Flavinha 22/11/2011
Socorro!!!
Acabo de ler o livro pela segunda vez. E eu não fiz isso porque ache o autor um excelente escritor ou porque a obra seja primorosa. Eduardo Spohr é, sem dúvidas, um fenômeno de vendas e possui um grande potencial. Não. O motivo pelo qual li e reli Filhos do Éden foi porque tentei encontrar respostas para algumas perguntas que me deixaram muito intrigada. Posto algumas delas aqui na esperança de que outros leitores me respondam, por isso, se você ainda não leu o livro, aviso que esse texto CONTÉM SPOILERS!
Antes de mais nada, gosto muito do autor e de seu universo e acho a Batalha do Apocalipse um livro que vale a pena ser lido. Não posso dizer o mesmo de FdE. Eduaro Spohr é um cara fenomenal. Quem o conhece do Nerd Cast sabe que é uma pessoa preparada e inteligentíssima. São poucas as pessoas que tem a capacidade de escrever um livro. Infelizmente, ele ainda é um autor principiante e, tal qual, comete alguns erros básicos. Neste livro, e na ABdA, o narrador continua onisciente e onipresente (uma tendência da literatura clássica do século retrasado), entrando na cabeça de todos os personagens, revelando segredos e estragando as surpresas. Assim, fica mais difícil se apegar à personagem principal, prejudicando o envolvimento com a estória. O autor ainda abusa dos clichês, especialmente os românticos, e das referências gratuitas a outros livros e filmes (como exterminador do futuro e cavaleiros do zodiaco). Metáforas e outras tiradas como "jorrou litros de sangue" ainda poluem o texto, e os palavrões na boca dos demônios demonstram certa imaturidade do autor. A desculpa de estilo nem sempre cola!
Bom, mas vamos ao que interessa. Alguém por favor me explique o seguinte: Kaira e seu guarda-costas tinham a missão de impedir que o anjo branco e sua gangue descobrissem a localização da cidade perdida de Atlantida. Eles tinham o mapa e a pirâmide e o espírito da pobre Raquel, e os inimigos não tinham nada. A missão estava cumprida, certo!? Então o que ela, Denyel e os outros foram fazer na ilha secreta? Por que se arriscar por nada?
Após ler duas vezes, conclui que a resposta mais coerente era: o livro precisava de um final tipo Indiana Jones! Mas tudo me pareceu meio furado. Além de ficar visível que os personagens não tinha nada para fazer lá (reparem que eles ficam meio perdidos, sem saber para onde ir), eles ainda guiam os inimigos (atráves do sinal de um celular em "alto-mar"). Contudo a missão só serviu para apresentar coisas que ficaram previsíveis ao longo do livro, como a "morte e ressureição da heroína" (jornada do heroi), a "morte e redenção" de Denyel e a revelação do traidor no grupo.
Aliás, achei o final do livro meio empurrado, burocrático, e fiquei me perguntando se o autor tinha lido Harry Potter, porque o fim de Kayra foi bem parecido. Ok, tudo é jornada do herói...
Outra pergunta: como é possível que Denyel, um anjo capaz de esconder sua aura depois de tantos anos na Terra não tenha percebido que o guarda-costas de Kayra era um demônio? Essa foi dificil de engolir também. Alias, eu descobri isso quando percebi que o autor entrava muito nos pensamentos de todos os personagens, menos nos do traidor. Ou seja, havia algo a esconder. Por essas e outras é que existe na teoria literária o "narrador oculto", que segue a visão de apenas um personagem de cada vez!
Ainda sobre Denyel, qual era a da moto dele afinal?
E como foi que, após dezenas de milhares de anos, um navio cargueiro de um geólogo encontrou a ilha perdida, se nem os anjos e arcanjos sabiam onde ficava? E se todos os tripulantes da embarcação morreram, como foi que o geólogo, pai da menina Raquel, voltou sozinho para o Brasil?
E quem são os Herdeiros de Atlantida?
Socorro, me ajudem!!!!!!!!!!