Ju P 26/08/2022
Uma abordagem diferente da rainha do crime
Termino essa leitura com uma sensação estranha que nunca antes tinha sentido lendo algo de Ágatha Christie. Tenho a sensação de que falta alguma coisa (muita coisa, na verdade) e não estou disposta a reler para tentar encontrar.
Neste livro, a autora opta por uma abordagem diferente do que estamos acostumados a ler. Não temos detetives aqui. Não existem assassinatos passionais misteriosos e não tem aquela coisa de ?quem será que foi?? ou ?aposto minhas fichas em tal pessoa?.
Aventura em Bagdá é, por si só, uma aventura. Acompanhamos a história de uma menina apaixonante chamada Victoria que, em meio a muitas intrigas internacionais, delírios orientais e uma noção transitória de paixão/ beleza. É uma jovem extremamente romântica e, como heroína, mostra-se competente em suas incompetências. Ela, sem dúvida, foi a personagem que mais me conquistou neste livro.
Porém, nem tudo é um mar de rosas? Talvez, como fã incondicional de Ágatha Christie, minhas expectativas estavam muito altas e o tombo machucou um pouco. O livro não convence. Muitos personagens pouco explorados, todos ligados a uma trama internacional que, de fato, só se inicia depois de muitas páginas (pelo menos metade do livro). Perseverança é necessária para chegar ao fim desta obra e, mesmo sendo bem trabalhada, deixa a desejar no quesito mistério.
A melhor surpresa da obra, em si, é a revelação de muitas coisas sobre a escritora. É sabido que Ágatha Christie tinha uma adoração pela cultura árabe e, talvez por conta de seu marido, o aspecto arqueológico neste livro ganha um papel importante. Acima do mistério, o livro é uma carta de amor ao oriente. A visão romântica de uma cultura tão diferente da Inglesa e as belezas vistas pelos olhos da escritora se refletem nos pensamentos da heroína, e, sem dúvida, isso da um charme extra ao livro.
No final das contas, a leitura é boa. Não maravilhosa, mas boa.