spoiler visualizarDouglas 29/01/2014
A Fúria dos Reis
(Resenha com Spoilers)
Quando eu terminei o primeiro livro desta série, eu citei na minha resenha que não iria ler o segundo livro de imediato. Que iria tirar um longo tempo de "descanso" dos "Sete Reinos" e iria ler outros livros que estavam na minha estante.
Eu li outros 4 livros depois de ter concluído "A guerra dos tronos". O problema, é que não houve um só dia que eu não pensasse em como esta história iria continuar. Em que eu não olhasse para "A fúria dos Reis" e pensasse: e agora, como isto vai continuar?
Aí não teve jeito, peguei o livro e comecei a ler.
A história começa imediatamente após os últimos acontecimentos de "A Guerra dos Tronos", sendo uma continuação exata do primeiro livro. Todo aquele gosto de "quero mais" é saciado no começo do livro.
Na minha humilde opinião, o inicio deste segundo livro é melhor do que o primeiro livro. Por quê?
Porque nós já estamos familiarizados com os personagens e já sabemos como estão dispostas as principais famílias, então não há aquele período de "adaptação" que foi preciso no primeiro livro. Nós já sabemos "quem é quem", então desde as primeiras páginas já é fácil saber o que está acontecendo.
Porém eu achei que o final deste segundo livro foi inferior ao primeiro. Simplesmente porque o final da primeira história foi mais surpreendente do que o final desta segunda história.
Este livro é narrado pelos mesmos personagens que encerraram o primeiro livro (Arya, Sansa, Tyrion, Bran, Jon, Catelyn e Daenerys).
Porém temos dois novos narradores: Davos e Theon.
Theon Greyjoy já nos foi apresentado no primeiro livro como um protegido de Eddard Stark, mas Theon não ganhou praticamente nenhum destaque no primeiro livro. Então agora ele aparece como um narrador para contar a história a partir do ponto de vista da família Greyjoy.
Davos Seaworth nos é apresentado no Prólogo deste segundo livro. Ele vem para nos contar a história a partir do ponto de vista de Stannis Baratheon, irmão do Rei Robert.
Os outros (Arya, Sansa, Tyrion, Bran, Jon, Catelyn e Daenerys) estão cuidadosamente posicionados pelo autor para que cada um possa narrar a história a partir de locais diferentes, ou acrescentando situações diferentes ao livro. O autor está de parabéns pela forma como ele soube distribuir os personagens.
Os narradores que eu mais gostei foram: Arya, Tyrion e Jon.
Os POVs destes personagens foram bastante movimentados, com bastante ação.
Agradou-me bastante as narrações deles.
Destaque negativo entre os narradores ficou (e me desculpem os fãs dela) para Daenerys.
Eu sei que muita gente a adora e muitos sites citam a mesma como "a preferida da série", mas eu confesso que ela é uma personagem que ainda não me agradou. Vou explicar por que:
Ela não narra a história a partir dos "Sete Reinos", mas sim, de terras "Dothrakis", então os POVs dela são um pouco "deslocados" no resto da série.
Isto não seria um problema, mas também temos as falas dela como em uma língua "tribal": (Khal, Khalessi, Khalassar, Hrakkar, arakh, etc).
Os nomes também são um pouco estranhos: (Xaro Xhoan Daxos, Irri, Jhiqui, Rakharo, etc).
Por fim, há certo padrão repetitivo nas falas. Por exemplo, vejam que em quase todos os POVs dela há a frase: (sangue do meu sangue, sangue dos dragões, etc).
Então tudo isso me irritou um pouco nas narrações da Daenerys.
Eu sei que ela é uma personagem que ainda ganhará muito destaque nesta série, e eu sinceramente torço para que ela me "conquiste", mas até agora, eu não curti a Khalessi.
Ainda entre os narradores, eu senti falta de um POV do Robb Stark. Eu acho que foi uma falha do George Martin não ter colocado ele como um narrador. Pois as batalhas deles são comentadas pelos outros personagens, mas eu acho que este livro ficaria ainda melhor se nós tivéssemos o próprio Robb narrando suas batalhas. Neste ponto temos uma falha do autor, na minha opinião.
Falando em falhas, eu preciso fazer algumas críticas:
[Fãs da série, por favor, sem chateação. É apenas a minha opinião]
A primeira crítica fica para a nossa querida editora Leya:
A letra deste meu livro é pequena, a folha é fina e a margem é muito pequena. Nas páginas pares eu precisei forçar o livro para conseguir ler até o final das linhas e isto que meu livro não é a versão pocket, mas sim a normal. Mais uma vez a editora Leya peca na qualidade do produto.
A segunda ao autor George R.R. Martin.
O autor em alguns pontos descreve demais a ponto de "amarrar" a história. Há muitas descrições de como o pessoal está vestido ou descrição de lugares a ponto de o leitor (eu) estar ansioso para ver os acontecimentos e o autor começar a falar como o personagem estava vestido, como estava o dia, etc. E isto, em muitos pontos, me deixou impaciente. Pensei muitas vezes: "Anda, Martin, desenrola, vamos aos fatos, caramba!".
Sim eu sei que isto soa estranho (eu brigando com o livro), mas eu confesso que já xinguei, mentalmente, o autor muitas vezes nesta série.
Ainda falando de descrição, uso outro exemplo:
"Bran ouviu dedos apalpando couro, seguido de som de aço batendo em pederneira. E mais uma vez. Voou uma fagula, pegou. Osha soprou suavemente. Uma longa chama pálida despertou (...)"
Não seria mais simples ele dizer: "Osha acendeu uma fogueira"?
Eu sei que isto é escolha do autor. O livro é dele e ele faz o que bem entende com a história, estou apenas exercendo o meu direito de dar um "pitaco".
Outro fato que eu comentei na resenha do primeiro livro, é que eu ansiava por uma descrição de batalhas. Afinal, na minha opinião, o que sobrou de descrição de roupas, faltou de batalhas (este é um livro de guerra, não de moda). E até que enfim, o autor me presenteou com uma descrição de batalha... mas eu confesso que não fiquei totalmente satisfeito.
Existem autores de outros livros de guerra, que descrevem as batalhas com uma calma e uma frieza que chega a ser assustadora, a ponto do leitor "saborear" a luta. Porém George Martin me pareceu um pouco ansiado em tentar descrever tudo na batalha.
Uso como exemplo este trecho: "(1) Uma lança fez um ruído surdo em seu escudo. (2) Pod galopava ao seu lado, golpeando todos os inimigos que passavam. (3) Indistintamente, ouviu aclamações vindas dos homens nas muralhas. (4) O aríate caiu como um estrondo na lama, esquecido num instante quando os homens que o manejavam fugiram ou se viraram para lutar. (5)Tyrion atropelou um arqueiro, abriu um lanceiro do ombro à axila (...)"
Percebam que em um curto espaço de tempo, várias situações vão se sucedendo, e isto acontece bastante neste POV do Tyrion. Não vou citar mais alguns para não me alongar, mas o autor poderia ter descrito esta batalha com mais calma.
Além disso, o autor não é claro em alguns pontos.
Uso como exemplo este trecho: "(Tyrion lutava com um inimigo) Um cavaleiro ergueu-se vindo de lugar nenhum, lançando-lhe estocadas no escudo com a espada longa de duas mãos que brandia, uma e outra vez, até que enfiou uma adaga por baixo do braço".
Ai eu pergunto: Braço de quem? O autor não foi claro em dizer se no de Tyrion ou do cavaleiro. Ai você precisa ler mais um pouco para descobrir que foi do cavaleiro.
Então nas descrições de batalhas, Martin não é claro em alguns pontos, infelizmente.
Outra falha do autor fica na página 598, no quinto diálogo:
"O desgraçado está morto - aproximou-se. - Culpa da moça. Se ela não tivesse fugido para tão longe, o cavalo dele não teria se aleijado e podíamos ter conseguido fugir. Dei-lhe a minha quando vi os cavaleiros do topo da colina. A essa altura já tinha acabado com ela, e ele gostava de ter a sua vez quando ainda estavam quentes. Tive de puxá-lo de cima dela e de meter a minha roupa nas mãos dele... Botas de pele de vitelo e gibão de veludo, cinto de espada gravado em prata, até o meu manto de zibelina. Corra para o Forte do Pavor, eu disse, traga toda a ajuda que conseguir. Leve o meu cavalo, é mais rápido, e tome, use o anel que meu pai me deu, para que eles saibam que vai de minha parte. Ele bem sabia que não era boa ideia questionar-me. Quando espetaram aquela flecha nas costas dele, eu já tinha me besuntado com a porcaria da moça e vestido os farrapos dele. Podiam ter me enforcado mesmo assim, mas foi a única chance que vi - esfregou a boca com as costas da mão."
Confesso que eu li várias vezes esta passagem e não entendi.
(Quem é o desgraçado? Quem é a moça? Quem são esses dois? Fugir de onde? Dei-lhe a minha o que? Quem lhe espetou a flecha? Quem poderia o ter enforcado?
Fui obrigado a recorrer a opiniões de alguns amigos e de alguns fóruns na internet para compreender o diálogo. Compreendi, mas com ajuda de outras pessoas.
Não sei se o problema foi com o autor, ou com o tradutor, mas esta passagem ficou bastante confusa.
Além disso, há algumas situações que poderiam ter sido subtraídas para o ganho em agilidade na leitura. Citando um pequeno exemplo: "Um enorme estrondo ressoou pela Água Negra quando um pedregulho do tamanho de um cavalo acertou em cheio, a meio navio, uma das galés".
Agora, vamos retirar a palavra "a meio navio": "Um enorme estrondo ressoou pela Água Negra quando um pedregulho do tamanho de um cavalo acertou em cheio uma das galés".
Viram? Não muda nada. Pelo contrario, torna a narração mais ágil.
Há várias outras no livro, mas não vou citar para não me alongar muito.
Então, na minha opinião, as narrações poderiam ter sido mais agilizadas.
É claro que o livro é do Martin e ele faz o que bem entende com a história, mas estou exercendo o meu direito de dar um "pitaco".
Outro detalhe que eu achei curioso foi que na capa do livro dizia:
"(...) Poderosos dragões estão prestes a chegar aos Sete Reinos, trazendo fogo e morte... Um perigo de proporções gigantescas, muito maior do que as grandes guerras!"
Quando eu li isso, pensei: "Oba, os dragões da Daenerys já estão grandes e vão vir para os Sete Reinos para fritar os Lannister's".
Bom, na verdade nada disso aconteceu. Os dragões ainda são pequenos e a Daenerys ainda está tentando conseguir uma carona para voltar aos Sete Reinos.
Pode ter sido um erro de compreensão meu. Não sei. Mas isso me cheirou a propaganda enganosa. Sei lá.
Para eu encerrar as críticas, eu achei engraçado os personagens usarem mesóclises nos diálogos. Desde quando alguém usa uma mesóclise ao falar?
Povo culto esse do George R.R. Martin, hein!
Ou, fazendo justiça: povo culto esse do Jorge Candeias, hein!
CONCLUSÃO.
Você ainda está ai??
Puxa, obrigado pela paciência.
Bom, pra terminar, depois dos elogios e das críticas, me resta concluir dizendo que eu gostei do livro. Demorei quase um mês para concluir a leitura, mas foi uma leitura bem interessante.
A minha vontade é de não ler o terceiro livro de imediato, pois tenho vários outros não lidos na minha estante, mas não sei quanto tempo a minha curiosidade vai aguentar.
Afinal de contas, o jogo dos tronos continua, e o último a sair (morrer) que apague a luz.. hehehe..
Um abraço e meu respeito a todos.