Pefico 07/02/2011
Sem dúvida, péssimo.
Augusto Cury nos traz esta pérola da literatura brasileira chamada ‘A ditadura da beleza e a revolução das mulheres’. Como alguém interessado em entender melhor sobre questões do misterioso universo feminino e estimulado por uma crítica positiva de uma amiga, pedi este livro de presente. Agora que terminei, preciso ir ao neurologista pra descobrir se houve algum dano permanente.
O autor, logo no prefácio, justifica a brilhante ideia que foi responsável por tornar este livro material para reciclagem dizendo: ‘Preferi escrever (este livro) em forma de ficção, pois sinto necessidade de recriar imagens inesquecíveis que estão na minha mente’. Eu gostaria muito que ele não tivesse sentido a necessidade de escrever ficção, por que então não teria provocado em mim a necessidade de pôr fogo no livro.
A Ditadura da Beleza e a Revolução das Mulheres conta a estória do super psicólogo Marco Polo, que resolve qualquer problema psicológico em quatro sessões (ou seu dinheiro de volta), e Falcão, um filósofo-ex-medigo que nem o escritor sabe direito de onde surgiu. Esses dois homens estão à frente de um movimento de revolução contra a Ditadura da Beleza, uma doença social imposta pela mídia, pelo capitalismo e por todos os outros demônios do século XXI cujo único objetivo é manter as mulheres e adolescentes com baixa auto estima.
E o que mais dói em A Ditadura da Beleza e a Revolução das Mulheres é que debaixo de toda a escrita de péssima qualidade existe um material excelente. Esse material inclui estatísticas sobre a Ditadura da Beleza e informações do próprio autor, que é psiquiatra, relevantes para os interessados em entender melhor essa doença social. Estes dados, aliás, foram certamente o motivo que impulsionou pessoas do Brasil inteiro a ler este livro. Mas o que você ganha ao comprar esta pérola é um monte de personagens pobremente mal construídos, um protagonista que é obviamente o alter-ego do escritor e um plot que poderia ter sido pensado por uma criança de cinco anos que já assistiu todos os filmes da Disney. Tivesse esse livro sido escrito como não-ficção, ele teria vinte páginas, e não duzentas, e seria o tipo de coisa que todo mundo precisa ler de quando em quando para perceber as amarras que limitam nossa auto-estima. Como está, ‘A ditadura da beleza e a revolução das mulheres’ é material pra alimentar aquelas maquininhas de picotar papel.