Carolina 06/04/2022minha estanteCapítulo 5:
?Os amores demonstram que são indignos de tomar o lugar de Deus pelo fato de não poderem até mesmo permanecer o que são e fazer aquilo que prometem fazer sem a ajuda de Deus. [...] Até por causa deles mesmos, devem admitir ser coisas secundárias se quiserem se manter como aquilo que desejam ser [...] pois quando Deus governa um coração humano, ainda que às vezes tenha de remover completamente certas autoridades nativas, Ele frequentemente faz com que outras continuem em seus ofícios.?
?O simples fato de se amar é uma vulnerabilidade. Ame alguma coisa e seu coração certamente ficará apertado e possivelmente partido. Se quiser ter certeza de que seu coração ficará intacto, não deve oferecê-lo a ninguém, nem mesmo a um animal. Use passatempos e pequenos luxos para envolvê-lo cuidadosamente; evite todas complicações; tranque-o de forma segura no caixão ou ataúde de seu egoísmo. No caixão ? seguro, escuro, inerte, sem ar ? ele mudará. Não será mais quebrado, se tornará inquebrantável, impenetrável e irredimível. A alternativa para a tragédia, ou pelo menos para o risco de tragédia, é a condenação. O único lugar fora do céu onde você pode ficar perfeitamente seguro de todos os problemas e perturbações do amor é o inferno.?
?Acredito que a maioria dos amores excessivos e sem lei são menos contrários à vontade de Deus do que uma vida sem amor, que se autoprotege.?
?Contudo, no que diz respeito ao nosso dever cristão, se amamos ?mais? a Deus ou a pessoa amada deste mundo, a questão não se trata da intensidade comparativa de dois sentimentos. A verdadeira pergunta é: a quem (quando a opção chega) você serve, ou escolhe, ou põe em primeiro lugar? A qual exigência sua vontade, no fim das contas, se submete??
?Acredito que Nosso Senhor, no sentido aqui pretendido, ?odiou? a Pedro quando disse ?Retira-te de diante de mim?. Odiar é rejeitar, enfrentar, não fazer concessões à pessoa Amada, quando essa pessoa pronuncia, mesmo que de maneira doce e lastimosa, as sugestões do Diabo. [...] Assim, devemos rejeitar ou desqualificar nosso mais próximos e queridos quando eles estiverem entre nós e nossa obediência ao Senhor.?
?Em Deus não existe fome que necessite ser saciada, somente fartura que deseja se dar. [...] Deus, que de nada necessita, traz amorosamente à existência criaturas completamente supérfluas com a finalidade de amá-las e aperfeiçoá-las. [...] Deus é um ?hospedeiro? que deliberadamente cria seus próprios parasitas; faz de nós aqueles que poderão explorar e ?tirar vantagem? dele. Nisso está o amor. Esse é o paradigma do Amor de Deus, o inventor de todos os amores.?
?Em casos como esse, o Amor Divino não substitui o amor natural ? como se tivéssemos de jogar fora nossa prata para dar lugar ao ouro. Os amores naturais são convocados para se tornar modelos de Caridade enquanto ainda permanecem como amores naturais que são.?
?Deus também participa, faz, sustenta e se move momento a momento no interior de todas as nossas experiências do amor inocente. Tudo de verdadeiro amor nessas experiências era, mesmo no mundo, muito mais Dele que nosso, e era nosso somente por ser Dele."