida e como Vitória infernizaria sua vida exigindo cada vez mais trabalhos e como Emerlinda estava apaixonada.

Na segunda parte temos uma questão mais filosófica sobre escolhas e sobre a vida. E aí, descobrimos mais sobre a vida de Martin.

Um livro árido como quase toda história contada pela Clarice. Mesmo passando por um momento de ressaca literária, me forcei a ler o livro todo (mais lento que o normal, é claro, mas terminei), e o livro é mto bom. Vale a pena. Quero reler futuramente, já que é uma leitura que exige.
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Rone Oliveira 25/02/2017

Obra Analisada: A MAÇÃ NO ESCURO
O objetivo desse trabalho consiste em acompanhar detalhadamente a partir da leitura pessoal da obra “A Maça no Escuro” de Clarice Lispector, e, sobretudo, ampliar o nosso entendimento quanto às questões filosóficas adjacentes na trama e, bem como elaborar uma análise contextual sobre a história vivida por Martim, personagem principal do romance.
A temática em questão se dá a partir da dimensão antropológica, tendo em vista a ênfase da autora sobre a existência humana, razão pela qual abordaremos como cerne do nosso trabalho as relações entre verdade-identidade-liberdade, conceitos que fazem parte do processo de autoconsciência de Martim, na qual o mesmo busca estabelecer a sua própria ordenação diante da ruptura com o seu passado após cometer um ato criminoso.
Percebemos em Martim um confronto psíquico onde é evidenciada uma certa limitação oriunda da condição humana pela relação que se estabelece entre o sujeito e o mundo, confeccionando por assim dizer; o desfavorecimento do fracasso humano em face da subjetividade, cumprindo a função de situá-lo na realidade objetiva a ponto de transformá-la na imagem pertencente ao indivíduo, isto é, o sujeito real da vida mediante a sua condição singular.
Surge por meio da experiência de Martim, um sentimento de culpa e impotência incapacitando-o de compreender a realidade. Ele admite também, um drama pessoal na tentativa de conciliar-se com o mundo, pois, sentia uma enorme dificuldade de conceber a linguagem. Apoiava-se na possibilidade de encontrar em algumas palavras consideradas chaves, na qual funcionariam como uma espécie de orientação. Entre estas palavras chaves; os termos: “Misericórdia”, “Valorosa e Boa”, “Salvação” e outras são tidas a princípio por Martim como uma fonte escrita capaz de guiá-lo, embora, nenhuma dessas satisfizesse a sua expectativa.
Martim viveria uma experiência antagônica em meio o seu contato físico com exterioridade do mundo e sua interioridade, pois, ele se identificava a partir de suas experiências com as coisas externas na qual parecia refletir em si mesmo. O contato com a natureza, por exemplo, lhe fizera muito bem.
Teria Martim evoluído muito com o contato direto com a natureza e os animais, sendo que ele também se reconhecia como ser humano e se moldava como pessoa através da absorção do mundo externo em si.
Há uma presença de termos dualistas na obra de Clarice, isso demonstra a existência de oposições e formas distintas, como por exemplo: as relações entre o bem e o mal, a consciência e o inconsciente, a luz e a escuridão, vida e morte, negar e afirmar, a alma e o corpo, a compreensão e incompreensão, o medo e a coragem etc., as quais não poderiam de modo algum serem reduzidas umas às outras.
O suposto crime mudaria a vida de Martim por completo, razão pela qual, ele foi obrigado seguir em busca de sua liberdade a partir de si. Começava assim, o seu “descortinar”, de modo que, ele encarava o fato dele mesmo ser seu próprio ponto de partida para se tornar um novo homem.
Desde o inicio da obra, nota-se uma variedade de aspectos que correlacionam como tantos outros temas sugeridos nesta proposta acadêmica, mas, em se tratando do desejo de delimitar melhor o nossa reflexão com base no romance de Lispector, aprofundaremos na tríade que diz respeito à verdade, identidade e liberdade pelo fato delas estarem interligadas. Além do mais, os temas escolhidos são pertinentes e já foram tratados por grandes nomes da tradição filosófica.
Pouco se sabe da vida de Martim antes de sua chegada ao hotel abandonado. Ele estava em fuga, aliás, esta fuga mais parecia uma viagem sem destino, pois, o personagem principal partia pelo menos a duas semanas, provavelmente de um lugar civilizado, onde teria convivido por longos anos.
Martim deixou a cidade, se afastando de toda a coletividade, motivo pelo qual lhe permitiu gastar mais tempo consigo mesmo. Com efeito, ele precisava esvaziar a sua mente para depois quem sabe poder pensar em se reerguer ou quem sabe reconstruir-se de um modo mais decente a partir de uma nova perspectiva de vida, uma nova vida constituída pela sua própria convivência em meio o mundo real. Martim estava repleto de dúvidas, no entanto, se dispunha ir a qualquer custo em busca da verdade, mesmo encontrando muitas dificuldades em sua caminhada.
(Coragem) Como podemos falar em dificuldade para Martim se ele mesmo já não tinha reconhecido que não havia nada perder. Inconscientemente, ele deixava a sorte lhe conduzir, tendo em vista que alguma coisa parecia lhe proteger; talvez fosse à segurança proveniente do desejo de mudança, do recomeço. De modo que, Começar do zero seria um método que lhe dispunha a negar respectivamente; o próprio passado, o pecado ou o ato impensado?
Em “A maça no escuro” é possível que se faça uma analogia com a famosa obra de Platão: O contexto de “O Mito da Caverna” tendo em vista uma ligeira semelhança explícita entre os temas libertação e descoberta com o momento em que Martim decide partir para o descampado em busca de novos horizontes. Assim, o prisioneiro que vivia restritamente em uma caverna e tinha como referência a realidade apresentada por sombras projetadas de uma fogueira, e, no instante que se depreendia dos grilhões, o prisioneiro partiria da caverna em busca da compreensão do mundo. É nesse instante que o homem descobre novas paisagens, outras possibilidades de enxergar a realidade.
O sol ilumina toda a superfície da terra ampliando as possibilidades de entendimento, o mundo anterior, o da caverna lhe trazia a incerteza quanto à realidade. As especulações reduziam as chances de compreensão humana, a verdade não era possível sem a luz do conhecimento.
A busca da verdade pessoal de Martim desencadeava na procura da liberdade a partir dele mesmo, ele seria a sua própria chance de redenção, portanto, ele procurava reunir em seu interior os elementos primordiais para evolução do próprio ser, ele precisava se tornar o que estava sendo.
Aqui, fica clara a tomada de consciência de Martim, movida pelo processo de maturação da sua personalidade reproduzida durante o percurso de seu desenvolvimento a partir das especificidades proveniente da relação indivíduo com o mundo; as atividades e experiências pessoais resultantes das relações motivos e circunstâncias e ordenação categórica entre consciência de si no mundo e a autoconsciência.
A tomada da autoconsciência de Martim advém da busca da consciência de si mesmo como indivíduo, de suas capacidades, dos limites e possibilidades de compreender-se na universalidade. Com efeito, a mudança comportamental de Martim lhe permite a efetivação de sua essência enquanto “Ser” através da sua ação e reconhecimento nos âmbitos: trabalho, consciência, social, universal e liberdade.
O livro é dividido em três partes, “Como se faz um homem”, “O nascimento do herói” e “A maçã no escuro”, sendo que o último deles intitula o nome do romance de Clarice Lispector. No primeiro deles, “Como se faz um homem”, a clássica frase estampada no oráculo de Delfos: conhece-te a ti mesmo entra em cena implicitamente. Há uma passagem de Martim que nos leva pensar na busca do ser humano a partir da própria identidade.
O conhece-te a ti mesmo presente em “A maça no escuro” denota uma exigência reflexiva. Assim, “o sujeito conhecedor” deveria se perguntar pelas causas que se entrelaçam nesta máxima, e a partir dela poderia lhe dizer mais sobre ele próprio. Em contra partida, como poderia ser também uma reflexão que iria até os limites da causalidade, sendo que a reflexão emergiria sobre as seguintes problemáticas: O real lugar do indivíduo, o lugar de si próprio perante o mundo e perante aos outros homens.
Do ponto de vista filosófico, Aristóteles em sua Ética a Nicômaco dizia que a natureza humana visa um fim último, isto quer dizer que, o fim último do homem consiste na felicidade e para ele, a felicidade seria alcançada quando o homem agisse da melhor forma possível, explorando a sua habilidade, de modo que ele passaria a ser o artificie da sua própria vida, tornando-se virtuoso.
Portanto, para Aristóteles, a felicidade é o bem supremo, o fim último do homem, e resulta da razão e inteligência. No caso de Martim, poderíamos pensar que a sua felicidade viria a partir do momento que ele se tornasse livre. Embora, a sua liberdade fosse ainda, uma consequência do seu renascimento, uma motivação capaz de torná-lo quem ele deveria ser, e, portanto, como recompensa ele se alegraria a si mesmo.
“O torna-te a si mesmo” para Martim nada mais era do que a sua metamorfose, o seu ato de heroísmo. Era preciso representar-se a si mesmo para se tornar um herói, e, no entanto, tudo isso dependeria do seu autoconhecimento, a busca da verdade que habitava em si.
Martim se distanciou de sua própria inteligência, pois, segundo ele, a inteligência não passava de uma imitação e por isso deixou de imitar os outros, se comparava com um rato por se preocupar somente com sua própria sobrevivência, pois, assim ele se encontrava no mundo, tirava toda a sua responsabilidade de ser o culpado pelo seu sofrimento.
(Citar) Martim criava a sua própria verdade para depois poder crê nela: {...} “Se reconstruía a partir de suas próprias palavras, e por isso, era preciso ter muita paciência com ele, ele era lento. Que queria ele? Reconstruir-se”. (Lispector, p.124). Pensar na verdade era algo incerto, a única verdade que Martim carregava era a certeza do amor que sentia pelo seu filho, por isso talvez, não importava se a verdade existia ou fosse criada.
A identidade em Martim é compreendida como metamorfose do “eu” e, através da sua metamorfose questionou-se na possibilidade de ser reconhecido se caso viesse a ser transformado pela descoberta da verdade. Nesse processo de reconstrução, Martim chegou a pensar em uma pista sobre a verdade, e, segundo ele, o entendimento poderia fazer parte da resignação, o sofrimento poderia então purificá-lo, de modo, a desvelar a sua identidade. Martim deveria assim, aguentar firme a sua penitencia.
Martim reflete sobre o autoconhecimento socrático: {...} “Teve a certeza intuitiva de que não somos nada do que pensamos e somos o que ele estava sendo agora, um dia depois que nascemos nós nos inventamos — mas nós somos o que ele era agora.”. (Lispector p. 212). Ele estava sendo o que era. E de certo modo, se de um lado, o “Ser” de Martim consistia na também na busca harmônica pela sua salvação, o “Ser” também lhe causava muita dor, uma vez que para ele ser deveria ter consciência de sua identidade, o que lhe obrigava a ser novamente homem, ser inteligente e deixar de parecer com os bichos, animais e plantas.
Em se tratando do fim último do homem, a felicidade para Aristóteles em minha análise é convertida em liberdade como o telos (a finalidade última) de Martim; notamos a intencionalidade do protagonista em enfatizar a liberdade como um fator essencial na realização do ser humano.
Realização esta, que necessitaria do esforço pessoal de cada um para alcançá-la através do encontro autorreflexivo, do movimento introspectivo e prático; isto é, a verdade seria a responsável pelo entendimento e firmamento da identidade de cada um, como vimos nesse trecho: {...} “Um homem sem vocação deveria ao menos ter a vantagem de ser livre”. (Lispector. p. 274).
A liberdade de Martim desencadeava em seu próprio bem-estar, e pelo fato dele se identificar com o sítio, ele passou a sentir harmonia e paz ao reconhecer-se naquela nova vida: {...} “Martim olhava para si sem sentir vergonha, era seu primeiro passo seguro para a sua própria reconstrução, pela primeira vez se amava”.
A terceira e última parte do romance; “A Maça no Escuro” poderia ser uma alusão à passagem bíblica da maçã, como a árvore do conhecimento. A figura da maçã denota uma certa simbologia na história da humanidade por se tratar de um meio de conhecimento, tanto pelas as vias do bem, como também para as do mal. Por fim, o termo escuro poderia advir da falta de entendimento, da incompreensão, da limitação humana e tec.
O entendimento Martim quanto ao real e o seu “eu interior” poderia lhe transformar em um novo homem, a ponto de descobrir por si próprio e também pela sua experiência o verdadeiro sentido da existência ou a finalidade do viver. O seu ponto de partida deveria ser ele mesmo, um fruto do silencio e da incompreensão, enquanto a liberdade radical teria sido uma necessidade de apagar o vazio da alma através da recriação do seu mundo pela descoberta da verdade pessoal. E segundo a autora quanto mais ele se aproximava da sua verdade, mais ele se encontrava: {...} ”Martim parece mais confortável com a descoberta de sua verdade, as palavras “valorosa e boa” lhe trouxeram um prazer interior”. (Lispector. p. 303).
No processo de constituição da identidade do protagonista nasce um processo de constituição do “eu” de Martim, promovendo constantes transformações decorrentes das condições sociais e de vida que o indivíduo se insere. No processo de constituição de sua identidade, Martim assume uma função de autoprodução de si ao longo da sua nova vida, partindo de uma identidade idealizada em relação ao desempenho desse novo plano. A vida torna-se o seu próprio projeto de vida. Deste modo, a identidade é construída continuamente, pois, o indivíduo vivencia ao mesmo tempo vários papéis, o que o torna um personagem da sua vida, Martim se metamorfoseia de acordo com as condições submetidas.
Diante do exposto, a nossa reflexão sobre o romance de Clarice nos propõe a pensar o ser humano mediante o seu processo de construção; o nascimento, a negação, a morte, o ressureição, a afirmação, a autoconsciência e a identidade são as fases constituintes da vida de Martim. “A Maçã no Escuro" revela em um primeiro momento uma ruptura do protagonista sob a negação da vida, e, por conseguinte, o nascimento de um novo homem em decorrência suposto crime como uma espécie de metamorfose a partir da autoconsciência. Por fim; o retorno à condição humana o torna novamente um homem comum em meio às adversidades da vida e prontamente a regressar juntamente a ao convívio social e a sua existencialidade.

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HeloAsa.Oliveira 01/04/2021

A maçã no escuro
O romance lançado em 1974,tem mais de trezentas páginas recheadas de símbolos e questões existenciais, a leitura é densa,mas libertadora. A obra tem como protagonista uma figura masculina e se divide em 3 partes: "Como se faz um homem", "Nascimento do herói" e " A maçã no escuro".

No começo da narrativa a leitura é bem fluída, já que o leitor acompanha a fuga de Martim depois de cometer o crime que vai ser ponto de partida para todo o desenvolvimento da história(mas já aviso que o crime só vai ser revelado na última parte).A partir da fuga de Martim,depois de cometer o crime, com 0 arrependimentos, ele foge por medo de ser preso. O crime significa o desprendimento do que a sociedade julga como certo e moral,Martim entra em um processo de libertação, em que o autoconhecimento, o isolamento e o pensamento vai render uns bons parágrafos de fluxo de consciência.

Depois de peregrinar, tendo contanto com a natureza e os animais , Martim procura abrigo e encontra uma fazenda, comandada por Vitória, ela vai contratá- lo para trabalhar ali.
Vitória representa o poder e a razão, enquanto sua prima, Ermelinda, representa a sensibilidade e a emoção, acontece entre eles uma espécie de triângulo amoroso.

É na fazenda que o homem vai reconstruir a sua humanidade, aliando o pensamento ao corpo, aqui Clarice trabalha com a ideia de corpo e alma, o corpo físico agora se cansa e sente desejos sexuais, além de tentar dar nome ás coisas que sente,deseja e tem medo. O que faz alguém mais humano do que a linguagem?

Por fim, o seu crime é relevado e a sua volta á civilização da qual fugia, é inevitável, já que ele será preso. Sua humanização foi reiventada com o crime e suas consequências. No final há uma concepção de que o corpo e a alma são prisões, ser humano de uma maneira geral, é viver sem compreender o sentido da vida e o desmaparo do criador.

A maçã em sua concepção bíblica, é o fruto proibido que trás o conhecimento, Martim está na escuridão e come do fruto, comete um crime, para que ele se encontre e se descubra humano de novo.
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lara rayssa 22/02/2021

o livro traz uma ótica existencialista e intimista capazes de proporcionar momentos epifânicos ao leitor. apresenta um grande grau de complexidade (para mim) com recorrentes fluxos de consciência. ótima experiência de leitura.
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Ludmila119 31/08/2016

Maça no escuro
Ótimo livro
Flávia 27/09/2017minha estante
Estou louca ou essa resenha foi copiada da Fran? Espero que meu skoob esteja louco.O




Eliane406 23/01/2024

O único de Clarice com protagonista homem
?Um romance denso, habitado por personagens comuns, mas que eleva o enredo a níveis impensáveis de transcendência. Uma es foto da que queima sua chama pacientemente enquanto narra a trajetória de um homem.

* E ao fim de uma semana havia inquietação e rumor indistinto no sítio como acontece quando, tudo tendo permanecido muito tempo sem evoluir, tudo quer se transformar.pág.84
*Lembrou-se de que mulher é mais que o amigo de um homem, mulher era o próprio corpo do homem.pág.108
*Uma pessoa tem prazeres altamente espirituais de que ninguém suspeita, a vida dos outros parece sempre vazia, mas a pessoa tem os seus prazeres.pág.108
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gabbiedb 20/06/2022

A habilidade da Clarice de entender e transmitir em palavras o que há de mais profundo em cada personagem me surpreende demais.

"A gente se atrapalha quando quer falar, mas todo o mundo sabe tudo" - essa é uma das conclusões que eu mais gostei. Mas, na verdade, a narrativa é cheia de conclusões que se complementam e se contradizem ao mesmo tempo. O que só torna tudo mais incrível.

A autora me fez sentir empatia por um homem que cometeu um crime. Confesso que me senti enganada por isso, o que não faz sentido nenhum. Ela não escondeu nada de mim - pelo contrário, escreveu com todas as palavras, várias e várias vezes, que algo havia acontecido, e que esse era o exato motivo para que os pensamentos se desenrolassem. Mesmo assim, quando tudo foi revelado, era como se eu nunca pudesse ter antecipado que aquilo fosse verdade.

Cheguei a ter dor física lendo essa história (mal posso esperar para ler a próxima).
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Su 28/01/2016

A maçã no escuro é o quinto livro da autora Clarice Lispector. Lançado no ano de 1961, embora tenha sido concluído no ano de 1956.
Ele é dividido em três partes. Parte I – Como se faz um Homem, Parte II – Nascimento do Herói e Parte III – A maçã no escuro.
A estória começa em uma noite de março, aonde vemos Martin fugir de um hotel e ao mesmo tempo fugir de si mesmo, de seus pensamentos, de tudo aquilo que o faz humano.
Mais tarde, somos informados de que Martin cometeu um crime, o qual não sabemos. E essa é a real razão para que ele queira começar tudo de novo.
Esse é o maior livro da Clarice, pelo menos dos que eu li, somando 336 páginas. A leitura é complexa e acredito que esse é daqueles livros que te fazem questionar a vida, a sociedade atual, entre outras coisas.
Claro, não poderia deixar de fora um trecho, para que vocês possam refletir um pouco.
“Mas como escapar à tentação de entender? sem conseguir vencer
certa sensualidade, ele entendeu. Para não se comprometer de todo, tornou-se
enigmático, a fim de poder recuar logo que se tornasse mais perigoso.
Então, cuidadoso e sonso, ele entendeu assim: “Como se impedir de
compreender, se uma pessoa sabe tão bem quando uma coisa está ali!”, e a
coisa estava ali, ele sabia, a coisa estava ali. “Sim, assim era, e havia o
futuro.” O largo futuro que tinha começado desde o começo dos séculos e
do qual é inútil fugir, pois somos parte dele, e “é inútil fugir porque alguma
coisa será”, pensou o homem bastante confuso. E quando for — oh como
poderia ele se explicar diante de uma manhã tão inocente? — “e quando for,
então será”, disse ele humilhado com o pouco que dizia. E quando for, o
homem que nascer se espantará de que antes... “Mas quem sabe se já não
é?”, ocorreu a Martim com grande argúcia. “Acho até que já é”, concluiu
com dignidade de pensamento. Então, de algum modo satisfeito, tomou
uma atitude oficial de meditação. Ele meditou, enquanto olhava a manhã
no campo. E quem há de jamais responder por que borboletas num campo
alargam em compreensão obscura a vista de um homem?”

site: http://detudoumpouquino.blogspot.com
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Thiago 02/07/2011

Ser livre
Um homem que procura a liberdade,
mas sem saber, ele já tem.
Eu amo C. Lispector e sou suspeito pra falar.
Acho um romance ousado, uma estrutura diferente, com personagens diferentes.
Foge do ideal e do comum.
Recomendo para quem já está habituado à Clarice.
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Biblioteca Álvaro Guerra 05/04/2018

Um homem, um crime, uma fuga. Como se fosse possível retroceder os ponteiros do relógio, zerar o tempo marcado e então começar outra vez. Martim, um fugitivo, começa a se reinventar, a manufaturar o próprio destino - "ele se tornou o centro do grande círculo e começo arbitrário de um caminho".

Empreste esse livro na biblioteca pública

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/853250874x
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