Su 28/01/2016
A maçã no escuro é o quinto livro da autora Clarice Lispector. Lançado no ano de 1961, embora tenha sido concluído no ano de 1956.
Ele é dividido em três partes. Parte I – Como se faz um Homem, Parte II – Nascimento do Herói e Parte III – A maçã no escuro.
A estória começa em uma noite de março, aonde vemos Martin fugir de um hotel e ao mesmo tempo fugir de si mesmo, de seus pensamentos, de tudo aquilo que o faz humano.
Mais tarde, somos informados de que Martin cometeu um crime, o qual não sabemos. E essa é a real razão para que ele queira começar tudo de novo.
Esse é o maior livro da Clarice, pelo menos dos que eu li, somando 336 páginas. A leitura é complexa e acredito que esse é daqueles livros que te fazem questionar a vida, a sociedade atual, entre outras coisas.
Claro, não poderia deixar de fora um trecho, para que vocês possam refletir um pouco.
“Mas como escapar à tentação de entender? sem conseguir vencer
certa sensualidade, ele entendeu. Para não se comprometer de todo, tornou-se
enigmático, a fim de poder recuar logo que se tornasse mais perigoso.
Então, cuidadoso e sonso, ele entendeu assim: “Como se impedir de
compreender, se uma pessoa sabe tão bem quando uma coisa está ali!”, e a
coisa estava ali, ele sabia, a coisa estava ali. “Sim, assim era, e havia o
futuro.” O largo futuro que tinha começado desde o começo dos séculos e
do qual é inútil fugir, pois somos parte dele, e “é inútil fugir porque alguma
coisa será”, pensou o homem bastante confuso. E quando for — oh como
poderia ele se explicar diante de uma manhã tão inocente? — “e quando for,
então será”, disse ele humilhado com o pouco que dizia. E quando for, o
homem que nascer se espantará de que antes... “Mas quem sabe se já não
é?”, ocorreu a Martim com grande argúcia. “Acho até que já é”, concluiu
com dignidade de pensamento. Então, de algum modo satisfeito, tomou
uma atitude oficial de meditação. Ele meditou, enquanto olhava a manhã
no campo. E quem há de jamais responder por que borboletas num campo
alargam em compreensão obscura a vista de um homem?”
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