marcelaataide 09/05/2024
a cruel redoma de vidro de sylvia plath.
esther greenwood, ou sylvia plath ? embora eu não saiba, e não tenha como saber, o quanto de sua autobiografia foi transmitida no livro ?, foi inicialmente encarada por mim como uma personagem tediosa e até meio cruel em certos momentos, e era tamanha minha antipatia por ela que não consegui manter uma velocidade de leitura tão boa quanto gostaria. é só no final do livro que me peguei questionando se talvez essa característica não tenha sido colocada de propósito. talvez o intuito fosse descrever a si mesma como uma pessoa terrível, chata, uma zé-ninguém com nada a contribuir, para que assim fosse ?justificado? seu suicídio. quem sabe fosse exatamente essa a ideia, e só me atentei a isso depois do que acontece com joan. esther, que fazia tanta questão de mostrar sempre um significativo desdém por ela, sente sua morte, mesmo que sutilmente, e rebemos então um resquício da verdadeira ela.
além disso, parte da minha raiva pela protagonista veio do quanto me identifiquei com ela. a redoma de vidro ? cruel e assassina como um louco que coloca aos mãos em volta do seu pescoço e, sabendo que você não consegue gritar, aperta-o com mais força de minuto a minuto, prolongando o sofrimento mudo ao qual te submete ? de esther assemelhava-se assustadoramente à minha. desde às pequenas alusões da doença até seu pico depressivo, me senti extremamente conectada ao sofrimento dela.
um grande livro! sensível e muito realista.