fairy2 13/02/2024
Observada por Alice
?A Sucessora? nos conta a história de Marina, uma moça do interior do Rio que cuida com a mãe da fazenda que pertenceu a seu pai e bate no peito pra dizer que é quatrocentona, sua família vem desde as colônias e, nossa, era muito mais rica quando houve a escravidão, mas daí veio a abolição e, ah, que pena!, eles ficaram menos ricos (contém ironia). Eis que ela conhece um viúvo quinze anos mais velho, Roberto, os dois ficam loucos um pelo outro, se casam, e o Roberto ? sem um pingo de sensibilidade em seu corpo de novo rico industrial ? leva Marina, agora sua esposa, para viver com ele no palacete (adoro essa palavra) onde vivera anteriormente com a falecida Alice, sua primeira esposa. Afrontosa, Germana, irmã de Roberto, não deixa se cumprir a ordem de tirar o quadro de Alice da sala e é aí que a Marina despiroca e tudo que ela precisa é uma terapia (o que sequer era uma pauta na época). Roberto, ainda sem muita noção/sensibilidade, insere Marina em seu universo de gente rica e chata, bem superficial é verdade, e ninguém sabe calar a boca sobre como a Alice era maravilhosa - uma falta de respeito à Marina e ao luto do viúvo também. Enquanto isso, a Marina se sente entediada e inferior ao universo do marido pois não é de seu feitio dar jantares ou grandes festas, tal qual aquela gente adora, e tal qual fazia a falecida. Entretanto, ao mesmo tempo, Marina se acha muito melhor que os amigos chatos de Roberto (realmente os achei chatíssimos) pois prefere ler e ver o mundo através dos olhos do primo ex-noivo Miguel (que me parece um grande jornalista sensacionalista que por ter sido muito elogiado ao longo da vida acadêmica, acha que nasceu pronto e não aceita críticas). Entre seu pavor à falecida, o tédio pela vida de madame - como se ela já não fosse rica antes - e o amor ao marido, Marina sente-se completamente perdida ao sair da zona de conforto. E o mais engraçado é ela jurando que não há racismo no Brasil e que ela não é como a mãe em relação aos negros - plot twist: ela é, só usa outras palavras.
Eu tinha muita vontade de ler esse livro desde que soube que fora a ?inspiração? para ?Rebecca? (que lerei em breve), e imaginei que para ter gerado um plágio deveria ser excelente. É só razoável. Não gosto da escrita da Carolina Nabuco; é corrida, de detalhes insignificantes que omitem os importantes e, por mais que reflita sua época, me incomoda a maneira que pessoas não brancas - em especial as miscigenadas- são descritas. Foi uma história bem menos dramática do que eu estava esperando e se eu fosse a Daphne DuMaurier (acho que é assim), não perderia meu tempo plagiando, pois não é incrível o bastante para tal.