The Forever War

The Forever War Joe Haldeman




Resenhas - The Forever War


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Rogério 27/09/2020

O autor é um veterano de guerra e isto explica as boas narrativas de confrontos e treinamento militar, além dos vários problemas que devem existir em toda força armada...
O livro é narrado por William Mandella, um jovem recrutado para participar das primeiras investidas contra uma raça alienígena, e todas as suas dúvidas, raiva e medo são passados para nós. A obra traz conhecimentos científicos bem aplicados e, mais importante, você consegue entendê-los bem. Além da guerra, outro tema é bem focado: a homossexualidade... mas não vou dar nenhum spoiler aqui ?
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Lele 18/09/2020

Excelente
Quase sem palavras para descrever. Um clássico da ficção científica pouco conhecido no Brasil, eu mesmo, o conheci depois da indicação de um amigo. Poucas vezes vi a teoria da relatividade sendo abortada de tal maneira. A história é contagiante e me prendeu do começo ao fim e o final me surpreendeu. Indico a leitura para quem já é fã do gênero e para quem está começando a se interessar, não irá se arrepender.
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William 22/07/2020

Um ótimo livro que conta a jornada de um jovem recruta e os seus dilemas de uma guerra sem fim.
Temos o personagem William Mandella, que foi recrutado para participar de uma guerra contra uma civilização alienígena e devido dilatação do tempo provocada nas viagens espaciais, o tempo para ele passa mais lentamente do que para os habitantes da terra. Com isso, toda vez que volta para Terra, encontra a sociedade diferente, com novos valores. Ele vivência militarismo acerbado, crises globais, homossexualismo no exército, eugenia etc. E com essas viagens, parece que a guerra nunca tem fim (a guerra durou mais de 1000 anos). A última batalha que ele participou me fez lembrar de um episodio de uma antiga série: Combate no Vietnã ou “Tour of Duty” (histórias de um pelotão de infantaria americana durante a Guerra do Vietnã), onde o pelotão defende uma área, com muitas baixas, para ambos lados, para descobrir que a batalha nada adiantou para o conflito. Não é por acaso que a história é muito semelhante a guerra do Vietnã, com seus vários dilemas, pois o escritor é um veterano condecorado dessa guerra. O final me agradou muito. Na verdade, a história toda é muito boa e parabéns pela editora Aleph pela edição do livro.
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Bruno Marcolino 15/07/2020

Guerra Sem Fim
Achei decepcionante... acho que a única coisa realmente interessante são os saltos temporais devido as viagens através dos colapsares (buraco de minhoca). Foi "vendido" à mim quanto um tratado sobre a guerra (tem guerra, mas achei tudo meramente gráfico) e sobre a questão da falta de pertencimento dos militares que participavam das viagens quando retornavam a civilização (aqui o autor só dá leves pinceladas, pena não ter se aprofundando mais).

Outra coisa que me incomodou foi a abordagem da homossexualidade. É uma visão estereotipada, tem até uma nota do autor para essa edição onde ele comenta sobre. Espero que a visão dele realmente tenha mudado quanto a isso. No livro há técnicas para se polarizar, como é citado no mesmo, a orientação sexual do indivíduo. Acho isso tão terapias de reversão sexual... é de revirar os olhos.

Para mim, nem na ação o livro empolga. E o final, achei entediante.
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Ronaldo 20/06/2020

O problema da relatividade
William Mandella é um jovem soldado recém treinado para lutar contra a raça dos taurianos, os inimigos da humanidade, numa guerra interestelar.
Ao se deslocar de um ponto a outro na galáxia, viajando a velocidades próximas à da luz, Mandella e os outros tripulantes da nave enfrentam o problema da dilatação temporal, na qual alguns anos servindo à bordo da nave representam décadas passadas na Terra.
A guerra talvez não seja o foco principal do livro, mas sim as mudanças sociais e comportamentais as quais William tem que se adaptar para continuar lutando este conflito.
Dani 06/06/2021minha estante
Oi. Qual é a classificação do livro??


Ronaldo 07/06/2021minha estante
Leitura excelente pra quem curte ficção científica. Recomendo.


Dani 11/06/2021minha estante
Qual a idade recomendada pra ler?


Ronaldo 14/06/2021minha estante
Creio que seja indicado para qualquer idade.




Moisés Menezes 10/06/2020

Que LIVRAÇO!
Guerra Sem Fim é com certeza uma das melhores leituras que já fiz, uma ficção científica militar de alto padrão, que não poderia ter sido escrita por alguém que não conhece, e de fato vivenciou a crueza das situações que envolvem uma guerra. Leitura extremamente fluida, rápida, porém muito proveitosa o autor aborda vários temas universais na cultura de um militar, mas também das relações humanas, o que lhe confere um elemento a mais, que faz nos importarmos com os personagens e sentir suas dores e angústias. Toda a exploração e construção do espaço, que é onde se passa a maior parte da história, é feita de forma magistral, a questão da relatividade, relações de espaço-tempo durante as viagens e saltos são muito bem tramadas e inferem diretamente na vida desses personagens. Um excelente livro, que embora seja pouco conhecido no Brasil, merece muito a atenção.
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@solitude_e_books 03/06/2020

Instagram @solitude_e_books
Dificilmente Guerra sem fim não entraria para minha lista de melhores livros de ficção científica, até por que minha série favorita deste estilo é Guerra do Velho e ambas obras se assemelham em alguns pontos.

Aqui William Mandela nosso protagonista é recrutado pelo exército a integrar uma força militar composta apenas pelas mentes mais brilhantes. Ele é enviado para conflitos através da galáxia contra os misteriosos Taureanos.

A parte triste da história é que toda vez que ele retorna de alguma missão muitos anos já se passaram para aqueles que ele deixou para trás. Isso se dá pois através do salto Colapsar ao qual os proporciona viajar pelo espaço tempo, meses equivalem a anos na terra, ou seja quanto mais longe for a viagem, maior será a dilatação do tempo, passando de décadas para séculos inteiros, sendo assim gradualmente ele já não consegui mais compreender ou ser compreendido pela sociedade. "Quando a nave dela foi lançada, foi como se um caixão tivesse sido lançado no interior de uma cova"

A história também lida com o amor, pois Mandella cria laços forte com uma mulher em particular e ela se torna sua única conexão com o mundo que para ele morreu a séculos.

Não posso deixar de mencionar que Joe Haldeman escreveu esse livro em 1974, trazendo assim passagens machistas e homofóbicos que teriam me incomodado muito se não fosse pelo excelente prefácio escrito pelo autor ao qual diz que essa era a visão dele naquela época, ou seja a mais de quarentena anos, mas que hoje não concorda e até pede desculpas.
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Gabriel 24/02/2020

Terrivelmente realista
Esse livro é capaz de mostrar, com horror, a tristeza de um soldado e de um viajante do espaço
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davidplmatias 18/02/2020

Na medida certa
Meu gênero favorito maestralmente conduzido, adorei do início ao fim. Mas não conseguiu destronar meu favorito infelizmente: Tropas estelares!
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Debyh 16/02/2020

Antes de ler o livro eu já tinha ouvido falar, mas só por nome mesmo já que ele foi escrito a alguns anos. Mas meu interesse por sci-fi era limitado, então de verdade só o conhecia por nome mesmo. Creio que o que é mais bem trabalho na história seja como o autor realmente inseriu uma guerra que poderia ter acontecido entre humanos, porém os adversários sendo extraterrestres. Então para mim tanto o lado sci-fi quanto o lado dia a dia de um militar foram bem balanceados na história, o que deixou tudo mais impactante e posso dizer uau pro livro.
William Mandella se tornou um dos primeiros soldados convocados a irem para o espaço desde que foi descoberta vida em outros planetas. Então ele começa seu treinamento como um soldado no primeiro pelotão do espaço e aos poucos sua vida no exército se mostra bem mais complicada do que ele poderia imaginar.
+ continua: http://euinsisto.com.br/guerra-sem-fim-joe-haldeman/

site: http://euinsisto.com.br/guerra-sem-fim-joe-haldeman/
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Larissa | @paragrafocult 07/02/2020

" - Esta noite mostraremos oito maneiras de matar um homem de maneira furtiva."
Devo começar essa resenha dizendo que nunca tive o costume de ler livros sobre guerras. Por mais que ache o tema interessante, pegar uma obra que tenha essa temática como principal nunca me ocorreu. Ao menos não até ganhar esse livro no meu aniversário. Já tinha ouvido comentarem sobre a obra mas ela não havia me chamado atenção até aquele momento. Estou numa fase onde ficções-científicas e distopias tem me interessado bastante então dos livros que ganhei, foi o primeiro que li.

É uma leitura um pouco complicada, de início. Acho que isso se deve ao fato de eu não ser acostumada com o gênero. Aqui, William Mandella, o narrador, é convocado para a guerra. Formado em Física, ele não está ali por sua vontade. Antes do livro, já somos apresentados ao fato de que o autor, Joe Haldeman, é um veterano de guerra e também formado em Física. Ao saber disso, podemos perceber desde o início da narrativa o quanto o autor usou de sua experiência para escrever o livro, mudando o cenário em que lutara - o Vietnã - para uma guerra espacial contra uma raça conhecida como taurianos.

Não nos é dito qual é o motivo da guerra. Nem mesmo Mandella sabe qual é a razão para ele e outros jovens estarem ali em um treinamento perigoso para lutar contra tal raça. Nas primeiras frases do livro, está sendo ensinado a William e seus companheiros várias formas de se matar um homem. Garotos jovens, que acabaram de sair do colegial ou de se formar estão ali, em pleno espaço e correndo risco de vida para lutarem em uma guerra que nem ao menos sabem o motivo.

E o autor não poupa palavras para nos mostrar através dos olhos de William, o quão perigoso é aquele cenário. Muitos morrem durante a trajetória do jovem que através das páginas, vai subindo de posto. Através do salto colapsar, é possível então que eles possam viajar através do tempo e espaço para lutarem suas batalhas contra os taurianos. O único problema é que alguns meses no espaço é o mesmo que anos na Terra, então quando é mandado de volta para "casa", tudo mudou. As coisas já não são mais as mesmas. A guerra, mesmo ocorrendo no espaço, impactou toda a terra de uma forma devastadora, principalmente em questão econômica, tanto que em vários momentos é deixado bem claro que se a guerra acabasse, tudo poderia desmoronar já que era ela que mantinha o dinheiro em circulação. Ao menos para alguns, já que tudo parecia inundado na pobreza. A homossexualidade é agora incentivada pelo governo devido ao crescimento populacional desenfreado.

Portanto, ele já não se sente mais em casa, não consegue mais se encaixar no ambiente que tanto sentiu falta. A guerra mudara William tanto mas até aquele momento, ele não tinha percebido. Voltara para casa pretendendo finalmente seguir a profissão na qual se formara mas viu que seria impossível. Até que um infeliz acidente ocorre e ele percebe que já não pertence mais ali, voltando para servir na guerra, dessa vez, por opção própria. É triste quando ele percebe que ali no espaço e em meio a uma guerra, ele se sentia mais em casa do que na terra.

Mas, claro que tenho que comentar sobre algo gera muita polêmica em relação a obra. Guerra sem Fim é um livro que foi publicado pela primeira vez em 1974, portanto tem algumas passagens homofóbicas e machistas e isso pode incomodar alguns leitores. Nessa edição, o próprio autor fez um prefácio se desculpando e falando que aquela era sua visão há muitos anos atrás, algo que ele já não concorda mais e se desculpa. Eu não me incomodei tanto quanto imaginei que iria porque sabia que o livro era uma obra antiga e antes de iniciar a leitura, havia lido o comentário do autor sobre então já estava preparada. William era um jovem hétero, com mente bem fechada, moldado em uma sociedade completamente diferente. Portanto, quando volta para a terra no "futuro", onde a homossexualidade era vista como algo normal - o que na sua época não era tido como normal e muito menos era incentivado - ele então teve dificuldades para aceitar isso, porém aos poucos sua visão vai mudando mas não espere muito do personagem. Caso inicie a leitura, já vá com isso em mente e acredito que não se incomodará tanto. Infelizmente esse foi um dos poucos pontos fracos do livro, ao meu ver, junto de algumas passagens machistas. Vi que muita gente se incomodou de verdade com isso de forma que atrapalhou sua leitura. Não sei se foi porque eu já tinha ido sabendo o que esperar, não foi um baque tão grande assim para mim, apesar de ter me incomodado sim.

Senti um pouco de falta de um certo aprofundamento dos personagens e acho que isso se deve ao fato de que toda a narrativa é feita através de William e ele tem uma visão muito limitada o que fez com que muitos dos personagens soassem caricatos ou estereotipados. William não é um cara forte ou um super soldado, tinha muitos dilemas e passou por muita coisa na guerra mas é realmente difícil de se sentir próximo dele por conta de seus pontos de vista preconceituosos que dão as caras em vários momentos e sua cabeça dura para aceitar certas coisas ou mostrar um pouco de opinião. Momentos esses que fizeram com que eu tivesse que travar em minha mente uma guerra de amor e ódio para com a obra, que só não foi MUITO BOA ao meu ver, por conta dessas partes.

Estando em um dos primeiros grupos de soldados convocados, William perdeu muitos amigos, viu muitos outros se ferirem gravemente, inclusive ele mesmo. O livro trouxe em suas páginas um retrato bem cru sobre a guerra da qual um paralelo claro é feito com a realidade do Vietnã em que o autor viveu.

Com exceção dos trechos onde o narrador explicava através da física a lógica dos saltos colapsares e etc, não tive nenhuma dificuldade de entendimento. Porém sou uma negação quando o assunto é física então isso não me surpreende, mas o estranhamento ocorreu apenas no início da narrativa.

Ao meu ponto de vista, para quem é fã do gênero de ficção-científica, o livro vai lhe ser uma ótima obra da qual, como leitor, vai mergulhar na guerra ao lado de William, mas já vai se preparado para tais partes que podem te dar um certo incômodo. No geral, é um bom livro, vale a leitura. Gostei bastante do final e achei que tanto a capa, quanto a diagramação ficaram bem bonitas.

site: https://paragrafocult.blogspot.com/2020/02/resenha-guerra-sem-fim-de-joe-haldeman.html
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Cristiano 16/11/2019

Bom livro
Não se trata de um livro sobre uma guerra interestelar, e sim a história de um soldado que vive essa longa e duradoura guerra, com a descrição do que aconteceu com ele e com o mundo e a sociedade à sua volta durante esse período. É uma metáfora ao conflito no Vietnã, contada baseada na vivência do próprio escritor.
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Roberto 25/09/2019

Guerra Sem Fim | Marcado pelo campo de batalha
Uma das características mais representativas da ficção científica é a capacidade do gênero em apresentar uma crítica de maneira única, se beneficiando de metáforas para construir a narrativa. Joe Haldeman decidiu exorcizar seus demônios da Guerra do Vietnã em sua obra The Forever War, traduzida para o Brasil como Guerra Sem Fim. No livro, Haldeman questiona a importância da guerra, suas contradições, a perda e a solidão constante e a maneira como somos condicionados a participar de atos inumanos.

William Mandella (quase um anagrama para Haldeman) é um recruta convocado para a batalha. Ele não se sente confortável com aquilo, mas decide aceitar toda a experiência, já que não há muita opção. Somos situados em 1997, e a humanidade consegue viajar pelo tempo e espaço através do que chamam de salto colapsar, que são como pontos de acesso servindo como portais para buracos de minhoca. Os soldados tem a missão de enfrentar os taurianos (nome que receberam por conta da constelação de Taurus), uma raça alienígena que sequer conhecem, mas através de estímulos mentais introduzidos pelo próprio governo conseguem matar várias criaturas, mesmo que elas não tenham o mesmo poder de fogo para responder. É uma carnificina gratuita, a raça humana mostra a que veio.

A obra é dividida nos quatro momentos mais importantes da carreira de Mandella, passando por todas as suas patentes. Ainda assim, a estrutura narrativa é linear e cada uma dessas partes possui uma abordagem diferente dos problemas enfrentados por muitos veteranos da Guerra Fria. Tudo começa com o treinamento dos recrutas, em um texto de Haldeman totalmente focado na ação. O autor toma como prioridade, assim como um soldado, o reconhecimento de terreno e todos os elementos do ambiente, além de nos ensinar sobre o equipamento e as táticas marine necessárias para “matar um homem de maneira furtiva”. Este segmento do livro tem todos os atributos que fazem dele uma excelente reprodução da sensação de estar no meio do campo de batalha, mesmo que sacrifique um pouco o desenvolvimento dos personagens. Aqui Guerra Sem Fim tem comparações óbvias com outro sci-fimilitar, o clássico de Robert A. Heinlein, Tropas Estelares. Felizmente, Haldeman não cai nas mesmas armadilhas de ter sua obra confundida com propaganda (não me entenda errado, Tropas Estelares é ótimo, mas tem seus defeitos) e logo assume a responsabilidade se espelhando em Mandella, um jovem estudante de física (assim como o autor) indignado com o caminho tomado pela humanidade.

O que teria acontecido se tivéssemos nos sentado e tentado nos comunicar? (p. 111)

Chegando na segunda parte, Haldeman toma seu tempo e foca nas relações do protagonista. Por conta da relatividade na física das viagens interestelares, há uma dilatação temporal que afeta os soldados. Na sua primeira visita de volta para Terra, Mandella nota que uma década se passou durante sua ausência, mesmo que para ele tenha sido menos da metade disso. Ele visita sua mãe e passa mais tempo com Marigay, uma companheira de campo. Para sua infelicidade tudo está diferente: o crime aumentou, a saúde é precária, houve uma “Guerra do Racionamento”, e uma nova forma de controle da natalidade o deixa confuso. É como se Mandella fosse o alienígena em sua própria terra.

Fica evidente como o autor tem uma facilidade para manter uma consistência narrativa, isso sem contar a habilidade para implementar termos técnicos de forma orgânica, muitos baseados em táticas militares. Há uma sequencia gráfica e realista envolvendo uma contagem regressiva, logo na primeira parte da obra, que eu não duvido ter sido influenciada diretamente por algum acontecimento dos tempos de guerra do autor. Cada baixa da equipe é sentida com um peso e uma dolorosa sinceridade. E talvez o mais impressionante seja a coragem de Haldeman, ainda no auge do debate sobre a guerra (o livro saiu em 1974), em criticar o comportamento dos norte-americanos no Vietnã, com toda destruição desenfreada que não se importou com as crianças e as mulheres inocentes. O primeiro encontro com os taurianos é a mais assustadora e realista tradução disso.

A escolha de dedicar uma parte do livro na perspectiva de Mandella tentando compreender a vida na Terra é uma que nem todo autor pensa em inserir, achando que o público está interessado apenas na ação. Mas como o drama não é o forte de Haldeman, há tropeços. O retorno do protagonista tem alguns bons diálogos e construção de personagem, mas é um pouco difícil digerir a forma quase cômica na qual ele mostra o aumento da criminalidade, dando a sensação de termos um saqueador em cada esquina. No entanto, é também nesse ponto do livro que o personagem reflete sobre a morte e a trivialidade com a qual ela é tratada em campo.

No século 20, estabeleceu-se, para satisfação de todos, que “eu estava apenas seguindo ordens” era uma desculpa adequada para condutas desumanas. (p. 111)

Outra coisa que deve ser considerada, provavelmente a maior, seja a abordagem do autor sobre sexo e sexualidade. É claro que o contexto sempre deve ser levado em conta, como a mentalidade da época, então é esperado ver pensamentos do protagonista como “Porque pegamos as mais cansadas quando estamos com fogo e as mais fogosas quando estamos cansados?”. A maior questão surge mesmo quando Mandella revela seu lado homofóbico, o que felizmente é mencionado e corrigido pelo personagem aos poucos. O controle de natalidade da Terra só é possível por conta da dominância de cidadães homossexuais. É inteligente de Haldeman fazer um tratamento mais acolhedor das pessoas, o que entra em outra crítica ao jeito que o exército trata os gays, mas incomoda um pouco vê-los tendo atitudes efeminadas quase caricatas em alguns momentos. A versão brasileira lançada pela editora Aleph traz uma introdução, do próprio Haldeman, sobre isso. Ele admite não ter a tido a sutileza necessária para tocar no assunto, “Em Guerra Sem Fim, há sexo gay, é claro, mas normalmente entre mulheres ou entre homens efeminados. Minha única desculpa é que era assim que eu via o mundo, na época em que escrevi”.

Guerra Sem Fim é considerado, merecidamente, um clássico da ficção científica militar. Você encontra elementos da obra em várias mídias, seja em filmes como Interestelar e Nascido Para Matar, ou até mesmo no episódio Men Against Fire, da série Black Mirror. Haldeman desenvolve uma narrativa devastadora sobre manipulação e as cicatrizes da guerra. É uma leitura essencial para conhecer um dos trabalhos mais influentes do gênero e relembrar uma das maiores manchas da história.

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Racestari 06/09/2019

Um p@#a livro!
Que livro gostoso de ler. Achei muito bom o livro e no começo dele se mencionam as circunstâncias e época de seu lançamento, o que nos faz relevar eventuais idéias homofobias e curtir a viagem.
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