Vander0 04/06/2024
A perdição a qual nos convida Borges
A impressionante escrita de Borges nos leva a um tempo sem tempo, a um lugar sem lugar, a um homem que se confunde com a divindade... Não é sem motivo que tantos comentadores associam a escrita do argentino à um labirinto: depois de entrar, você fica perdido em um mundo fora do mundo, ainda que dentro deste mesmo mundo. Mas não se trata de uma perdição qualquer: é uma perdição envolta em beleza e em um instigar-nos a ficar perdido, a continuar perdido esperando que Borges segure nossa mão e nos mostre a saída... uma saída que só poderia ser parte da miragem comum a espaços como um deserto ou a um calabouço. Deus, tempo, morte, guerra, história, memória, fala. É por tais terrenos que Borges constrói uma escrita poderosa e magnânima, atenta e descompromissada, filosófica e intelectual ao mesmo tempo que prosaica, parecendo, por vezes, saída de uma conversa qualquer entre dois senhores no bar da esquina.