Silvestarley Oliveira 31/12/2021
Caninos Brancos
Se você busca uma leitura prazerosa, o livro Caninos Brancos com certeza não é uma boa escolha. Não porque a narrativa seja ruim, mas porque a história é bastante cruel e triste.
Definitivamente Jack London não quis nos dar uma versão de contos de fadas quando escreveu a história desse pequeno filhote de lobo, muito pelo contrário. O que ele realmente quis mostrar é o quão brutal e racional é a natureza.
Para Caninos Brancos, ou ele era a caça ou o caçador. Ou ele comia carne ou era comido. Ou ele atacava ou era atacado. Não existia meio termo e nem compaixão, pois assim é a natureza.
E para mostrar esse lado, o autor foi mestre em narrar o livro na perspectiva do lobo, onde o mundo é descrito com os olhos do animal, nos mostrando como ele associa a vida e o que está ao seu redor.
Quem nos guia na leitura é Caninos Brancos, e ele definitivamente não possui a nossa moralidade ou nossas regras sociais.
Temos no livro Caninos Brancos uma incrível troca de papéis. No começo da história, no meio da floresta, nós nos colocamos no lugar dos humanos que estão com medo de serem devorados pelos lobos. Acabamos vendo o lobo como o antagonista, o inimigo cruel e faminto.
Depois, temos os homens cercando o lobo, e o nosso sentimento se inverte totalmente. Enquanto Caninos Brancos cresce, vamos ficando cada vez mais com dó do filhote que só sofre nas mãos dos seus donos humanos.
O autor traz, em diversos momentos da leitura, a analogia de que nascemos como uma argila sem forma, e essa argila vai se moldando a partir do nosso ambiente, das nossas experiências e reações. Isso quer dizer que nós não nascemos como a nossa personalidade definida, mas a formamos a partir de um complexo efeito de ação e reação. Esta é uma das principais lições que a leitura nos deixa.
Caninos Brancos conta a história de redenção de um lobo que foi criado para ser violento em toda a sua vida, mas que em um determinado momento é capaz de amar e ser amado.
Foi a minha melhor leitura no ano de 2021.