Paula 20/06/2012Um amor que muda o mundo"O filho de mil homens" foi a primeira obra de Valter Hugo Mãe que tive o prazer de ler. Fui indicada e não me decepcionei; me surpreendi, aliás.
A obra conta diversas histórias simultâneas que se entrelaçam no decorrer dos capítulos. Crisóstomo, um humilde pescador já no auge de seus quarenta anos, sonha em encontrar um filho para chamar de seu. Sozinho, sem amor e sentindo-se extremamente perdido, ele pede à natureza que lhe envie um menino para que possa cuidar e dedicar todo um amor que tem estocado dentro de si. Eis que a natureza atende seu pedido e, junto com um menino - agora órfão de uma mãe anã e de um pai desconhecido-, presenteia-o com o amor de uma mulher já acabada pelas tristezas da vida. Isaura mostra-se simples e descrente, mas aprende com Crisóstomo que a vida pode mudar num repente e moldar-se de acordo com o que somos. "A felicidade é o que podemos ser".
Dentre esses personagens, temos vários outros que abordam temas como a homossexualidade, o preconceito, a solidão, o abandono e a felicidade de forma simplória.
O livro é de uma sensibilidade incrível, particularmente nunca fiquei tão encantada com a descrição tão perfeita de sentimentos recorrentes no dia a dia. Valter Hugo tem minha admiração e devoção.
Um livro que todos deviam ler. 5 estrelas, sem sombra de dúvida!
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“O Crisóstomo disse ao Camilo: todos nascemos filhos de mil pais e de mais de mil mães, e a solidão é sobretudo a incapacidade de ver qualquer pessoa como nos pertencendo, para que nos pertença de verdade e se gere um cuidado mútuo. Como se nossos mil pais e nossas mil mães coincidissem em parte, como se fôssemos por aí irmãos, irmãos uns dos outros. Somos o resultado de tanta gente, de tanta história, tão grandes sonhos que vão passando de pessoa a pessoa, que nunca estaremos sós.”