Cosmic 23/07/2021
Interessante, mas repetitivo
Escrito nos anos 70, por um veterano da Guerra do Vietnã, Guerra Sem Fim foi vencedor do prêmio Hugo, e estava sempre presente na lista de sci-fis favoritos de diferentes pessoas, o que atraiu minha atenção para o livro.
Por diversos momentos a obra traça paralelos com as situações vividas pelos soldados americanos que foram despachados para o Vietnã, que muitas vezes, ao retornarem para sua terra natal, sentiam-se deslocados, como se não pertencessem mais àquele local. Não só isso, como também está presente o elemento do desconhecido, onde diversos jovens são enviados para travar uma batalha, em um conflito armado que nem mesmo eles entendem, seguindo ordens cegamente porque seus superiores lhe dizem que é o certo. Mas aí as coisas desandam.
O protagonista desenvolve minimamente ao longo da trama, você não sente apego ou apreensão por eles, salvo apenas por certos momentos em meio à batalha. Outra parte que afetou muito negativamente minha experiência com a obra, foi a obsessão que o autor parecia ter não só com sexo, como também com a sexualidade alheia, características que ele passou para seu personagem. Levando em consideração o momento em que ele escreveu este livro, e sua preocupação em escrever a introdução desta edição, para tratar justamente desta questão, me faz ter fé que ele não mais pense dessa forma retrógrada.
Outra situação decepcionante foi a sequência repetitiva de plots, todos muito semelhantes, e pior ainda a conclusão, um final anti-climático que pouco faz o leitor pensar, apresentando um conceito corrido e um tanto quanto bizarro como desfecho da sociedade humana pós-guerra, e entregando, basicamente, a frase "guerra é ruim", e foi após chegarem a essa conclusão, a qual não é elaborada em nenhum momento, que os humanos e aliens decidiram pôr fim à permuta; não posso deixar de pensar que um final assim também pode ser encontrado em uma história infantil, em que dizemos às crianças que não podem bater nos coleguinhas, pois isso é algo ruim, e elas simplesmente aceitam. É assim que me sinto após ter terminado o livro.
Repleto de conceitos interessantíssimos, Guerra Sem Fim seria uma obra muito melhor se tivesse sido escrita por outro autor, em um outro momento, o que chega a ser irônico, considerando o que se passa no livro.