spoiler visualizarLa Vie En Rose 24/12/2023
Não havia livro melhor para concluir a leitura do que esse na véspera de natal. Como todos os livros que li até o momento do Lewis, comecei com dificuldade até engatar no raciocínio do autor.
O escritor introduz de forma despretensiosa os quatros amores, mas nos conduz com maestria ao final tratando acerca do amor perfeito, o amor de Deus! Terminei em lágrimas, extraordinário!
?
Infinitas marcações, não sei se conseguirei colocar todas por aqui:
?Que nossos afetos não nos matem nem morram? - Donne
?[?] que todo nosso ser é uma vasta necessidade por sua própria natureza; incompleta, preparatória, vazia ainda que desordenada, que clama por Ele, que é capaz de desatar aquilo que está com um amontoado de nós e de atar as coisas que ainda estejam desconectadas?
?[?] a mente humana está muito mais propensa a louvar e depreciar do que a descrever e definir. Deseja fazer de toda a distinção uma distinção de valor?
?Nossa verdadeira jornada em direção a Deus envolve constantemente deixá-la para trás?
?Todas as afeições naturais, inclusive essa, podem tornar-se rivais do amor espiritual, mas podem ser também imitações preparatórias, treinamento (por assim dizer) dos músculos espirituais que a Graça, mais tarde, colocará num serviço superior; assim como as mulheres cuidam de bonecas quando crianças e, mais tarde, cuidam de seus próprios filhos. Haverá ocasião em que será necessário renunciar a esse amor, arrancar o olho direito. Mas você precisa primeiro de um olho;?
?Uma grande parte "do mundo" não nos ouvirá até termos repudiado publicamente muito do nosso passado. Por que deveriam nos ouvir? Gritamos o nome de Cristo, mas cultuamos o falso deus Moloque?
?[?] é a Afeição que cria esse gosto, primeiro nos ensinando a perceber, depois a suportar, a sorrir para, a "curtir" e finalmente a apreciar as pessoas "que estão aí". Foram elas feitas para nós? Não, graças a Deus. Elas são mais estranhas do que você poderia supor e muito mais dignas do que você poderia imaginar?
?Portanto, por trás do amor-Dádiva há uma tarefa pesada. Ele precisa trabalhar sua própria abdicação. Precisamos ter como objetivo ser supérfluos. A hora em que somos capazes de dizer, "Eles não precisam mais de mim", deveria ser nossa recompensa?
?Quando o amor se torna um deus, vira um demônio?
?Aqueles que nada têm, nada poderão repartir; aqueles que estão a caminho de "lugar nenhum" não poderão ter companheiros de viagem?
?Viva e deixe viver?
?Mas, para um cristão não existem coincidências. Um mestre de cerimônias secreto está a trabalhar. Cristo, que disse a seus discípulos "Vocês não me escolheram, eu os escolhi", pode verdadeiramente dizer a cada grupo de amigos cristãos "Vocês não escolheram uns aos outros, eu escolhi vocês uns para os outros". A Amizade não é uma recompensa para nosso discernimento e bom gosto em achar um ao outro. É o instrumento pelo qual Deus revela a cada um as virtudes de todos os outros. Elas não são maiores que as virtudes de outras mil pessoas. Pela Amizade, Deus abre nossos olhos a elas.?
?Homem, agrada teu Criador e fica contente,
E não dá para este mundo nem uma semente?
?Precisamos voltar à Bíblia. O marido é o cabeça da esposa quando ele é para ela o que Cristo é para a Igreja. Ele deve amá-la como Cristo amou a Igreja - e o texto prossegue - e entregou-se por ela (Efésios 5:25). Essa liderança, então, é mais completamente incorporada não no marido que todos nós desejamos ser, mas naquele cujo casamento é mais semelhante a uma crucificação; cuja esposa recebe mais e dá menos, e de forma nenhuma é merecedora dele, e é - por sua mera natureza - menos digna de amor. Pois a Igreja não tem qualquer beleza a não ser aquela que o Noivo lhe dá, e ele não a encontra bela, mas a faz ficar assim. A confirmação dessa terrível coroação deverá ser aparente, não nas alegrias do casamento de algum homem, mas nas suas tristezas, na doença e no sofrimento de uma boa esposa ou nas falhas de uma esposa ruim, em seu cuidado que nunca se desgasta (e jamais é exibido) ou seu perdão inesgotável; perdão, não concordância?
?Da mesma maneira, a nossa "decência e nosso bom senso se mostram pálidas e sem vida ao lado da genialidade do amor. E quando o jardim está em sua glória total, as contribuições do jardineiro para essa glória ainda terão sido escassas, em certo sentido, se comparadas às da natureza.
Sem a vida brotando da terra, sem chuva, luz e calor descendo do céu, ele nada poderia fazer. Quando ele tiver feito tudo, terá apenas encorajado algo aqui, e desencorajado algo ali, poderes e belezas que têm diferentes fontes.
Mas, ainda que pequena, sua participação é indispensável e laboriosa. Quando Deus plantou um jardim, ele colocou um ser humano sobre ele e colocou o ser humano debaixo de Si. Quando Deus plantou o jardim da nossa natureza humana, fez com que florescesse e frutificassem amores que nele crescessem, e também configurou nossa vontade para "vestir" esses amores. Comparado com eles, o jardim é seco e frio. E a não ser que a graça de Deus venha de cima, como a chuva e os raios do sol, usaremos essa ferramenta para um propósito muito limitado. Mas seus servicos laboriosos - em grande parte negativos - são indispensáveis. Se eles foram necessários quando o jardim ainda era um paraíso, quanto mais agora quando o solo se tornou amargo e as piores ervas daninhas são as plantas que melhor crescem nele? Contudo, que nunca nos seja permitido trabalhar com um espírito arrogante e estoico.
Enquanto capinamos e cortamos, sabemos muito bem que aquilo que estamos arrancando e cortando está cheio de um esplendor e vitalidade que nossa vontade racional jamais poderia suprir de si mesma. Liberar esse esplendor, deixar que seja plenamente o que está tentando ser, ter árvores altas em lugar de arbustos retorcidos e maçãs doces em vez de frutas azedas é parte de nosso propósito?
?Seguimos Aquele que chorou sobre Jerusalém e no sepulcro de Lázaro, e que, tendo amado a todos, ainda assim tinha um discípulo a quem ele "amava" num sentido especial?
?Não existe investimento seguro. O simples fato de se amar é uma vulnerabilidade. Ame alguma coisa e seu coração certamente ficará apertado e possivelmente partido. Se quiser ter certeza de que seu coração ficará intacto, não deve oferecê-lo a ninguém, nem mesmo a um animal. Use passatempos e pequenos luxos para envolvê-lo cuidadosamente; evite todas complicações; tranque-o de forma segura no caixão ou ataúde de seu egoísmo. No caixão - seguro, escuro, inerte, sem ar - ele mudará. Não será mais quebrado; se tornará inquebrável, impenetrável e irredimível. A alternativa para tragédia, ou pelo menos para o risco de tragédia, é a condenação. O único lugar fora do céu onde você pode ficar perfeitamente seguro de todos os problemas e perturbações do amor é o inferno?
?Se uma pessoa não é espontânea com seus queridos deste mundo a quem ele vê, é bem mais provável que também não o seja com relação a Deus, a quem ele não vê. Iremos nos aproximar mais de Deus, não ao tentar evitar os sofrimentos inerentes a todos os amores, mas ao aceitá-los e oferecê-los a Ele; lançando fora toda armadura defensiva. Se nossos corações precisam ser quebrados e ele escolher isso como a maneira pela qual deverão ser quebrados, que seja assim?
"Nossas vontades são nossas para fazer com que sejam dele"
?Tudo que não é eterno está eternamente ultrapassado?
?Vemos, assim, pela experiência que não existe benefício nenhum em buscar no Céu conforto terreno. O Céu pode dar conforto celestial; nenhum de outro tipo. E a terra também não pode dar conforto terreno. No longo prazo, não existe nenhum conforto terreno.
O sonho de encontrar nosso destino, aquilo para que fomos feitos, num Céu de amor puramente humano não pode estar correto a não ser que toda a nossa Fé esteia errada. Fomos feitos para Deus. Somente sendo de alguma forma como ele, apenas sendo uma manifestação de sua beleza, misericórdia, sabedoria ou bondade terá qualquer pessoa Amada neste mundo despertado nosso amor. Não é o caso de termos amado as pessoas demais, mas de não entender perfeitamente o que estávamos amando. Também não é o caso de deixar aquilo que nos é tão familiar para estar com um Estranho. Quando virmos a face de Deus, saberemos que sempre o conhecemos. Ele também participa, faz, sustenta e se move momento a momento no interior de todas as nossas experiências do amor inocente.
Tudo de verdadeiro amor nessas experiências era, mesmo no mundo, muito mais dele que nosso, e era nosso somente por ser dele?
?Deus é a nossa verdadeira pessoa Amada?