Resenhas - O Duelo

rafa_._cardoso 21/01/2022

Gostei, mas estava esperando mais
Sou muito fã dos contos de Anton Tchekhov e fui com uma grande sede a esse pote que é O Duelo.

Achei muito bem escrito a história do casal, os conflitos entre suas diferenças, do saber ouvir em contraposição da necessidade de imposição, o que são temas bem atuais.

A história não se resume a isso, pois há todo o cenário do Cáucaso e seu calor esturricante (para os padrões russos) além, é claro, da tensão entre os dois personagens que gera o título do livro.

Dito isso, confesso que não me apeguei muito ao enredo. Não sei se é porque eu estava esperando muito mais do que recebi ou se a história "se arrasta" umas 30 ou 40 páginas a mais do que estou acostumado com histórias do autor. O fato é que gostei como um todo, mas não foi algo que me tirou um "nossa!", apesar de gostar muito quando o Von Koren descreve o Laiévski (que cara chato é esse Laiévski).

Sandro 14/06/2023

Uma novela russa
Essa novela deixa um gosto sobre a vida e essência do povo russo interiorano na segunda metade do século XVX, ainda na era czarista. Os personagens bem estruturados, cheios de complexidade e nuances. Neles há toda uma himanidade: ódios, luxúria, mentira, engodo, ciúmes, preguiça, piedade, fofoca, preconceitos. Um ótimo livro! Gostei. E o duelo do título é apenas um mote para a mudança.

Jardim de histórias 06/10/2022

Esses Russos...
Na mente, acuada pela dor,
Amargos pensamentos se amontoam;
E em silêncio as lembranças, sem pudor
A sua longa lista desenrolam.
Eu leio a minha vida com horror,
Abomino-a e tremo de pavor,
Às lágrimas lamento meu fracasso,
Mas essas tristes linhas não desfaço.

Púchkin

Com esse poema introdutório, de Alexandr Púchkin, eu faço essa breve resenha do Duelo de Anton Tchekhov. Tchekhov que sempre se destacou por ser um exímio contista e ao mergulhar em uma novela, transporta o seu dinamismo peculiar. Uma história breve com um poder reacionário no campo da reflexão, oferecendo esses paralelos anacrônicos e, ao mesmo tempo podemos perceber um comportamento sincronico. Ivan Laiévski foge com sua amante Nadiéjda Fiódorovna para o Cáucaso em busca de uma vida nova. Acometido pelo tédio de uma vida pacata e sob os olhos conservadores da pequena população local, logo eles são lançados em um contexto repleto de moralidades, hipocrisia, que traz a tona um duelo ideológico que transcende o século XIX e lhe permite a questionar, o que mudou?
Mas,como é que se medem as virtudes dos homens para julgá-los de forma justa? Então, devemos restaurar nossa honra através do duelo?

Isa 19/05/2021

O duelo trata da inexistência do que é certo e errado, de quem é bom ou mal, acabamos por perceber que esses aspectos não são claros e definitivos.

Léo Araújo 17/04/2023

O eterno duelo!
O romance é uma profunda meditação sobre os sentimentos, a razão e ciência e o equilíbrio entre elas, levando em consideração em como as escolhas que fazemos (ou não) na vida podem nos levar a lugares sombrios e sem saída. Não há como fazer uma breve resenha. Tentarei ser suscinto.

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1. A indecisão, falta de comprometimento e o descontrole emocional
Laiévsky é o personagem principal. Vive com sua amante, Nadiédja Fiódorovna e é retratado como um homem melancólico, que está passando por uma crise existencial, incapaz de enfrentar suas próprias emoções.

Um personagem complexo e ambíguo, descrito como inteligente e culto, porém preguiçoso e desmotivado, incapaz de tomar decisões e aceitar as consequências de seus atos. Ele é obcecado por seu próprio descontentamento e desespero, atormentado por sua própria insegurança e vê a si mesmo como vítima das externalidades. Seu pavor é ser visto como um fracassado pela sociedade.

É possível sentir o mesmo sentimento que Laiévsky sente. E ele é contraposto pelo antagonista, VON KOREN...

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2. A razão e a ciência, pura e simplesmente
VON KOREN é apresentado como um zoólogo. É um defensor da teoria darwinista e acredita que a sociedade humana deve ser guiada pelas leis da seleção natural. Ele vê o duelo como uma forma de eliminar indivíduos fracos e inferiores, e se sente justificado em sua posição ao ver Laiévsky como uma ameaça para a ordem social.

No decorrer da história, ele pressiona Laiévsky para enfrentar as consequências de suas ações e se recusa a mostrar compaixão ou empatia em relação a ele.
Von Koren é uma representação vívida das tensões sociais e políticas da Rússia pré-revolucionária. Ele é um defensor da ciência e da razão, mas a aplicação desses princípios na sociedade humana é questionável e até mesmo perigosa.

Von Koren é um exemplo do conflito entre a racionalidade e a emoção, que é uma temática central em "O Duelo". No entanto, temos o equilíbrio entre a razão e emoção no papel de SAMOILENKO...
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3. O bom senso, prudência e ponderação
SAMOILENKO é apresentado como um contraponto ao comportamento egoísta e impetuoso de Laiévsky e Von Koren. Ele é calmo e ponderado em sua abordagem à vida, e isso se reflete em sua profissão como médico, onde busca sempre ajudar as pessoas da melhor forma possível.

Apesar de não ser o personagem principal do livro, Samoilenko é um exemplo de pessoa honesta e confiável, respeitada pelos personagens principais, que acabam se voltando para ele em busca de conselhos e ajuda.

Ele é um amigo próximo de Von Koren e ajuda Liévsky em seus momentos de desespero e confusão. Ele os equilibra, mesmo sofrendo pressões e sendo muito bem representadas pelo seu aspecto físico descrito no decorrer dos conflitos, chegando a ser cômico.
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A escrita de Tchekhov é marcada por sua habilidade em retratar a psicologia humana, com seus personagens sendo retratados com profundidade e empatia.

O local em que Laiévsky e Von Koren se encontram é uma metáfora para o isolamento emocional e a falta de conexão que os personagens enfrentam em suas vidas.

Tchekhov usa a natureza como pano de fundo para refletir o estado emocional dos personagens. E o balançar desse barco acaba misturando essas emoções e razões que em determinado momento necessita de um elemento que os equilibra, que os separa e os mantem assim.

O livro é uma obra-prima, um exemplo notável da natureza humana e uma reflexão poderosa sobre as escolhas que fazemos na vida.

@eleeoslivros 01/06/2022

um livro o que me surpreendeu positivamente, uma leitura fluída e gostosa.
quem pensa em clássicos pensa "nossa é chato". mas esse não!

Alice1720 08/12/2023

Um duelo não tem um vencedor
Esta novela de Tchekhov, por meio da apresentação de personagens complexos e relações interessantes entre eles, amplia o tema do duelo para além do campo marcado por alguns passos de distância e duas pistolas que se apontam.
Sobre meus pensamentos embolados, me fez pensar... Perante a sociedade o existir não é indiferente. Há normas que regem a consciência e forças que agitam o ser em direção às suas escolhas, e não é possível sair ileso delas. Elas o aniquilarão e o forçarão a finalmente adequar-se ao presente,, ou prolongarão o processo sem fim de esconder de si mesmo que não se é capaz de lutar contra a correnteza. Aqui duelam a verdade da realidade e a mentira do devaneio. Há o duelo entre as ideias dentro de si ou entre dois iguais, ou dois diferentes; o duelo entre a sociedade perante a qual uma falha é exibida e o indivíduo que a comete; o duelo entre as ciências exatas e as humanas; e por fim, o duelo que defende a honra de alguém que se ofendeu por uma afronta. Então se percebe que aquele duelo que potencialmente acaba em morte é muito menos complexo e, no entanto, assustadoramente decisivo, quando a vida não o é. Mas não é pela vida que lutamos?

graziiffraga 18/09/2022

Normal
Essa foi minha primeira obra do autor, justamente porque li pela seleção da TAG Livros. Achei muito legal entender a dinâmica de um autor em uma realidade distante da minha, assim como as descrições dos ambientes. Os conflitos e diferenças entre o casal principal dão um gostinho de "quero mais" e os personagens são bem construídos. O problema é que, pra mim, a estória se arrastou sem necessidade, me confundindo em muitas partes. Não me surpreendeu, ainda por cima.

Rick Shandler 23/03/2024

O duelo - A. P. Tchékhov
Clássico cascudo. São necessárias poucas paginas para ver que estamos lidando com algo diferente. O duelo, assim como todo bom clássico, é avalizado pela mais crítica de todas as curadorias: o tempo. A novela de Tchékhov tem tudo aquilo que um leitor pode esperar da literatura de ponta. Premissa, enredo, personagens, diálogos, reviravoltas, final e muito, mas muito o que se pensar. Baita livro.

Tchékhov é um dos escritores que mais agrada meu gosto literário. Ele já apareceu por aqui com uma coletânea de contos. Se com os contos o autor já tinha ganho minha atenção, com O duelo ela está ratificada. Tchékhov foi um observador da humanidade de sensibilidade ímpar. A forma com que constrói personagens e cria situações capazes de explorar o âmago destes personagens e assim discutir os mais singelos aspectos da experiência humana é pura genialidade.

O duelo é prova desta genialidade. A tônica de Tchékhov neste livro está na dualidade e, no seu extremo, no duelo. Começamos com um duelo de ideias, de conceitos, de visões de mundo. Ciências humanas versus ciências da natureza, abstrato versus o concreto, público versus particular. A dualidade é contraposta nos diferentes personagens que Tchékhov nos apresenta. Então, há um movimento, e o duelo parte de uma ideia exterior para uma ideia interior e a discussão consegue ficar ainda mais interessante.

A questão para de ser a disputa entre pessoas com visões e ideias de mundo opostas e passa a ser a disputa interna de alguém que começa a ver as coisas de forma diferente. O grande duelo do livro não é o papelão protagonizado por Laiévski e Von Korenem com armas em riste. O grande duelo se dá no íntimo dos diferentes personagens. Samoilenko vive constante duelo contra sua própria gentileza. O diácono Pobedov mantém um duelo com a batina. Laiévski dá palco para um duelo de amor e ódio por sua Nadiédja, duelo vencido pelo amor, curiosamente após a descoberta de uma traição. Von Korenem ao ver seu desafeto totalmente reformulado tem suas perigosas ideias ligadas ao darwinismo social também desafiadas para um duelo. E é assim que a história é conduzida.

É na descrição da sutileza destes duelos que Tchékhov constrói sua narrativa. Através destas descrições percebemos, em um primeiro momento, a complexidade do ser humano e, em um segundo momento, a genialidade de Tchékhov em narrar esta complexidade. Tem que ler.

João 24/03/2023

Acho que entregou bastante pela quantidade de páginas que tinha. Ao acabar, desejei que realmente fosse um romance completo.
Quando acabei de ler, o final me deixou um tanto decepcionado, mas depois de pensar sobre, deu uma ótimo desfecho para a história.
Gostei bastante da ambiguidade dos personagens e como eles são representados por diferentes pontos de vistas (apesar de ser em terceira pessoa, os capítulos giram em torno de um personagem ou um grupo).

Vaisussu 14/06/2022

Nada como um bom clássico
Primeiro livro do box de volta ao mundo com clássicos da Tag Livros.
Achei muito bom, história envolvente.
Adorei conhecer um pouco mais da literatura russa.

Diliane1 26/01/2023

Inesperado
Comecei lendo sem muita espectativa. Mas a história me surpreendeu muito e por isso resolvi dar nota 5. Tudo seria tão mais fácil se ao invés do ódio, a gente experimentasse o amor ao próximo.