spoiler visualizarAlle_Marques 24/12/2023
Como você espera criar uma criança para ser boazinha, obediente, quieta e submissa, e não esperar que ela cresça exatamente assim?
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[...] Reconheço esse tom sonâmbulo e vazio quando vejo na tevê os sobreviventes de um deslizamento de terra ou as vítimas de uma explosão. [...] Penso que quanto maior o trauma, menos adequadas as palavras se tornam, até enfrentarmos o maior de todos os testes, quando apenas o silêncio parece apropriado. [...]
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Engraçado a ideia do autor em tentar retratar a complexidade da natureza humana, a violência e a selvageria, retratando o mundo como se existissem apenas dois opostos, como se as pessoas fossem ou gato ou rato, ou dominante ou dominado, ou submisso ou insubordinado, ou caça ou caçador, como se o mundo só existisse preto e branco, 8 ou 80, e não, a realidade não é tão simples assim, existem outros animais por aí, o mundo não é divido apena entre os que fazem bullying e os que sofrem com ele.
O sofrimento que ambas, mãe e filha, passam é doloroso e incomodo, o sofrimento delas é palpável e dá pra entender os “motivos” que a levam a fazer o que fazem, mas nada disso justifica. Violência não justifica mais violência e um crime não justifica outro.
O autor termina o livro com a ideai equivocada de que: “tá, nós viramos gatos, então tudo vai ficar bem agora”. E não, não é bem assim, “gatos” são as pessoas violentadas que só conseguem dar mais violência e vivem em constate estado de alerta, vivem como se o mundo fosse só sofrimento, violência e perigo e não, não é bom e nem saudável ser um “gato” e elas não estão melhores como “gatos” do que estariam como “ratos” como o autor dá a entender.
Ninguém evolui e fica bem ou melhor pela dor, elas apenas passam a se contentar com a sobrevivência e esquecem que existe a vida.
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20° Livro de 2023, 26ª Resenha de 2023
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