Bianca 07/07/2015
“Don’t stop believing.../ Living just to find emotion”
Em certos momentos de nossa vida somos rejeitados ou incompreendidos por aqueles que nos cercam. O motivo que nos leva a essa situação são diversos, como uma opinião diferente a respeito de um assunto polêmico, modo de ser e/ou se vestir, os sonhos grandes demais. Na realidade o motivo acaba ficando em segundo plano, pois o que mais importa no momento é o como lidar com isso, e os alunos excêntricos do McKinley escolheram a arte como solução.
O seriado Glee fez tanto sucesso que a Sophia Lowell escreveu um livro oficial da serie contando como tudo começou. No início do livro o clube Glee possuía apenas quatro integrantes: a Tina Cohen-Chang, descendente asiática, insegura e talentosa em decoração; o Artie Abrams, um garoto quieto, receoso e único cadeirante da escola; Kurt Hummel, apaixonado por moda, incompreendido e gay assumido; e Mercedes Jones, com baixa autoestima, voz potente e umas das únicas garotas negras e gordas da escola. Todos eles buscavam acolhimento no clube e, de certa forma, popularidade.
Em um lugar onde a hierarquia social não se transforma e o bullying não acaba, o quarteto do Glee recebe desprezo e intimidações dos outros alunos e nenhum investimento da escola. Por conta disso tanto o professor do coral, Sandy, quanto os alunos ficam desmotivados. Esta é a hora em que Rachel Berry aparece, com sua ambição assustadora e conhecimento de arte invejável, querendo pertencer a algum lugar onde seu excepcional talento fosse apreciado. A princípio acontecem muitos desentendimentos que geram mal entendidos, que resultam em um maior drama.
O livro é narrado sempre em terceira pessoa, o que contribui para uma visão ampla da cena, e em cada capítulo há uma nota dizendo onde se passa a cena, permitindo ao leitor uma maneira de se situar na história, além disso os capítulos são médios e concisos. Como vários personagens são protagonistas, é preciso ter um ponto de vista de cada um, mesmo que não seja em primeira pessoa, e não há o que reclamar quanto a isso, pois conseguimos entender o pensamento dos integrantes do clube Glee e de outros alunos do colégio como Finn Hudson, Quinn Fabray e Noah Puckerman; e quatro funcionários do colégio são destacados, mas não tanto quanto os alunos, diretor Figgins, professor William Schuester, a orientadora Emma Pillsbury e a treinadora Sue Sylvester.
Conforme o título já diz, o livro é apenas o início, ou seja, serve para explicar o contexto e os princípios dos problemas, porém não mostra o andamento dos mesmos nem aprofunda as questões que são levantadas. O desenrolar da história nós precisamos acompanhar assistindo o seriado, o que não é ruim, pois a série permite o musical, a imagem formada de tudo e de todos, além de ser longo, o que possibilita a análise e entendimento de diversos temas, como: TOC, homossexualismo, violência, depressão, deficiência física, gravidez, morte, preconceito, traições, debates sobre artes e etc.
Este livro poderia facilmente ser uma das leituras obrigatórias escolares, pois mostra esse período de nossas vidas, então é impossível não se identificar em algum aspecto. Acompanhar a trajetória desses alunos, dentro e fora do Glee, é uma aprendizagem. Conseguimos nos humanizar com eles e perceber o que acontece ao nosso redor. Se não bastasse isso, tanto o livro quanto o seriado são uma dose absurda de ânimo e coragem para qualquer situação que possa aparecer. Posso dizer emocionada que agora eu não vou mais parar de acreditar, porque aprendi com eles que devemos não só acreditar nos nossos sonhos, mas também nas pessoas, por mais que elas não nos deem motivos para isso, acreditar na melhoria do mundo, e , antes de tudo, acreditar em nós mesmos.